MANLIO DINUCCI
GUERRA NUCLEAR
O DIA ANTERIOR
De Hiroshima até hoje:
Quem e como nos conduzem à catástrofe
2.8 Os tratados sobre mísseis anti-balísticos e da limitação das armas estratégicas
É nesta fase que, em 26 de Maio de 1972, os EUA e a União Soviética assinam o Tratado dos Mísseis Anti-Balísticos (ABM), que proíbe a distribuição de sistemas de mísseis destinados a interceptar os mísseis balísticos intercontinentais. A razão do tratado é clara: se uma das duas partes conseguisse realizar sistemas capazes de interceptar e destruir os mísseis da outra, iria adquirir uma vantagem nítida, pois que, nesse ponto, podia lançar um ataque surpresa, confiante sobre a capacidade dos próprios sistemas anti-míssil de neutralizar ou atenuar os efeitos de uma eventual represália da parte do país atingido. O Tratado, que entra em vigor em 1976, permite, a cada uma das duas partes, instalar uma única bateria de mísseis de intercepção, em volta da capital ou de uma única área onde se encontram as rampas de lançamento dos mísseis balísticos intercontinentais com base em terra (ICBM).
Igualmente, em 26 de Maio de 1972, os EUA e a URSS assinam um acordo, provisoriamente, sobre a limitação das armas ofensivas estratégicas (SALT I) , comprometendo-se a não construir outras rampas de lançamento de ICBM e a limitar as dos mísseis balísticos lançados do mar. Ao SALT I, segue-se o SALT II , assinado em 18 de Junho de 1979, com o qual os EUA e a URSS se empenham a efectuar reduções imediatas. O SALT II não foi ratificado. As duas partes, enquanto nos anos oitenta se acusam, uma à outra, de não respeitar o acordo, mas, comprometem-se, verbalmente, a limitar as suas próprias armas ofensivas.
Como demonstração de quanto valem esses compromissos, em 1982 os EUA aumentam a produção das bombas de neutrões, elevando para 2.200, o seu número global no arsenal dos EUA e na NATO; e, em 1986, começam a distribuir uma nova geração de mísseis balísticos intercontinentais, os Peacekeeper, cada um armado com 10 ogivas nucleares independentes. Dois anos depois, em 1988, a União Soviética começa a distribuir os novos ICBM RT-23/ SS-24 Scalpel (segundo a denominação da NATO), sobre rampas lançadoras móveis que circulam continuamente, ao longo de uma rede ferroviária de 145.000 km.
Em 1986, o arsenal soviético atinge um máximo, superior a 40.000 armas nucleares, em confronto com as 23.000 dos EUA. Naquele momento, a Grã-Bretanha e a França possuem, cada uma, 350. A China tem 220. O arsenal mundial chega assim ao nível máximo de 65.000 armas nucleares. Fazem parte do mesmo, as armas nucleares de um sexto país – Israel – que, sem declará-lo, possui já, em 1986, meia centena de armas nucleares.
A seguir:
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
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