Pages

Saturday, April 28, 2018

PT -- GUERRA NUCLEAR: 2.9 A Bomba secreta de Israel – Parte 2







MANLIO DINUCCI

GUERRA NUCLEAR

O DIA ANTERIOR


De Hiroshima até hoje:

Quem e como nos conduzem à catástrofe




2.9 A Bomba secreta de Israel – Parte 2

Poucos dias depois, Israel rejeita a resolução 487 com a qual, em 19 de Junho de 1981, o Conselho de Segurança das Nações Unidas lhe ordena, entre outras coisas, de colocar todas as suas instalações nucleares sob a jurisdição da IAEA. Rejeita também as cinco resoluções que a Assembleia Geral emite, entre 1981 e 1989, sobre o armamento nuclear israelita. Na resolução de 15 de Dezembro de 1989  (44/121), a  Assembleia Geral «reitera a sua condenação à recusa de Israel em renunciar à posse de armas nucleares; exprime profunda preocupação pelo facto de Israel continuar a produzir, desenvolver e adquirir armas nucleares e a experimentar os seus transportadores; convida todos os Estados e organizações que não o haviam ainda feito, a não cooperar mais com Israel e a não lhe dar assistência no campo nuclear; pede, mais uma vez, que esse Estado coloque todas as instalações nucleares sob a alçada da jurisdição da Agência Internacional da Energia Atómica; reitera o seu pedido para que a IAEA suspenda toda e qualquer cooperação com Israel, que possa contribuir para a sua capacidade nuclear; pede, mais uma vez, ao conselho de Segurança, para tomar medidas urgentes e eficientes para que Israel se adapte à resolução 487 do mesmo Conselho». Nada disto acontece.

Para abrir uma brecha no muro de silêncio e conivência que esconde os segredos (que agora, na verdade, já não existe) de Dimona, não é uma grande potência mas um pequeno homem. É um técnico israelita, na ocasião com cerca de trinta anos, Mordechai Vanunu, que trabalha de 1976 a 1985, nas instalações nucleares de Dimona. Quando, depois de algum tempo, percebe que se produzem armas nucleares, Vanunu decide recolher provas, conseguindo, também, tirar algumas fotografias. Depois de ter deixado Dimona, em 1986, gradua-se em Filosofia e converte-se à religião anglicana. Decide, então, tornar públicas as provas recolhidas. Vai para Londres, onde contacta o jornal The Sunday Times. A redacção, antes de publicar o testemunho, fá-las examinar por alguns dos maiores peritos de armas nucleares.

Frank Barnaby, um físico nuclear que trabalhou no centro de pesquisas britânico sobre armas nucleares, depois de ter entrevistado Vanunu, na tentativa de encontrar alguma lacuna científica no seu depoimento, concluiu: «O seu testemunho é completamente convincente». Theodore Taylor, que trabalhou no projecto da primeira bomba americana e, em seguida, dirigiu o programa de experiências de armas nucleares do Pentágono, depois de ter examinado as provas de Vanunu, declara: «O programa israelita de armas nucleares é notavelmente mais avançado do que quanto foi indicado em qualquer relatório ou conjectura precedente». Estes e outros peritos calculam que Israel tinha fabricado, até àquele momento, 100-200 armas nucleares, com uma potência global, dez vezes maior, do que a estimada anteriormente.

The Sunday Times decide publicar as provas na edição de 5 de Outubro de 1986. Mas, antes de Vanunu ver o seu testemunho publicado, a mão comprida do Mossad, o serviço secreto israelita, apanha-o em Londres: uma mulher bonita marca-lhe um encontro em Roma, em 30 de Setembro de 1986. Quando, em 5 de Outubro, The Sunday Times  publica com o título «Revelado: os segredos do arsenal nuclear de Israel» e o relatório contendo as provas, Mordechai Vanunu já tinha sido transportado para Israel. Aqui, enquanto estava dentro de um automóvel, consegue escrever na mão «fui raptado em Roma» e, premindo-a contra o vidro da janela, faz ler a mensagem aos jornalistas. O tribunal israelita condena-o, em Março de 1988, a 18 anos de reclusão. Três meses depois, a magistratura italiana encerra o caso do seu rapto em Roma «por falta de provas».

A seguir:
2.9 A Bomba secreta de Israel – Parte 3



Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos

No comments:

Post a Comment

Note: Only a member of this blog may post a comment.