MORCEGOS, REPRODUÇÃO GENÉTICA E ARMAS BIOLÓGICAS:
EXPERIÊNCIAS RECENTES DA DARPA FAZEM SURGIR PREOCUPAÇÕES PERANTE OS SURTOS DE
CORONAVÍRUS
Postado por WHITNEY WEBB
A DARPA DESPENDEU, RECENTEMENTE, MILHÕES DE DÓLARES
EM PESQUISAS ENVOLVENDO MORCEGOS E CORONAVÍRUS, BEM COMO NA REPRODUÇÃO GENÉTICA
DE “ARMAS BIOLÓGICAS” ANTES DO RECENTE SURTO DE CORONAVÍRUS. AGORA, OS “ALIADOS
ESTRATÉGICOS” DA AGÊNCIA ESCOLHERAM DESENVOLVER UMA VACINA DE MATERIAL GENÉTICO
PARA IMPEDIR A EPIDEMIA POTENCIAL.
WASHINGTON D.C. – Nas últimas semanas, a preocupação com o aparecimento de um
novo coronavírus na China aumentou, exponencialmente, à medida que a
comunicação mediática, especialistas e funcionários do governo em todo o mundo
se preocupavam abertamente com o facto de que essa nova doença tem o potencial
de se transformar numa pandemia global.
À medida que têm aumentado as preocupações com o
futuro do surto em curso, também aumenta o número de teorias que especulam
sobre a origem do surto, muitas das quais culpam uma variedade de protagonistas
estatais e/ou bilionários polémicos. Inevitavelmente,isto deu origem a esforços
para conter a “desinformação” relacionada ao surto de coronavírus dos
principais meios e das principais plataformas da comunicação social.
No entanto, embora muitas dessas teorias sejam claramente
especulativas, também há evidência verificável sobre o interesse recente de uma
agência governamental polémica dos EUA nos novos coronavírus, especificamente naqueles
que são transmitidos de morcegos para os seres humanos. Essa agência, a Agência
sobre Projectos de Pesquisa Avançada na Defesa, do Pentágono (DARPA), começou a
investir milhões de dólares em tais pesquisas, em 2018, e alguns desses estudos financiados pelo Pentágono foram conduzidos em
laboratórios militares de armas biológicas dos EUA que fazem fronteira com a
China e resultaram na descoberta de dezenas de novos grupos de coronavírus recentemente, melhor dizendo, em Abril do ano
passado. Além do mais, as ligações do principal laboratório de biodefesa do
Pentágono com um Instituto de Virologia em Wuhan, na China - onde se crê que o
começou o surto actual - não foram relatados na comunicação social em língua
inglesa, até ao momento.
Embora a causa do surto permaneça totalmente desconhecida,
as particularidades das experiências recentes da DARPA e do Pentágono são,
claramente, de interesse público, tendo especialmente em consideração que as
empresas recentemente escolhidas para desenvolver uma vacina para combater o
surto de coronavírus são aliadas estratégicas da DARPA. Não só esta
circunstância, mas essas empresas apoiadas pela DARPA estão a desenvolver
vacinas controversas de DNA e mRNA para essa categoria específica de
coronavírus, uma categoria de vacina que
nunca foi aprovada anteriormente para uso humano nos Estados Unidos.
No entanto, à medida que crescem os temores do
potencial pandémico do coronavírus, essas vacinas devem ser lançadas no mercado
para uso público, tornando importante que o público esteja ciente das recentes
experiências da DARPA sobre coronavírus, morcegos e tecnologias de reprodução
de genes e as suas implicações mais alargadas.
Como o surto de coronavírus passou a dominar os
cabeçalhos das notícias das últimas semanas, vários meios de comunicação
promoveram alegações de que o epicentro relatado do surto em Wuhan, na China,
também era o local de laboratórios supostamente vinculados a um programa de
guerra biológica do governo chinês.
No entanto, após um exame mais aprofundado das
fontes dessa alegação grave, estes supostos vínculos entre o surto e um suposto
programa chinês de armas biológicas surgiram de duas fontes altamente duvidosas.
Por exemplo, o primeiro canal a relatar esta
alegação foi a Radio Free Asia, o canal mediático financiado pelo
governo dos EUA, voltado para o público asiático que costumava funcionar de
maneira encoberta pela CIA e nomeado pelo New York Times como uma parte
essencial da “Rede mundial de propaganda” dessa Agência [CIA]. Embora já não
seja administrada directamente pela CIA, agora é administrada pelo Broadcasting Board of Governors (BBG), financiado
pelo governo, que responde directamente ao Secretário de Estado Mike Pompeo, que
era o Director da CIA imediatamente antes de seu cargo actual, à frente do
Departamento de Estado.
Por outras palavras, a Radio Free Asia e
outros meios de comunicação administrados pelo BBG são meios legais para a
propaganda do governo dos EUA. Especialmente, a proibição de longa data do uso
interno de propaganda do governo dos EUA direccionada aos cidadãos dos EUA, que foi levantada em 2013, com a justificação oficial de permitir que o governo “se
comunicasse efectivamente, de maneira credível” e pudesse combater melhor a
“Al-Qaeda e outras influências de extremistas violentos.”
Voltando ao assunto em questão, o recente relatório
da Radio Free Asia sobre as supostas origens do surto estarem vinculadas
a um centro de virologia chinês ligado ao Estado citou, apenas, Ren Ruihong, o
antigo Chefe do Departamento de Assistência Médica da Cruz Vermelha Chinesa,
como o autor desta afirmação. Ruihong foi citado como especialista em vários
relatórios da Radio Free Asia sobre surtos de doenças na China, mas não
foi citado como especialista por nenhum outro meio de comunicação de língua
inglesa.
Ruihong disse à Radio Free Asia o
seguinte:
“É
um novo tipo de coronavírus mutante. Eles não tornaram pública a sequência
genética, porque é altamente contagiosa ... A tecnologia da engenharia genética
chegou a tal ponto agora e Wuhan é o local de residência de um centro de
pesquisa viral que está sob a égide da Academia de Ciências da China, que é o
mais alto nível de instalações de pesquisa na China.”
Embora Ruihong não tenha dito directamente que o
governo chinês estava a criar uma arma biológica nas instalações de Wuhan,
sugeriu que experiências genéticas nas instalações podem ter resultado na
criação desse novo "coronavírus mutante" no centro do surto.
Com a Radio Free Asia e a sua única fonte tendo
especulando sobre as ligações do governo chinês com a criação do novo
coronavírus, o Washington Times logo levou muito mais longe num
relatório intitulado “Wuhan, atingido por vírus, tem dois laboratórios ligados ao programa chinês de guerra biológica.” Esse artigo, bem como o relatório
anterior da Radio Free Asia, cita uma única fonte para essa
argumentação, Dany Shoham, antigo
especialista em guerra biológica dos serviços secretos/inteligência militar
israelita.”
No entanto, lendo o artigo, verifica-se que Shoham
nem sequer faz, directamente, a afirmação citada no título do artigo, pois
disse apenas ao Washington Times que: “Certos laboratórios no instituto
[de Wuhan] estavam provavelmente
envolvidos, em termos de pesquisa e desenvolvimento, em [armas biológicas]
chinesas, pelo menos colateralmente,
mas não como sendo uma instalação
principal do envolvimento chinês na Guerra Biológica (ênfase acrescentada
por nós). ”
Embora as alegações de Shoham sejam claramente
especulativas, é dizer que o Washington Times se preocuparia em citá-lo,
especialmente devido ao papel fundamental que ele desempenhou ao promover as
falsas alegações de que os ataques de Anthrax, em 2001, foram obra de Saddam
Hussein, no Iraque. As afirmações de Shoham sobre o governo iraquiano e sobre o
Anthrax como arma, que foram usadas para fundamentar o caso da invasão do Iraque em 2003, uma vez que foram comprovadas
como sendo completamente falsas, visto que se descobriu que o Iraque não
possuía nem “armas químicas, nem biológicas de destruição em massa”, que os
“especialistas” como Shoham, afirmaram existir.
Além da história de Shoham de fazer alegações
suspeitas, também vale a pena notar que o empregador anterior de Shoham, os
Serviços Secretos militares israelitas, têm um passado preocupante com armas
biológicas. Por exemplo, no final dos anos 90, foi relatado por vários meios de comunicação que Israel estava a desenvolver uma arma biológica genética que
visaria os árabes, especificamente os iraquianos, mas não afectaria os judeus
israelitas.
Dado o passado duvidoso de Shoham e a natureza
claramente especulativa das suas argumentações e daquelas que foram feitas no
relatório da Radio Free Asia, uma passagem do artigo do Washington Times é particularmente significativa sobre por que razão essas alegações
surgiram recentemente:
“Um
sinal ameaçador, disse uma autoridade dos EUA, é que há várias semanas, desde
que o surto teve início, começaram a circular na Internet chinesa falsos
rumores alegando que o vírus faz parte
de uma conspiração dos EUA para espalhar germes como armas biológicas. Isso
pode indicar que a China está a preparar meios de propaganda para combater
acusações futuras de que o novo vírus escapou de um dos laboratórios civis ou
de defesa de Wuhan (ênfase adicionada). ”
No entanto, como foi visto nesse mesmo artigo, as
acusações de que o coronavírus escapou de um laboratório ligado ao Estado
chinês dificilmente são acusações futuras, pois que o Washington
Times e a Radio Free Asia já fizeram essa afirmação. Em vez disso, o
que esta passagem sugere é que os relatórios da Radio Free Asia e do Washington
Times foram respostas às reivindicações que circulam na China de que o
surto está ligado a uma “conspiração dos EUA para espalhar germes como armas
biológicas.”
Embora, até ao momento, a maioria dos meios de
comunicação de língua inglesa não tenha examinado essa possibilidade, há
fundamentos de apoio consideráveis que merecem ser examinados. Por exemplo, não
apenas as forças armadas dos EUA, incluindo a sua pesquisa de armas controversa
- a Agência de Projectos de Pesquisa Avançada de Defesa (DARPA), a financiar, recentemente,
estudos na China e nas proximidades que descobriram novos coronavírus mutantes
originários de morcegos, mas o Pentágono também ficou preocupado recentemente.
sobre o uso potencial de morcegos como armas biológicas.
OS MORCEGOS COMO ARMAS BIOLÓGICAS
Como o surto de coronavírus que está a acontecer
centrado na China, se espalhou para outros países e foi responsabilizado por um
número crescente de mortes, surgiu um consenso de que esse vírus, em
particular, actualmente classificado como um “coronavírus singular [ou seja,
novo]”, acredita-se que tenha se originado em morcegos e foi transmitido aos
seres humanos em Wuhan, na China, por meio de um mercado de frutos do mar que
também comercializava animais exóticos. Os chamados mercados “úmidos”, como o
de Wuhan, foram anteriormente culpados por surtos mortais de coronavírus na
China, como o surto de 2003 da Síndroma Respiratória Aguda e Grave (SARS).
Além do mais, um estudo preliminar sobre o
coronavírus responsável pelo surto actual descobriu que o receptor, a enzima
conversora de angiotensina 2 (ACE2), não é só a mesma como a usada pelo
coronavírus SARS, mas que os asiáticos orientais apresentam uma proporção muito
maior de células pulmonares que expressam esse receptor do que as outras etnias
(caucasianas e afro-americanas) incluídas no estudo. No entanto, essas
descobertas são preliminares e o tamanho da amostra é muito pequeno para tirar
conclusões definitivas desses dados preliminares.
Há dois anos, relatos da comunicação mediática começaram a discutir a súbita preocupação do Pentágono de que os morcegos
poderiam ser usados como armas biológicas, particularmente na disseminação de
coronavírus e de outras doenças mortais. O Washington Post afirmou que o
interesse do Pentágono em investigar o uso potencial de morcegos para espalhar
doenças mortais como armas biológicas foi devido aos imaginados esforços russos
em fazer o mesmo. No entanto, essas alegações sobre esse interesse russo em
usar morcegos como armas biológicas datam da década de 1980, quando a União
Soviética se empenhou em pesquisas secretas envolvendo o vírus Marburg,
pesquisa que nem sequer envolvia morcegos e que terminou com o colapso da União
Soviética em 1991.
Como muitos dos programas de pesquisa controversos
do Pentágono, os morcegos como armas biológicas foram classificados como defensivos,
apesar do facto de que nenhuma ameaça iminente envolvendo armas biológicas
propagadas por morcegos tenha sido reconhecida. No entanto, cientistas
independentes acusaram recentemente o Pentágono, particularmente a sua pesquisa
de armas DARPA, de alegar estar envolvida em pesquisas que dizem ser
“defensivas”, mas na verdade são “ofensivas”.
O exemplo mais recente desta situação envolveu o
programa “Insectos Aliados” da DARPA, que, oficialmente, “se destina a proteger
o suprimento de alimentos agrícolas dos EUA, distribuindo genes protectores às
plantas através de insectos, responsáveis pela transmissão da maioria dos vírus
vegetais” e assegurar “a segurança alimentar no caso de uma grande ameaça”, de
acordo com os relatórios da DARPA e da comunicação mediática.
No entanto, um grupo de cientistas independentes e
respeitados revelou numa análise categórica do programa que, longe de ser um projecto
de pesquisa “defensivo”, o programa Insect Allies visava criar e fornecer uma
“nova classe de arma biológica”. Os cientistas, escrevendo na revista Science e
chefiados por Richard Guy Reeves, do Instituto Max Planck de Biologia Evolutiva
na Alemanha, alertaram que o programa da DARPA - que usa insectos como veículo
para agentes de alteração genética ambiental horizontal (HEGAAS) - revelou “a
intenção desenvolver um meio de propagação de HEGAAs para fins ofensivos
(enfâse nossa).”
Qualquer que seja a verdadeira motivação por trás
da preocupação súbita e recente do Pentágono sobre os morcegos serem usados
como veículo de transmissão de armas biológicas, os militares dos EUA aplicaram
milhões de dólares nos últimos anos, a financiar pesquisas sobre morcegos, os
vírus mortais que eles podem albergar - incluindo coronavírus - e como esses
vírus são transmitidos dos morcegos aos seres humanos.
Por exemplo, a DARPA empregou 10 milhões de dólares num projecto, em 2018, “para desvendar as causas complexas dos vírus
transmitidos pelos morcegos que recentemente deram se propagaram nos seres
humanos, causando preocupação entre as autoridades mundiais de saúde”. Outro
projecto de pesquisa apoiado pela DARPA e pelo NIH constatou pesquisadores da Colorado
State University examinarem o coronavírus que causa a Síndrome Respiratória do Médio
Oriente (MERS) em morcegos e camelos “para compreender o papel desses
hospedeiros na transmissão de doenças aos seres humanos”. Outros estudos
financiados pelos militares dos EUA, discutidos em pormenor, posteriormente
neste relatório, descobriram várias novas linhagens de novos coronavírus
transportados por morcegos, tanto na China como nos países vizinhos da China.
Muitos desses projectos de pesquisa recentes estão
relacionados com o programa de Prevenção de Ameaças Patogénicas Emergentes daDARPA, ou programa PREEMPT, que foi anunciado oficialmente em Abril de 2018. O
PREEMPT concentra-se, especificamente, em reservatórios de doenças de animais,
especificamente morcegos, e a DARPA até observou no seu comunicado à imprensa
no programa que “está ciente das sensibilidades de bioproteção e biossegurança
que possam surgir” devido à natureza da pesquisa.
O anúncio da DARPA para o PREEMPT veio apenas
alguns meses após o governo dos EUA decidir encerrar controversamente uma moratória
nos chamados estudos de “actividade nova ou melhorada” envolvendo patógenos
perigosos. O VICE News explicou os estudos de “actividade nova ou melhorada” como
se segue:
"Conhecidos
como estudos de “actividade
nova ou melhorada,” esse tipo de pesquisa é ostensivamente sobre como tentar
ficar um passo à frente da natureza. Ao
criar super-vírus mais patogénicos e facilmente transmissíveis, os
cientistas são capazes de estudar a maneira como esses vírus podem evoluir e
como as alterações genéticas afectam a maneira como um vírus interage com o seu
hospedeiro. Usando estas informações, os cientistas podem tentar antecipar o aparecimento natural dessas
características, desenvolvendo medicamentos antivirais capazes de evitar uma
pandemia (ênfase adicionada). ”
Além do mais, enquanto o programa PREEMPT da DARPA
e o interesse aberto do Pentágono nos morcegos como armas biológicas foram
anunciados em 2018, os militares dos EUA - especificamente o Programa de
Redução de Ameaças Cooperativas do Departamento de Defesa - começaram afinanciar pesquisas envolvendo morcegos e patógenos mortais, incluindo os
coronavírus MERS e SARS, um ano antes, em 2017. Um desses estudos concentrou-se
na “Emergência de Doenças Zoonóticas por
morcegos na Ásia Ocidental” e envolveu o Lugar Center, na Geórgia, identificado
por antigos funcionários do governo da Geórgia, pelo governo russo e pela
jornalista investigadora independente, Dilyana Gaytandzhieva, como um
laboratório secreto de armas biológicas dos EUA.
Também é importante ressaltar o facto de que os
principais laboratórios militares dos EUA, que envolvem o estudo de patógenos mortais,
incluindo coronavírus, Ébola e outros, foram repentinamente encerrados em Julho
passado, depois do Centro de Controlo e
Prevenção de Doenças (CDC) ter identificado grandes “lapsos de biossegurança” na instalação.
A instalação do Instituto de Pesquisas Infecciosas
do Exército dos EUA (USAMRIID), em Fort Detrick, Maryland - o principal
laboratório militar dos EUA para pesquisas de “defesa biológica” desde o final
dos anos 1960 - foi forçada a interromper todas as pesquisas que estava
conduzindo com uma série de patógenos mortais depois do CDC constatar que
faltava “sistemas suficientes para descontaminar as águas residuais” dos seus
laboratórios da mais alta segurança e a falha do pessoal em seguir os
procedimentos de segurança, entre outros lapsos. A instalação contém
laboratórios de biossegurança de nível 3 e 4. Embora não se saiba se as
experiências envolvendo coronavírus estavam a ocorrer na época, a USAMRIID
esteve recentemente envolvida em pesquisas alimentadas pela preocupação recente
do Pentágono com o uso de morcegos como armas biológicas.
A decisão de encerrar as instalações da USAMRIID,
surpreendentemente, obteve pouca cobertura dos media, assim como a decisão surpreendente do CDC de permitir que a instalação problemática “retomasse
parcialmente” a pesquisa no final de Novembro, mesmo que a instalação estivessee ainda não esteja com “capacidade operacional total”. Um registo problemático
de segurança nessas instalações é particularmente preocupante à luz do recente
surto de coronavírus na China. Como este relatório revelará em breve, isto acontece porque a
USAMRIID mantém uma parceria estreita de décadas com o Instituto de Virologia
Médica da Universidade de Wuhan, localizado no epicentro do surto actual.
O
PENTÁGONO EM WUHAN?
Além das despesas recentes e do interesse das
forças armadas dos EUA no uso de morcegos como armas biológicas, também vale a
pena examinar os estudos recentes que os militares financiaram em relação aos
morcegos e aos “novos coronavírus”, como o que ocorreu por trás do recente
surto, ocorrido Na China ou nas proximidades da mesma.
Por exemplo, um estudo realizado no sul da China,em 2018, resultou na descoberta de 89 novas “estirpes de coronavírus de morcego”
que usam o mesmo receptor que o coronavírus conhecido como Síndrome
Respiratória do Médio Oriente (MERS). Esse estudo foi financiado em conjunto
pelo Ministério da Ciência e Tecnologia do governo chinês e pela USAID - uma
organização que há muito tempo é acusada de ser uma frente para os Serviços Secretos/inteligênciados EUA e o Instituto Nacional de Saúde dos EUA - que colaborou com a CIA e com
o Pentágono em doenças infecciosas e pesquisa de armas biológicas.
Os autores do estudo também sequenciaram o genoma
completo de duas dessas estirpes e também observaram que as vacinas MERS
existentes seriam ineficazes no ataque desses vírus, levando-os a sugerir que
uma deveria ser desenvolvida com antecedência. Isso não aconteceu.
Outro estudo financiado pelo governo dos EUA que
descobriu ainda mais novas linhagens de “novos coronavírus de morcegos” foi
publicado precisamente no ano passado. Intitulado “Descoberta e caracterização de novas linhagens de coronavírus de morcego do Cazaquistão”, focou-se na
“fauna de morcegos da Ásia central, que liga a China à Europa Oriental” e as
novas linhagens de coronavírus de morcego descobertas durante o estudo estavam
“intimamente relacionadas aos coronavírus dos morcegos da China, da França, da Espanha
e da África do Sul, sugerindo que a co-circulação de coronavírus é comum em
várias espécies de morcegos com sobreposição de distribuições geográficas.” Por
outras palavras, os coronavírus descobertos neste estudo foram identificados em
populações de morcegos que migram entre a China e o Cazaquistão, entre outros
países, e está intimamente relacionado aos coronavírus de morcegos em vários
países, incluindo a China.
O estudo foi inteiramente financiado pelo
Departamento de Defesa dos EUA, especificamente a Agência de Redução de Ameaças
de Defesa (DTRA) como parte de um projecto que investiga os coronavírus
semelhantes ao MERS, como o estudo de 2018 mencionado anteriormente. No
entanto, além do financiamento deste estudo de 2019, também vale a pena
observar as instituições envolvidas na realização deste estudo, devido às suas
ligações íntimas com os militares e com o governo dos EUA.
Os autores do estudo são afiliados ao Instituto de
Pesquisa para Problemas Biológicos de Segurança do Cazaquistão e/ou à
Universidade Duke. O Instituto de Pesquisa para Problemas de Segurança
Biológica, embora oficialmente faça parte do Centro Nacional de Biotecnologia
do Cazaquistão, recebeu milhões do governo dos EUA, a maioria proveniente do
Programa de Redução de Ameaças Cooperativas do Pentágono. É o depósito oficial
do governo do Cazaquistão de “infecções animais e aves altamente perigosas, com
uma colecção de 278 estirpes patogénicas de 46 doenças infecciosas”. Faz parte
de uma rede de “laboratórios de armas biológicas” financiados pelo Pentágono em todo o território da Ásia Central, que faz fronteira com os dois principais Estados
rivais dos EUA – a China e a Rússia.
O envolvimento da Duke University com este estudo
também é interessante, dado que a Duke University é um parceiro-chave do programa DARPA Pandemic Prevention Platform (P3), que oficialmente visa
“acelerar drasticamente a descoberta, a integração, os testes pré-clínicos e a
fabricação de contramedidas médicas contra doenças infecciosas.” O primeiro passo do programa Duke/DARPA envolve a descoberta de vírus potencialmente
ameaçadores e o “desenvolvimento de métodos para apoiar a propagação viral,
para que o vírus possa ser usado em estudos posteriores”.
A Duke University também tem parceria com a UniversidadeWuhan da China, que está sediada na cidade onde o surto actual de coronavírus
começou, o que resultou na abertura da Universidade Duke Kunshan (DKU), com
sede na China, em 2018. Notavelmente, a Universidade Wuhan da China - além da
sua parceria com a Duke - também inclui um Instituto de Virologia Médica de
vários laboratórios que trabalha em estreita colaboração com o Instituto de
Pesquisa Médica do Exército dos EUA para Doenças Infecciosas, desde a década de
1980, de acordo com o seu site. Como foi observado anteriormente, as instalações da
USAMRIID nos EUA foram encerradas em Julho passado, por falhas no cumprimento
dos procedimentos de biossegurança e pela rejeição inadequada de resíduos, mas
foi autorizada a retomar parcialmente algumas experiências no final de Novembro.
A seguir: Parte 2
A HISTÓRIA SOMBRIA DA GUERRA BIOLÓGICA DO PENTÁGONO
A HISTÓRIA SOMBRIA DA GUERRA BIOLÓGICA DO PENTÁGONO
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com
Webpage: NO WAR NO NATO
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