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Thursday, March 8, 2018

PT -- GUERRA NUCLEAR: 4.10 A expansão da NATO para Leste, em direcção à Rússia


MANLIO DINUCCI



“Copyright Zambon Editore”


GUERRA NUCLEAR
O PRIMEIRO DIA
De Hiroshima até hoje:
Quem e como nos conduzem à catástrofe


4.10  A expansão da NATO para Leste, em direcção à Rússia

No mesmo ano – em 1999 – em que lança a guerra contra a Jugoslávia e anuncia querer «conduzir operações de resposta às crises, não previstas no Artigo 5, fora do território da Aliança», a NATO inicia a sua expansão para Leste

A mesma engloba os três primeiros países do antigo Pacto de Varsóvia: Polónia, República Checa e Hungria.

Em seguida, em 2004, estende-se a outros sete países: Estónia, Letónia, Lituânia (já parte da URSS); Bulgária, Roménia, Eslováquia (já parte do Pacto de Varsóvia; Eslovénia (já parte da Federação Jugoslava). Na cimeira de Bucareste, em Abril de 2008, fica decidida a entrada da Albânia, no ano seguinte (antigo membro do Pacto de Varsóvia) e Croácia (já parte da Federação Jugoslava).

Ao fazê-los entrar na NATO, Washington liga pouco estes países à Aliança, mas, sim, directamente aos EUA. A Roménia e a Bulgária colocam de imediato à disposição dos Estados Unidos, as importantes bases militares de Costanza e Burgas, no Mar Negro.

A República Checa garante a disponibilidade do seu território para deslocação de rampas de mísseis do «escudo anti-missil» USA.

A Lituânia, antes mesmo de entrar na NATO, começa a adquirir armamentos norte-americanos, a partir de 60 mísseis Stinger, num valor de 30 milhões de dólares.

A Polónia compra, em 2002, 48 caças F-16 da empresa bélica americana, Lockheed Martin e, para pagá-los, utiliza um empréstimo feito aos EUA de quase 5 biliões de dólares(com interesses não só financeiros, mas, também, políticos).

Sob a orientação de Washington, a Bulgária procede a uma drástica purga nas suas forças armadas, eliminando milhares de oficiais (considerados não totalmente confiáveis) para substitui-los por 2.000 oficiais jovens e fidedignos, formados por instrutores americanos e capazes de falar um óptimo inglês, de facto, americano.

Deste modo, os EUA reforçam ainda mais, a sua influência na Europa. Dos dez países da Europa Central e Oriental, que entram na NATO, entre 1999 e 2004, sete entram na União Europeia, entre 2004 e 2007: à União Europeia, que se alarga para Leste, os EUA sobrepõem a NATO, que se estende igualmente para Leste, na Europa. O verdadeiro objectivo da operação, é revelado pelos funcionários do Pentágono: os dez países da Europa Central e Oriental entrados na NATO – como eles declaram em 2003 - «estão a assumir posições relevantes pró-EUA – reduzindo eficazmente a influência das potências da velha Europa, como a Alemanha e a França. Assim, revela-se claramente, o desenho estratégico de Washington: incentivar os novos membros do Leste, para estabelecer na NATO relações de força ainda mais favoráveis aos Estados Unidos e, assim, isolar a «velha Europa» que poderia, um dia, tornar-se autónoma.

A expansão da NATO, para Leste, além do mais, tem outras implicações. Englobando não só os países do Pacto de Varsóvia, mas também as três repúblicas bálticas que, em tempos, fizeram parte da URSS, a NATO chega às fronteiras da Federação Russa. Não obstante as garantias de Washington sobre as intenções pacíficas da NATO, ela constitui uma ameaça, também nuclear, para a Rússia.

Para tranquilizar a Rússia, a NATO afirma «não ter intenções, nem planos, de instalar armas nucleares nos territórios dos novos membros» da Europa Central e Oriental.  Quanto vale esse compromisso, demonstra o facto da NATO, depois de ter prometido solenemente, não manter unidades de combate no território dos países da Europa Central e Oriental, no processo de entrar ou já entrados na Aliança, logo a seguir usa a base aérea húngara de Taszar, como o principal centro logístico das forças americanas a operar nos Balcãs.

O compromisso de não instalar armas nucleares nos países da Europa Central e Oriental é desmentido pelo facto de que, entre as armas nucleares mantidas pelos EUA, na Europa, no quadro da NATO, estão  «bombas nucleares para aviões de dupla capacidade». Visto que os aviões deste tipo, como os F-16 da Força Aérea dos EUA e os 48 comprados pela Polónia, estão em funcionamento nos países da Europa Central e Oriental que entraram na NATO, a sua presença nestas bases avançadas, constitui uma ameaça nuclear potencial, nas fronteiras da Rússia.

 A seguir: 


CAPÍTULO 5

A ENCENAÇÃO DO DESARMAMENTO

5.1  As armas nucleares e o«escudo anti-míssil» na reestruturação das forças dos EUA

Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos



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