CARTA ABERTA AO PRESIDENTE TRUMP SOBRE AS CONSEQUÊNCIAS DO 11
DE SETEMBRO
por Thierry Meyssan
REDE VOLTAIRE | DAMASCO (SÍRIA) |
30 DE AGOSTO DE 2018
Senhor Presidente,
Os crimes do 11 de Setembro de 2001 nunca foram
julgados no seu país. Estou a escrever-lhe, na qualidade de cidadão francês, o
primeiro que denunciou as incoerências da versão oficial e abriu o debate
mundial sobre a investigação dos verdadeiros culpados.
Quando somos jurados de um tribunal criminal,
devemos determinar se o suspeito que nos é apresentado, é culpado ou não, e, em
caso afirmativo, que sentença lhe deve ser aplicada. Quando testemunhamos os
acontecimentos do 11 de Setembro, a Administração Bush Jr. afirmou que o culpado
era a Al-Qaeda e que o castigo seria a derrubada daqueles que a ajudaram: os
Taliban afegãos, depois o regime iraquiano de Saddam Hussein.
No entanto, muitas pistas atestam a impossibilidade
desta tese. Se fôssemos jurados, declararíamos objectivamente, os Taliban
afegãos e o regime de Saddam Hussein inocentes deste crime. É claro que não
saberíamos quem é o verdadeiro culpado e isso frustrar-nos-ia. Mas não
concebemos condenar pessoas inocentes por esse crime, porque não soubemos ou
não pudemos, encontrar os culpados.
Todos nós compreendíamos que altas personalidades estavam
a mentir, quando o Secretário da Justiça e o Director do FBI, Robert Mueller,
revelaram os nomes dos 19 presumíveis piratas do ar. Pois já tínhamos diante de
nós, as listas divulgadas pelas companhias de aviação da totalidade dos
passageiros embarcados; listas em que nenhum desses suspeitos figurava.
A partir daí, ficamos desconfiados do “governo de
Continuidade”, o poder encarregado de substituir as autoridades eleitas, caso elas
morram durante um confronto nuclear. Aventamos a hipótese de que esses
ataques mascaravam um golpe de Estado, em conformidade com o método que Edward
Luttwak tinha imaginado: manter a aparência do Executivo, mas impondo uma
política diferente.
Nos dias a seguir ao 11 de Setembro, a
Administação Bush tomou várias decisões:
Ø A criação do Departamento de Segurança Interna/Office
of Homeland Security e o voto para um volumoso Código anti-terrorista elaborado
com bastante antecedência, o USA Patriot
Act. Para os assuntos que a administração designa como "terroristas",
este texto suspende a Bill of Rights/
Declaração de Direitos que fez a glória do seu país. Desequilibra as vossas
instituições. Assegura, dois séculos mais tarde, o triunfo dos grandes proprietários
que elaboraram a Constituição e a
derrota dos heróis da Guerra da Independência, que exigiram que lhe incluíssem a
Bill of Rights.
Ø O Secretário da Defesa, Donald Rumsfeld, criou o Office
of Force Transformation, sob o comando do almirante Arthur Cebrowski. Ele apresentou
imediatamente um plano, concebido de longa data, prevendo controlar o acesso
aos recursos naturais dos países do sul. Exigia destruir estruturas estatais e
vida social em metade do mundo ainda não globalizado. Simultaneamente, o Director
da CIA lançou a "Matriz do Ataque Global", um conjunto de operações
secretas em 85 países, onde Rumsfeld e Cebrowski pretendiam destruir as
estruturas do Estado. Considerando que apenas os países cujas economias estavam
globalizadas, seriam estáveis e que os outros seriam destruídos, os homens do
11 de Setembro colocaram as Forças Armadas USA ao serviço de interesses
financeiros transnacionais. Eles traíram o seu país e fizeram dele o braço
armado desses predadores.
Nos últimos 17 anos, vimos o que dá aos seus
concidadãos, o governo dos sucessores daqueles que redigiram a Constitution e que se opuseram, sem
êxito, nessa altura, à Bill of Rights : os ricos tornaram-se super-ricos,
enquanto a classe média foi reduzida a um quinto e a pobreza aumentou.
Também vemos a implementação da estratégia Rumsfeld-Cebrowski:
as denominadas “guerras civis” devastaram a maior parte do Médio Oriente Alargado.
Cidades inteiras foram varridas do mapa desde o Afeganistão até à Líbia,
passando pela Arábia Saudita e pela Turquia, que, todavia, não estavam em
guerra.
Em 2001, só dois cicadãos dos Estados Unidos da América denunciaram as
incoerências da versão Bush, dois promotores imobiliários: o democrata Jimmy
Walter, que foi forçado a exilar-se, e o Senhor, que, em breve entrou na política
e foi eleito presidente.
Em 2011, vimos o comandante da AFRICOM ser
dispensado da sua missão, em benefício da NATO, por se recusar a apoiar a Al-Qaeda
a fim de derrubar a Jamahiriya Árabe Líbia. Depois, vimos a LANDCOM da NATO,
organizar o apoio ocidental aos jihadistas em geral e à Al-Qaeda em particular,
para derrubar a República Árabe Síria.
Assim, os jihadistas, considerados os “combatentes da
liberdade” contra os soviéticos, depois
como “terroristas” no 11 de Setembro, tornando-se nos aliados do Estado Profundo
(Deep State) que eles nunca deixaram de ser.
Também temos assistido, com imensa esperança, à sua
acção para suprimir, um a um, todo o apoio aos jihadistas. É com a mesma
esperança que o vemos hoje dialogar com o seu colega russo a fim de restaurar a
vida no devastado Médio Oriente Alargado. E é com uma preocupação equivalente que
vemos Robert Mueller, que se tornou Procurador especial, continuar a destruição
da sua pátria, ao atacar a sua posição.
Senhor Presidente, não só o Senhor e os seus
compatriotas sofrem com a diarquia estabelecida no seu país desde o golpe de 11
de Setembro, mas o mundo inteiro é uma vítima dessa mesma diarquia.
Senhor Presidente, o 11 de Setembro não é uma
história antiga. É o triunfo dos interesses transnacionais que hoje esmagam não
só o seu povo, mas toda a Humanidade que aspira à liberdade.
Thierry Meyssan
Thierry Meyssan abriu o debate mundial sobre os
verdadeiros responsáveis pelo 11 de Setembro. Trabalhou como analista político
ao lado de Hugo Chavez, Mahmoud Ahmadinejad e Mouamar Kadhafi. Presentemente, é
um refugiado político na Síria.
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