Reunião dos Ministros da Defesa , no Quartel General da NATO,em Bruxelas: a 3 e 4 de Outubro de 2018
A Arte
da Guerra
Além de bombas, mísseis nucleares USA em Itália?
A B61-12, a nova bomba
nuclear USA que substitui a B-61, inserida em Itália e noutros países europeus,
começará a ser produzida em menos de um ano. Anuncia oficialmente a Administração
Nacional de Segurança Nuclear (NNSA). Informa que, concluído com sucesso a
revisão do projecto final, este mês começam na Pantex Plant no Texas, as
actividades de qualificação da produção, a qual será autorizada a ter início em
Setembro de 2019.
Em Março de 2020, entrará
em funções a primeira unidade de produção, ou seja, começará a produção em
série de 500 bombas. A
partir desse momento, isto é, dentro de um ano e meio, os Estados Unidos
começarão a instalar em Itália, Alemanha, Bélgica, Holanda e, provavelmente, noutros
países europeus, em posição contra a Rússia, a primeira bomba nuclear do seu
arsenal com um sistema de orientação que a conduz com precisão e dotada de
capacidade penetrante para explodir no subsolo e assim, destruir os bunkers dos
centros de comando. Dado que a Itália e os
outros países, violando o Tratado de Não Proliferação, disponibilizam aos EUA,
bases, pilotos e aviões para a instalação da B61-12, a Europa estará exposta a um
risco maior, como primeira linha do crescente confronto nuclear com a Rússia.
Ao mesmo tempo, apresenta-se
uma situação ainda mais perigosa: o regresso dos mísseis europeus, ou seja,
mísseis nucleares semelhantes aos utilizados na década dos anos 80 pelos Estados
Unidos na Europa (também em Itália), com a motivação oficial de defendê-la dos
mísseis soviéticos. Esta categoria de mísseis
nucleares de alcance intermédio (entre 500 e 5500 km), com base em terra, foi
eliminada pelo tratado INF de 1987. No entanto, em 2014, a Administração Obama
acusou a Rússia de ter experimentado um míssil de cruzeiro ( 9M729) da categoria
proibida pelo Tratado. Moscovo nega que este míssil viola o tratado INF e, por
sua vez, acusa Washington de ter instalado, na Polónia e na Roménia, rampas de lançamento de mísseis (as do “escudo”),
que podem ser usadas para lançar mísseis de cruzeiro com ogivas nucleares.
A acusação feita por
Washington a Moscovo, não apoiada por nenhuma prova, permitiu aos Estados
Unidos lançar um plano destinado a instalar novamente, na Europa, mísseis
nucleares de alcance intermediário com base em terra. A Administraçãp Obama já
havia anunciado, em 2015, que “perante a violação da Rússia do Tratado INF, os
Estados Unidos estão a considerar a instalação na Europa, de mísseis com base
em terra”. O plano foi confirmado pela Administração Trump: no ano fiscal de
2018, o Congresso dos EUA autorizou o financiamento de “um programa de pesquisa
e desenvolvimento de um míssil de cruzeiro lançado do solo a partir de uma
plataforma móvel, a circular em estrada”. O plano é apoiado pelos aliados
europeus da NATO.
O recente Conselho do
Atlântico Norte, ao nível de Ministros da Defesa, no qual participou em
representação da Itália, Elisabetta Trenta (M5S), declarou que “o tratado INF
está em perigo devido às acções da Rússia", acusada de implantar “um
sistema de mísseis desestabilizador, que constitui um sério risco para a nossa
segurança”. Daí a necessidade de que “a NATO mantenha forças nucleares seguras,
confiáveis e eficientes” (o que explica por que razão os membros da Aliança rejeitaram
o Tratado da ONU sobre a Proibição das Armas Nucleares).
Prepara-se, assim, na
Europa, o terreno para o acolhimento de mísseis nucleares norte-americanos de
alcance intermédio com base em terra, perto do território russo. É como se a
Rússia instalasse no México, mísseis nucleares destinados aos Estados Unidos.
NO WAR NO NATO
Manlio Dinucci
Geógrafo e geopolitólogo. Últimas obras publicadas: Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’arte della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016, Guerra Nucleare. Il Giorno Prima 2017; Diario di guerra Asterios Editores 2018.
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