Por Stephen Lendman
Global Research, 05 de Janeiro 05 de 2020
Região: Médio
Oriente & Norte de África
Tema
Lei e Justiça, Nações Unidas
A relatora especial da
ONU sobre execuções extra judiciais, sumárias ou arbitrárias, Agnès Callamard, criticou o assassínio perpetrado pelo regime Trump, do General iraniano Soleimani, do Vice Presidente iraquiano da PMU, Abu
Mahdi al-Muhandis e de outros que estavam com eles, twittando o seguinte:
“Os homicídios de Qasem
Soleiman e Abu Mahdi Al-Muhandis são muito provavelmente ilegais e violam o
Direito Internacional sobre os Direitos Humanos”.
“Fora
do contexto das hostilidades activas, o uso de drones ou de outros meios para matar
alvos, quase nunca é legal.”
“Outro
grande problema com as mortes extra-territoriais é a falta de supervisão”.
“Os poderes executivos decidem quem pode ser
morto sem o devido processo judicial, quando é que agem em legítima defesa, contra
quem e como. Sem a aprovação dos respectivos parlamentos.”
Pompeo
comentou o assassínio de Soleimani com uma ladainha de Grandes Mentiras,
dizendo:
O
regime Trump “decidiu eliminar Soleimani em resposta a ameaças
iminentes à vida de cidadãos americanos (sic).
“A nossa obrigação foi evitar a escalada
(sic).”
Assassinar
Soleimani foi uma “acção defensiva destinada a combater as ameaças agressivas
utilizadas pela Força Iraniana Quds (sic)”.
Ele
“estava a conspirar activamente na região para levar a cabo acções ... que
colocariam em risco dezenas senão centenas de vidas de americanos(sic)”.
Tudo
o que foi mencionado acima é puro lixo e ninguém que
compreenda como os EUA agem acredita nessas afirmações, isto é, eles agem de acordo com as suas próprias regras e
extra judicialmente, a fim de alcançar os seus objectivos imperiais.
Matar
Soleimani, Muhandis e os que os acompanhavam, foi um assassinato a sangue
frio dos EUA, um crime hediondo e injustificável.
O
Pentágono desculpou ilegitimamente o seu acto criminoso, dizendo o seguinte:
“Sob a direcção de
(Trump), as forças armadas dos EUA tomaram medidas defensivas decisivas para
proteger o pessoal americano no estrangeiro, matando-os” - uma Grande
Mentira, seguida de mais mentiras, afirmando falaciosamente:
Soleimani
“comandou ataques a bases da coligação no Iraque, nos últimos meses
(sic)”.
“Este ataque teve como
objectivo impedir futuros planos de ataque iranianos.”
"Os
Estados Unidos continuarão a tomar todas as medidas necessárias para proteger o
nosso povo e os nossos interesses onde quer que estejam, em todo o mundo
(sic). ”
A
agressão levada a cabo pelo regime Trump e pelos seus mais recentes
predecessores transformou
centenas de milhões de muçulmanos em inimigos dos EUA, além de inúmeros outros,
em todo o mundo - tornando os EUA o país mais insultado do mundo.
Em toda a História da
República Islâmica, desde 1979, as autoridades e
chefias militares nunca ordenaram um
ataque a outra nação ou aos respectivos oficiais.
Pompeo não apresentou
provas que apoiassem as suas acusações absurdas porque não existem.
Sempre que António Guterres
comenta incidentes como o assassínio de Soleimani e outras acções hostis dos
EUA, da NATO e de Israel, ele apela sempre a todos os lados para mostrarem contenção - deixando de evidenciar a culpa onde ela pertence.
Depois
de não dizer nada durante horas após a agressão patrocinada pelo regime de
Trump contra Soleimani e os que o acompanhavam, o seu porta-voz emitiu a sua
observação pré-escrita, dizendo:
“O Secretário Geral tem defendido
consistentemente a não escalada no Golfo (sic). Está profundamente preocupado
com a recente escalada (sic). ”
“Este
é o momento em que os líderes devem exercer a máxima restrição (sic). O mundo
não pode permitir que haja outra guerra no Golfo (sic). ”
“O mundo” precisa de um Chefe da Organização mundial com coragem moral, e não de um boneco pró-ocidental
covarde – manipulado pelos poderes mais influentes em Washington, Bruxelas e Tel
Aviv.
O líder do Hezbollah,
Sayyed Hassan Nasrallah, pediu “a punição dos assassinos criminosos do regime Trump”, acrescentando:
É
“o dever e a responsabilidade de todos os combatentes da resistência em todo o
mundo”.
“Nós,
que ficamos ao lado de Soleimani, seguiremos os seus passos e esforçar-nos-emos,
dia e noite, para alcançar os seus objectivos."
“Levaremos
uma bandeira em todos os campos de batalha e em todas as frentes e
intensificaremos as vitórias do 'eixo da resistência' com a bênção do seu
sangue puro.”
O Ministério dos
Negócios Estrangeiros da Síria condenou as agressões
e os assassinatos dos EUA, designando as
suas acções como “uma escalada séria ... um acto covarde de agressão ... que fortalece a nossa determinação
de seguir o caminho dos líderes martirizados da resistência”.
Na
sexta-feira, centenas de milhares de iranianos foram às ruas para condenar o
regime de Trump.
A
longo prazo, as políticas dos EUA são auto-destrutivas, o extremismo típico de
uma nação em declínio.
Quanto
maiores são as suas acções hostis em todo o mundo, mais inimigos eles adquirem.
Comentando
o assassínio de Soleimani, a porta-voz
do Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia, Maria Zakharova, diz o
seguinte:
O
“ataque com mísseis do Pentágono (que matou Soleimani e os outros) foi um acto
que não está em consonância com o Direito Internacional ... o cúmulo do cinismo”
levado a cabo por um Estado imoral.
O
objectivo de Washington tem tudo a ver com fazer valer o Poder sobre o Direito,
procurando “alterar o equilíbrio de poder na região”.
“Não
resultará em nada a não ser escalar tensões crescentes na região, o que,
certamente, irá afectar milhões de pessoas”.
A
acção do regime Trump “não escapará às Nações Unidas”, o Conselho de Segurança irá
abordá-lo: o poder de veto dos EUA/Reino Unido/França impedirá a condenação
oficial.
Matar
Soleimani e o Vice Presidente da PMU do Iraque, Abu Mahdi al-Muhandis e os restantes que os acompanhavam, só irá desestabilizar ainda mais a região.
As
suas mortes nada tinham a ver com a protecção de vidas de cidadãos americanos, mas sim, tudo a
ver com o avanço do Império Americano.
Foi
um acto imprudente e auto-destrutivo que lhes saiu gorado, não conseguindo nada
senão uma raiva popular ainda maior contra os EUA.
Também conduz os parlamentares iraquianos a aprovar uma legislação que ordene a saída das forças americanas do país, o que pode acontecer.
Autor laureado, Stephen
Lendman, vive em Chicago. Pode ser contactado através
do email: lendmanstephen@sbcglobal.net. Pesquisador Associado do Centre for
Research on Globalization (CRG)
Obra mais recente:
“Flashpoint in Ukraine: US Drive for Hegemony Risks WW III.”
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com
Webpage: NO WAR NO NATO
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