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Monday, July 16, 2018

PT -- Manlio Dinucci -- A Arte da Guerra -- O Establishment USA por trás da Cimeira de Helsínquia


A Arte da Guerra
O Establishment USA por trás da Cimeira de Helsínquia 

Manlio Dinucci

“Temos de discutir sobre tudo, do comércio aos assuntos militares, aos mísseis, à energia nuclear, à China”: assim fez a sua estreia, o Presidente Trump, em 16 de Julho, na Cimeira de Helsínquia. “Chegou a hora de falar detalhadamente sobre as nossas relações bilaterais e sobre os  pontos nevrálgicos internacionais”, salientou Putin. Mas, não são só os dois presidentes, a decidir quais serão, no futuro, as relações entre os Estados Unidos e a Rússia. 
Não é coincidência que, assim que o Presidente dos Estados Unidos estava prestes a reunir-se com o Presidente da Rússia, o Procurador especial, Robert Mueller III, incriminava 12 russos sob a acusação de manipularem as eleições presidenciais nos EUA, penetrando nas redes de computadores do Partido Democrata para prejudicar a candidata Hillary Clinton. Os doze, acusados de serem agentes do serviço secreto GRU, são oficialmente denominados “Os Conspiradores” e indiciados por “conspiração contra os Estados Unidos”.
Na mesma altura, Daniel Coats, Director da National Intelligence  e principal Conselheiro do Presidente sobre esta matéria, acusou a Rússia de querer “minar os nossos valores básicos e a nossa democracia”. Lançava, assim, o alarme sobre a “ameaça dos ataques cibernéticos alcançarem um ponto crítico” semelhante ao que precedeu o 11 de Setembro, da parte não só da Rússia, “o agente estrangeiro mais agressivo”, mas também da China e do Irão. 
Ao mesmo tempo, em Londres, os “investigadores” britânicos comunicavam que o serviço secreto russo GRU, que sabotou as eleições presidenciais nos Estados Unidos, é o mesmo que em Inglaterra envenenou um antigo agente russo, Sergei Skripal, e a sua filha, inexplicavelmente sobreviventes a um gás extremamente letal. O objectivo político destas “investigações” é claro: sustentar que o chefe dos “Conspiradores” é o Presidente russo, Vladimir Putin, com quem o Presidente Trump se sentou à mesa das negociações, apesar da vasta oposição bipartidária nos USA.
Após a incriminação dos “Conspiradores”, os Democratas pediram a Trump para cancelar o encontro com Putin. Mesmo que não tenham conseguido, permanece forte a pressão deles sobre as negociações. O que Putin tenta obter de Trump é simples, mas, ao mesmo tempo, complexo: aliviar a tensão entre os dois países. Para esse fim, Putin propôs a Trump e este aceitou, uma investigação conjunta sobre a “conspiração”.
Não se sabe como se desenvolverão as negociações sobre as questões cruciais: o estatuto da Crimeia, a condição da Síria, as armas nucleares e outras. Nem se sabe o que Trump vai perguntar. No entanto, é certo que toda concessão pode ser usada para acusar Trump de conivência com o inimigo.  Não só os Democratas (que, com uma inversão dos papéis formais, desempenham o papel dos “falcões”), mas também muitos Republicanos, incluindo representantes destacados da própria Administração Trump, opõem-se abertamente, a um afrouxamento da tensão com a RússiaÉ o 'Establishment' não só nos USA, mas também na Europa, cujos poderes e lucros estão ligados às tensões e às guerras. 

Não serão as palavras, mas os factos a demonstrar se a atmosfera descontraída da Cimeira de Helsínquia se tornará realidade. 

Acima de tudo, uma não escalada da NATO na Europa, isto é, a retirada das forças nucleares USA/NATO enviadas contra a Rússia e o bloqueio da expansão da NATO para Leste.
Ø  Mesmo que fosse alcançado um acordo entre Putin e Trump sobre estas questões, seria este último (Trump) capaz de concretizá-lo?
Ø  Ou será que, na realidade, essas mesmas questões serão decididas pelos poderosos círculos do complexo militar-industrial?
Uma coisa é certa: quer em Itália, quer na Europa, não podemos permanecer meros espectadores de negociações das quais depende o nosso futuro.
il manifesto, 17 de Julho de 2018
NO WAR NO NATO


Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos

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