Rumsfeld forneceu a tecnologia nuclear a
Pyongyang
de Manlio Dinucci
O «segredo» dos EUA. O Ministro Donald
Rumsfeld alerta os bombardeiros atómicos contra a Coreia do Norte a quem
o próprio - quando era Director da ABB -
forneceu a tecnologia nuclear.
5 de Fevereiro de 2003
“Donald H. Rumsfeld desconfia da Coreia do Norte",
diz a legenda da foto publicada ontem, no The New York Times juntamente com o
artigo em que se anuncia que, "o Secretário da Defesa alertou 24
bombardeiros de longo alcance, para uma possível formação ofensiva à distância
de tiro da Coreia do Norte ". Isto para evitar que a Coreia do Norte
aproveite o “momento em que Washington está concentrado no Iraque”, para
acelerar o seu programa nuclear: Pyongyang – informa a CIA - procurou
construir armas nucleares, obtendo tecnologias e instalações para usar
aparentemente para fins civis, mas, na verdade, é para fins militares. Ao mesmo
tempo, a ordem de Rumsfeld de activar os bombardeiros estratégicos serve para
“dar ao Presidente opções militares, se a diplomacia não conseguir bloquear os
esforços da Coreia do Norte em produzir armas nucleares”. Então, os
funcionários do Pentágono tinham razão, quando disseram ao Los
Angeles Times, em 1 de Fevereiro, que “o Secretário de Defesa, Donald
Rumsfeld, apesar de estar a preparar uma possível guerra contra o Iraque, está
imerso na crise norte coreana”. Na verdade, Donald Rumsfeld está mergulhado
mais do que se pensa.
A história começa quando – depois de ser Secretário da
Defesa, na administração Ford, em 1975-77 e, em 1983-84, Conselheiro do
Presidente Reagan para os sistemas estratégicos nucleares e enviado especial
para o Médio Oriente - Donald Rumsfeld faz parte, em 1996, do Conselho de
Administração da ABB
(Asea Brown Boveri) Ltd., líder em tecnologias de produção
e automação de energia, com sede na Suíça e afiliada em mais de 100 países na
Europa, Ásia, Médio Oriente, África e Américas. A participação da Rumsfeld no
Conselho de Administração da ABB é evidente, a partir da biografia oficial
publicada pela NATO e do anúncio oficial da ABB (Eleição dos membros do
Conselho de Administração da ABB e do Presidente do Conselho, Zurique, 28 de
Fevereiro de 1996), em que se salienta que Rumsfeld ocupou o prestigioso cargo
de Secretário de Defesa dos Estados Unidos.
Nem três meses depois do antigo Secretário da Defesa ter
entrado no Conselho de Administração da ABB, o Departamento de Energia dos EUA
(DOE), anuncia, em 16 de Maio de 1996, ter "autorizado a ABB Combustion
Engineering Nuclear Systems (C-E), uma subsidiária integral da ABB (Asea Brown
Bovery) Inc., com sede em Connecticut, a fornecer uma ampla gama de
tecnologias, equipamentos e serviços para o projecto, construção, gestão de
operações e manutenção de dois reactores nucleares a serem construídos na
Coreia do Norte (a DOE aprova o envolvimento dos EUA na construção de reactores
na Coreia do Norte, 16 de Maio de 1996).
Embora estes dois reactores civis sejam de tipo água
leve, o Departamento de Energia dos EUA - não é só responsável pela energia
nuclear civil, mas também pela produção de armas nucleares – sabe que também
podem ser usados para fins militares : Reactores térmicos como esses, que
trabalham com urânio enriquecido em 4-5%, produzem plutónio utilizável para a
construção de armas nucleares. Além do mais, o conhecimento e a tecnologia
fornecidos também podem ser úteis para o desenvolvimento de um programa nuclear
militar.
Tudo isso também é do conhecido de Donald Rumsfeld, por
ter sido Secretário da Defesa e assessor do Presidente para sistemas
estratégicos nucleares. No entanto, ele exerce, seguramente, a sua influência
para conceder à ABB a autorização oficial dos EUA para fornecer tecnologia
nuclear à Coreia do Norte, embora a mesma seja suspeita de possuir um programa
nuclear militar.
Em 2000, a ABB pode concluir dois contratos, no valor de
200 milhões de dólares com a Coreia do Norte, para a “projecção, construção e
fornecimento de componentes para dois reactores nucleares de 1.000 megawatts” (ABB
para entregar sistemas, equipamentos para ascentrais nucleares da Coreia do
Norte, Zurique, 20 de Janeiro de 2000) . No momento do contrato,
Rumsfeld ainda está no Conselho de Administração da ABB, do qual se demite
quando assume o cargo de Secretário de Defesa, no governo Bush, em 20 de
Janeiro de 2001. A sua demissão é anunciada pela ABB cerca de um mês depois (ABB
announces proposed Board, share split, Zurigo, 19febbraio 2001).
Agora o próprio Rumsfeld alerta os bombardeiros contra a
Coreia do Norte, acusada de usar os reactores e o material cindível para
construir armas nucleares. O estado de alerta, declarou o Pentágono, foi
decidido na véspera da reunião de emergência da Agência Internacional de
Energia Atómica, que, em 12 de Fevereiro acusará a Coreia do Norte de violar o
Tratado de Não Proliferação Nuclear. Enquanto se está a preparar a guerra
contra o Iraque, inicia-se assim, a crise que poderá resultar na guerra
seguinte. Enquanto isso, a possível colocação, na ilha de Diego Garcia, no
Oceano Índico, de 12 aviões B-52 e mais 12 caças B-1, bombardeiros
convencionais estratégicos de dupla capacidade, onde estão a ser estabelecidos
os bombardeiros B-2 Spirit para atacar o Iraque, permite ao Pentágono não
só ameaçar a Coreia do Norte, mas também aumentar a força aérea a usar contra o
Iraque. O mesmo Iraque que o próprio Donald Rumsfeld ajudou eficazmente, na
guerra contra o Irão, quando em 1983-84, desempenhava o cargo de enviado
especial do Presidente Reagan, no Médio Oriente (il manifesto, 20-8-2002).
É uma das suas especialidades, primeiro ajuda os
"Estados desonestos" e depois ataca-os.
Fonte
Tradutora:
Maria Luísa de Vasconcellos
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