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Saturday, April 28, 2018

PT -- GUERRA NUCLEAR: 3.2 A «maleta nuclear»

MANLIO DINUCCI

“Copyright Zambon Editore”


GUERRA NUCLEAR
O DIA ANTERIOR
De Hiroshima até hoje:
Quem e como nos conduzem à catástrofe


3.2  A «maleta nuclear»

 O perigo da situação explosiva deriva dos mesmos procedimentos do emprego de armas nucleares, definido no decurso da Guerra Fria.

Os mísseis balísticos intercontinentais, uma vez lançados, levam 3-5 minutos para acelerar na fase ascensional, 8-10 minutos para atingirem o apogeu fora da atmosfera, 20 minutos para percorrer o trajecto intermédio, durante o qual as ogivas nucleares se separam.  Então, elas tornam a entrar na atmosfera, empregando 30 segundos, na fase terminal, para atingir os objectivos à velocidade de 28.000 km/h. Cerca de 30 minutos depois do lançamento, as ogivas explodem sobre os objectivos a mais de 10.000 km de distância.

Dado estes tempos muito curtos, o Presidente dos Estados Unidos, onde quer que vá, é acompanhado de um oficial que leva a «maleta nuclear». O oficial, que está sempre a poucos passos do presidente, tem de ter a patente «Yankee White», que é concedida depois de um rigorosíssimo exame à vida pessoal do candidato, dos familiares e dos amigos, que devem ser absolutamente imunes a qualquer influência estrangeira.

A «maleta nuclear» contém um rádio satélite que funciona continuamente e o SIOP (Single Integrated Operational Plan) Decision Book, um manual ilustrado com o plano de guerra nuclear  e o procedimento para lançar os mísseis. Dado que o primeiro SIOP foi denominado em código, «Dropkick» - o pontapé de ricochete, no futebol americano, que faz passar a bola sobre a trave da baliza adversária – a «maleta nuclear» é chamada por brincadeira, «Football». O manual do «Football», explica ao Presidente, Comandante Chefe das Forças Armadas, quais são as opções para o ataque nuclear. Ele pode escolher um ou mais dos seguintes objectivos no país inimigo: as forças nucleares, as forças convencionais, a liderança militar e política, os centros económicos e industriais. Mas também há uma quinta opção: a de usar, numa crise regional, as armas nucleares contra um inimigo que ataca as Forças Armadas americanas com armas convencionais (não-nucleares).

O manual, redigido pelos Chefes do Estado Maior reunidos, o orgão militar supremo, permite ao Presidente não ser ele mesmo a lançar os mísseis, carregando em qualquer botão, mas de fazer-se identificar, transmitindo códigos especiais de modo a poder, eventualmente, partilhar a ordem de lançamento aos chefes militares. São estes que têm o verdadeiro controlo dos mísseis nucleares e o poder efectivo de lançá-los. O mesmo acontece nos outros países que possuem armas nucleares.

O tempo para decidir o lançamento dos mísseis nucleares, no caso de um ataque do inimigo ou presumido como tal, é tão breve que torna impossível uma decisão política ponderada. Menos de 30 minutos, quando os satélites militares assinalam o lançamento provável de mísseis balísticos intercontinentais da parte inimiga – e menos de 10 minutos, se a lançar está, ou aparenta estar, um submarino avizinhando-se da costa ou uma unidade em posição avançada, com mísseis balísticos de alcance intermédio – os responsáveis políticos dos países sob ataque, verdadeiro ou presumível, devem verificar se é um lançamento real e deliberado, ou um falso alarme ou mesmo um lançamento acidental e decidir lançar os seus próprios mísseis nucleares.

No entanto, são também as chefias militares a ter a palavra decisiva, porque, admitindo que haja tempo de ponderar a decisão, os responsáveis políticos são chamados a decidir com base na informação fornecida pelos militares. Estes, por sua vez, recebem-na dos sistemas automáticos, tipo radar e sensores de satélites.

Em tal situação, existe a possibilidade real de poder deflagrar uma guerra nuclear acidental, depois de um erro ou acidente. Demonstram-no milhares de falsos alarmes, alguns dos quais muito arriscados.

A seguir 
3.3 Os falsos alarmes de ataque nuclear
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos


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