Pepe
Escobar, jornalista e correspondente de várias publicações internacionais
"Para
o desespero dos neocons estadunidenses, toda a fúria e som combinada do 11/09 e
a Guerra Global ao Terror/Operação de Contingenciamento Ultramar, em menos de 2
décadas, acaba em metástases representadas não somente por um rival mas também
na parceria estratégica Rússia-China. Esse é o 'inimigo' real – não a Al-Qaeda,
uma mera invenção do imaginário da CIA, reabilitada e higienizada na forma de 'rebeldes
moderados' na Síria", escreve o correspondente Pepe Escobar
11 de
setembro de 2019, 22:55 h Atualizado em 12 de setembro de 2019, 13:06
Por
Pepe Escobar, no Asia
Times
Tradução
de Regina Aquino
Após
anos de reportagens sobre a Grande guerra ao terror, muitas questões permanecem
pendentes.
O
Afeganistão foi bombardeado e invadido por causa do 11/09. Eu estava lá desde o
começo, bem antes do 11/09. Em 20 de Agosto de 2001, eu entrevistei o
comandante Ahmad Shah Massoud, o “Leão do Panjshir *“, que me contou sobre a
aliança profana entre o Talibã, a al-Qaeda e o ISI (Inter-Services
Intelligence, o serviço de Inteligência paquistanesa).
De
volta a Peshawar, eu fiquei sabendo que algo realmente grande estava para
acontecer: meu artigo foi publicado pelo Asia Times em 30 de Agosto. O
comandante Massoud foi morto em 9 de Setembro: eu recebi um e-mail sucinto de
uma fonte em Panjshir, afirmando somente, “atiraram no comandante”. Dois dias
depois, o 11/09 aconteceu.
E
ainda, no dia anterior, ninguém mais que Osama bin Laden, em pessoa, esteve num
hospital Paquistanês, em Rawalpindi, recebendo tratamento, como foi relatado
pela CBS. Bin Laden foi proclamado o autor do atentado já as 11h da manhã no
dia 11/09 – com absolutamente nenhuma investigação. Não deveria ser exatamente
difícil localizá-lo no Paquistão e “trazê-lo para a Justiça”.
Em
dezembro de 2001, eu estava em Tora Bora rastreando bin Laden – debaixo de
bombas B-52 e lado a lado com combatentes Pashtun (**). Mais tarde, em 2011, eu
revisitaria o dia em que bin Laden desapareceria para sempre.
Um ano
após o 11/09 , eu estava de volta ao Afeganistão para uma investigação mais
profunda sobre o assassinato de Massoud. Até aquele momento era possível
estabelecer uma conexão Saudita: a carta de apresentação dos assassinos de
Massoud, que se colocaram como jornalistas, foi fornecida pelo comandante
Sayyaf, um ativo saudita.
Por 3
anos minha vida girou em torno da Guerra Global ao Terror; a maior parte do
tempo eu vivia literalmente na estrada, no Afeganistão, Paquistão,Irã, Iraque,
o Golfo Pérsico e Bruxelas. No começo do “Choque e Pavor” no Iraque, em Março
de 2003, o Asia Times publicou minhas abrangentes investigações na qual os
neo-cons arranjaram a guerra no Iraque.
Em
2004, errante pelos EUA, eu re-rastreei a viagem do Talibã para o Texas, e como
uma prioridade máxima, desde os anos Clinton todo o caminho até os neo-cons,
era sobre o que eu havia batizado como “Oleodutistão” - nesse caso como
construir o gasoduto Turmequistão-Afeganistão-Paquistão (TAPI) contornando Irã
e Rússia e estendendo o controle estadunidense na Ásia Central e Sul.
Mais
para frente, eu passei a examinar as difíceis questões que a Comissão do 11/09
nunca respondeu, e como a campanha de re-eleição de Bush estava totalmente
condicionada e dependente do 11/09.
Michael
Ruppert, um informante da CIA, que pode – ou não – ter cometido suicídio em
2014, era um dos principais analistas do 11/09. Nós trocamos um monte de
informação e sempre enfatizando o mesmo ponto: Afeganistão era tudo sobre a
(existente) heroína e o ( não-existente) gasoduto.
Em
2011, o tardio, grande Bob Parry desmascararia mais mentiras sobre o
Afeganistão. E em 2017, eu detalharia a principal razão do porque os EUA nunca
deixarão o Afeganistão: a rota da heroína.
Agora,
o Presidente Trump pode ter encontrado um possível acordo Afegão – o qual o
Talibã, que controla dois terços do país, são obrigados a recusar, o que
permitiria recolher somente 5 mil soldados estadunidenses dos 13 mil atuais.
Mais ainda, o “Deep State” estadunidense é absolutamente contra qualquer acordo
assim como a Índia e o raquítico governo de Kabul.
Porém
Paquistão e China são a favor, especialmente porque Pequim planeja incorporar
Kabul no Corredor Econômico China-Paquistão e já admitiu Afeganistão como
membro da Organização de Cooperação de Xangai, portanto agregando as montanhas
Hindu Kush e a Passagem de Khyber para o vindouro processo de integração da
Eurásia.
Rezando
por um Pearl
Dezoito
anos depois do ato mudança-do-jogo, nós permanecemos reféns do 11/09. Os
neocons estadunidenses, reunidos em torno do Projeto para o Novo Século
Americano, vinham rezando por um “Pearl Habour” para reorientar a política
externa estadunidense desde 1997. Suas preces foram atendidas para muito além
de seus mais selvagens sonhos.
Já em
“O grande tabuleiro de Xadrez”, também publicado em 1997, um ex-consultor de
Segurança Nacional e co-fundador da Comissão Trilateral Zbigniew Brzezinski,
nominalmente um não neocon, tem salientado que o público Americano “ apoiou o
envolvimento amplo da América na segunda Guerra Mundial por causa do efeito do
choque do ataque dos Japoneses a Pearl Habour.
Assim,
Brzezinski acrescenta, América “ pode achar mais difícil formar um consenso em
temas de política externa, exceto em circunstâncias de verdadeiramente massiva
e de ampla percepção de ameaça externa direta.”
Como
um ataque a terra natal, o 11/09 gerou a Guerra Mundial ao Terror, iniciada as
11h da noite desse mesmo dia, inicialmente batizada com “ A Longa Guerra” pelo
Pentágono, mais tarde higienizada como Operação de Contingenciamento Ultramar
pela administração Obama. Tem custado trilhões de dólares, matando mais de meio
milhão de pessoas e se ramificado em guerras ilegais contra sete nações
muçulmanas – tudo justificado por “razões humanitárias” e alegadamente apoiada
pela “comunidade internacional”.
Ano
após ano, o 11/09 é essencialmente um ritual cerimonial Você Tem o Direito de
Aceitar Somente a Versão Oficial , mesmo que a evidência generalizada sugira
que o governo estadunidense sabia que o 11/09 aconteceria e não o parou.
Três
dias após o 11/09, Frankfurter Allgemeine Zeitung relatou que em Junho de 2001,
a Inteligência Alemã alertou a CIA que terroristas do Oriente Médio estavam
“planejando sequestrar uma aeronave comercial para usar como arma para atacar
importantes símbolos da cultura Americana e Israelense.”
Em
Agosto de 2001, o Presidente Putin ordenou a Inteligência Russa para avisar ao
governo Estadunidense “nos mais fortes termos possíveis” de ataques eminentes a
aeroportos e prédios governamentais, a MSNBC revelou numa entrevista com Putin
transmitida em 15 de Setembro desse ano.
Nenhuma
agência governamental estadunidense liberou qualquer informação sobre quem usou
conhecimento prévio do 11/09 no mercado financeiro. O Congresso estadunidense
nem mesmo tocou no assunto. Na Alemanha, o jornalista investigativo de finanças
Lars Schall trabalha por anos num estudo intenso detalhando a grande extensão
de informações privilegiadas antes do 11/09.
Enquanto
o NORAD dormia
Desacreditada
a narrativa oficial e imutável do 11/09, permanece um último tabu. Centenas de
arquitetos e engenheiros envolvidos numa meticulosamente desmitificação técnica
de todos os aspectos da estória oficial do 11/09 foram sumariamente dispensados
como “ teoristas conspiradores”.
Em
contraponto, o ceticismo enraizado na tradição Grega e Latina surge com,
provavelmente, o melhor documentário sobre o 11/09: Zero, uma produção
italiana. Assim como, seguramente o mais estimulante livro sobre o 11/09 é
também italiano: O Mito de 11 de Setembro, por Roberto Quaglia, que oferece
delicadas nuances narrativas do 11/09 como um mito estruturado, como num filme.
O livro foi um sucesso imenso na Europa Oriental.
Questões
sérias sugerem suspeitas bastante plausíveis a serem investigadas relativas ao
11/09 para além dos 19 Árabes com caixas de facas. Dez anos atrás, no Asia
Times, eu perguntei 50 questões, algumas delas extremamente detalhadas, a
respeito do 11/09. Depois das demandas e sugestões de leitores, acrescentei
outras 20. Nenhuma dessas questões foram convincentemente abordadas – sequer
respondidas - pela narrativa oficial.
A
opinião pública mundial é levada a acreditar que na manhã de 11/09, quatro
aviões comerciais, presumivelmente sequestrados por 19 árabes portando caixas
com facas, viajaram sem ser incomodados – por duas horas – através do mais
controlado espaço aéreo do planeta, o qual é supervisionado pelo mais
devastador aparato militar existente.
O vôo
11 da American Airlines foi desviado de seu caminho as 8:13 da manhã e se
chocou com a torre do World Trade Center as 8:57. Somente as 8:46 o NORAD – o
Comando de Defesa Aeroespacial Norte Americano - ordenou que dois
interceptadores F-15 decolassem da base militar Otis.
Por
uma curiosa coincidência um exercício de guerra do Pentágono estava em ação
naquela manhã do 11/09 – por isso os controladores de radar podem ter
registrados somente “sinais fantasmas” de aeronaves não existentes simulantes
um ataque aéreo. Bem, isso é muito mais complicado do que parece, como
demonstraram pilotos profissionais.
‘O
Anjo era o próximo’
A
opinião pública mundial também foi levada a acreditar que um Boeing 757 – com
uma largura de uma ponta a outra das asas de 38 metros – foi dirigido para
penetrar o Pentágono através de um buraco de seis metros de abertura na altura
do chão. Um Boeing 757 com trem de aterrissagem abaixado tem 13 metros de
altura. São aeronaves que se recusam a chocar com o chão – por isso é uma
façanha convencer alguém a voar a 10 metros do chão, com o trens de pouso
abaixados, e a uma velocidade de 800 quilômetros por hora.
De
acordo com a narrativa oficial, o Boeing 757 literalmente pulverizou-se. Mesmo
que antes da pulverização, foi dirigido para perfurar seis paredes dos três
anéis do Pentágono, fazendo um buraco de dois metros de abertura na ultima
parede e danificando levemente os segundo e terceiros anéis. A narrativa
oficial é que esse buraco foi causado pelo nariz do avião – ainda firme após a
pulverização. E o resto do avião – uma massa de 100 toneladas viajando a 800
quilômetros por hora - miraculosamente parou no primeiro anel.
Tudo
isso aconteceu sob a administração de um certo Hani Hanjour, que 3 semanas
antes foi avaliado por seus instrutores de voo como incapaz de pilotar um
Cessna. Hanjour, entretanto, gerenciou a aeronave para alcançar uma
ultra-rápida espiral descendente de 270 graus, alinhando-a a 10 metros, no
máximo, do chão, calibrando minuciosamente a trajetória e mantendo uma
velocidade de cruzeiro em torno de 800 quilômetros por hora.
As
9:37 da manhã, Hanjour atinge precisamente o escritório de análise de orçamento
do Pentágono, aonde todo mundo trabalhava freneticamente num misterioso
desaparecimento de nada menos que $2,3 trilhões, que o Secretário de defesa
Donald “Conhecido Desconhecido” Rumsfeld, numa entrevista coletiva de imprensa
no dia anterior, disse que não poderia ser monitorado. Assim, não foi só o
Boeing que se pulverizou dentro do Pentágono.
A
opinião pública mundial foi também dirigida a acreditar que a física Newtoniana
estava suspensa como um bônus especial para o WTC 1 e 2 no 11/09 (sem mencionar
o WTC 7, que nem mesmo foi atingido por uma aeronave). O vagaroso WTC levou 10
segundos para cair 411 metros, começando da imobilidade. Ou seja, ele caiu 148
quilômetros por hora. Considerando o tempo de aceleração inicial, ocorreu uma
queda livre, não impedida por um maciço de vigas verticais de aço que compunham
a estrutura central da torre.
A
opinião pública mundial foi também dirigida a acreditar que o voo 93 da United
Airlines – 150 toneladas de aeronave com 45 pessoas, 200 lugares, bagagens, com
38 metros de comprimento de uma asa a outra – espatifou-se num campo na
Pensilvânia e também literalmente, pulverizou-se, desaparecendo totalmente
dentro de um buraco de 6 metros por 3 metros de abertura e dois metros de
profundidade.
De
repente, o Air Force One era “o único avião nos céus.” O coronel Mark Tillman
que estava a bordo lembrou : “Recebemos um relato de que existe uma mensagem
dizendo que “Anjo” será o próximo. Ninguém realmente sabe agora da onde veio o
comentário - isso chegou mal traduzido ou truncado entre a Casa Branca, a Sala
de Crise, os operadores de rádio. “Anjo” era nosso nome código. O fato é que
eles sabiam sobre “Anjo”, bem, você tem que ser do círculo interno.”
Isso
significa que os 19 Árabes com caixas com facas, e a maioria dos seus
mandantes, certamente, tem que ser do “círculo interno”. Inevitavelmente , isso
nunca foi completamente investigado.
Já em
1997, Brzezinski tinha avisado, “ É imperativo que nenhum adversário Eurasiano
emerja com capacidade de dominação da Eurásia e portanto de desafiar a
América”.
No
final, para o desespero dos neocons estadunidenses, toda a fúria e som
combinada do 11/09 e a Guerra Global ao Terror/Operação de Contingenciamento
Ultramar, em menos de 2 décadas, acaba em metástases representadas não somente
por um rival mas também na parceria estratégica Rússia-China. Esse é o
“inimigo” real – não a Al-Qaeda, uma mera invenção do imaginário da CIA,
reabilitada e higienizada na forma de “rebeldes moderados” na Síria.
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Nota
da tradução:(*) a tradução literal do afegão : cinco leões. (**)combatentes da
jihad na zona da fronteira Afeganistão/Paquistão.
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