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Saturday, April 28, 2018

PT -- GUERRA NUCLEAR: 4.4 A reorientação dos Estados Unidos

MANLIO DINUCCI

“Copyright Zambon Editore”


GUERRA NUCLEAR
O DIA ANTERIOR
De Hiroshima até hoje:
Quem e como nos conduzem à catástrofe


4.4  A reorientação dos Estados Unidos

A nova estratégia acaba de ser oficialmente anunciada, seis meses depois do fim da guerra do Golfo, na National Security Strategy of the United Sates (Estratégia da Segurança Nacional dos Estados Unidos), publicada pela Casa Branca, em Agosto de 1991. «A luta amarga que dividiu o mundo durante duas gerações chegou ao fim (anuncia o documento estratégico assinado pelo Presidente Bush). O colapso do domínio soviético na Europa Oriental, significa que a Guerra Fria acabou, que a sua questão crucial se resolveu. Estamos a entrar numa nova era, cujo perfil seria inimaginável há três anos. Esta nova era oferece grande esperança, mas esta esperança deve ser temperada pela incerteza ainda maior que temos pela frente. A guerra do Golfo recordou com força, que ainda há no mundo fontes autónomas de turbulência».

«A crise do Golfo, sublinha o Presidente Bush – mostrou do que hoje é capaz, a comunidade mundial e, no próprio acto de enfrentar esse desafio, a comunidade mundial reforçou-se. Espero que a crise do Golfo fique na História como o cadinho da nova ordem mundial». Como deve ser o molde da nova ordem mundial, está anunciado no mesmo documento: «A liderança americana é indispensável. [...] Devemos não só proteger os nossos cidadãos e os nossos interesses, mas  contribuir para criar um novo mundo no qual os nossos valores fundamentais não só sobrevivam, como também floresçam. Devemos trabalhar com os outros, mas devemos também ser um líder. [...] Não obstante, o emergir de novos centros de poder, os Estados Unidos permanecem o único Estado com uma força, um fluir e uma influência em cada dimensão – política, económica e militar – realmente global.[...]Nos anos noventa, assim como durante grande parte deste século, não existe nenhum substituto para a liderança americana. A nossa responsabilidade, também na nova era, é imprescindível e de importância fundamental».

O trabalho de esclarecer quais são as verdadeiras finalidades da nova estratégia americana, que, nos documentos da Casa Branca e do Pentágono, devem permanecer necessariamente implícitas, é confiado a uma comissão do Pentágono, a qual, sob a supervisão do Subsecretário Paul D. Wolfowitz, em estreito contacto como o Presidente, redige em Fevereiro de 1992, um documento interno: Defense Planning Guidance for the Fiscal Years 1994-1995 (Guia da Planificação da Defesa para os Anos 1994-1995).

Depois de ter definido a guerra do Golfo como «o primeiro conflito depois da Guerra Fria, um acontecimento determinante na liderança global dos Estados Unidos», o documento sublinha que «no Médio Oriente, na Asia Meridional e Ocidental, o nosso objectivo geral é o de permanecer a potência estrangeira predominante e preservar o acesso americano e ocidental ao petróleo da região. [...] Como foi demonstrado pela invasão iraquiana do Kuwait, torna-se de importância fundamental, impedir que uma potência preponderante ou uma coligação de potências domine a região». Essa estratégia será adoptada em todas as «regiões críticas para a segurança dos Estados Unidos, as quais compreendem a Europa, a Ásia Oriental, o Médio Oriente, a Ásia Meridional e Ocidental e o território da antiga União Soviética. Temos em jogo interesses importantes também na América Latina, Oceania e na Africa Subsahariana».

De um modo geral, o documento explica, «O nosso principal objectivo é impedir o aparecimento de um novo rival, ou sobre o território da antiga União Soviética ou noutro lugar, que apresente ser uma ameaça da ordem como a que era assumida, anteriormente, pela União Soviética. A nova estratégia requer que trabalhemos a fim de impedir que qualquer potência hostil, domine uma região cujos recursos sejam suficientes, se controlados rigorosamente, para gerar uma potência global. Tal estratégia deve ser implementada nas fronteira não só de «qualquer potência hostil, mas também nos «países industriais avançados, para dissuadi-los de desafiar a nossa liderança ou de procurar derrubar a ordem política e económica constituída. Finalmente, devemos manter os mecanismos para desencorajar as potencias competidoras a aspirarem, igualmente, a uma posição suprema, regional ou global.

A seguir:
4.5  A reorientação estratégica da NATO
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos

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