Global
Research, 07 de Fevereiro de 2020
Região: USA
Tema: History, Intelligence,
O
Governo dos EUA e as suas múltiplas agências e instituições de ensino e saúde
conduzem, há muitas décadas, pesquisas intensivas sobre a guerra biológica, em
muitos casos fortemente focadas em agentes patogénicos para uma raça específica.
Num
relatório para o Congresso dos EUA, o Departamento de Defesa revelou que o seu
programa de criação de agentes biológicos artificiais incluía a modificação de
vírus não fatais para torná-los letais e engenharia genética para alterar a
imunologia dos agentes biológicos para impossibilitar o tratamento e a vacinação.
O relatório militar admitiu que, na época, funcionavam cerca de 130 instalações de
pesquisa de armas biológicas, dezenas em universidades americanas e outras em
muitos locais internacionais fora do âmbito do Congresso dos EUA e da
jurisdição dos tribunais.
Este facto já não é segredo há muito tempo. Num relatório secreto de 1948,
da Comissão de Guerra Biológica do Pentágono, o tema principal era o seguinte:
“Uma
arma ou bomba não deixam dúvidas de que aconteceu um ataque deliberado. Mas se...
uma epidemia se espalha numa cidade apinhada, não há como saber se alguém
atacou e, muito menos, quem foi”, acrescentando esperançosamente que “uma parcela
significativa da população humana em determinadas áreas seleccionadas, pode ser
morta ou incapacitada” apenas, através do uso de quantidades muito pequenas de um agente
patogénico. (1) (2)
Um
manual de exercícios militares do Exército dos EUA, de 1956, declarava,
explicitamente, que a guerra biológica e química era uma parte operacional
integral da estratégia militar dos EUA, não era restrita de forma alguma, e que
o Congresso tinha concedido a autoridade militar do “First Strike” para o seu
uso. Em 1959, uma tentativa do Congresso de remover essa autoridade de “First Strike” foi derrotada pela Casa Branca e as
despesas com armas bioquímicas aumentaram de 75 milhões para quase 350 milhões
de dólares. Essa verba era uma quantia enorme de dinheiro, no início da década
de 1960. (3)
O
Secretário da Defesa dos EUA, Robert
McNamara, (imagem acima), executou 150 programas altamente secretos de
armas biológicas, na década de 1960, realizando experiências com armas
biológicas e testes no terreno, num público involuntário, às vezes em países
estrangeiros, mas na maioria das vezes contra os cidadãos americanos. McNamara
ordenou que os Chefes do Estado Maior Conjunto “considerassem todas as
aplicações possíveis” desses agentes contra nações inimigas, num plano coerente
para uma “capacidade de dissuasão biológica e química” total, um plano para incluir
estimativas de custo e uma “avaliação das consequências políticas
internacionais”. . (4) (5)
No
ano de 2000, o Projecto para o Novo
Século Americano (6) (7) produziu um relatório intitulado “Reconstruindo as
defesas da América”, que continha uma ambição política radical e beligerante da
Direita, para a América. O relatório intitulava-se “um plano para manter a
preponderância global dos EUA ... e moldar a ordem da segurança internacional,
de acordo com os princípios e interesses americanos”. Os autores, a sua
mentalidade genocida óbvia, declararam:
“Formas
avançadas de guerra biológica que podem “atingir” genótipos específicos, podem
transformar a guerra biológica ... numa ferramenta politicamente útil.”
Instituições de
pesquisa de armas biológicas
O Instituto de Pesquisa
Médica de Doenças Infecciosas do Exército dos EUA,
em Fort Detrick, Maryland, é a principal instalação militar para pesquisas
sobre guerra biológica. Ocupa 80.000 m². Em meados da década de 1980, esta
secção de armas biológicas de Fort Detrick recebia quase 100 milhões de dólares
por ano e esta era só uma das muitas secções.
Quando
o Japão invadiu a China, um dos grandes sucessos do Dr. Ishii (unidade 731) foi
o desenvolvimento de métodos de produção em massa de pulgas e carraças
infectados com a praga e com outros agentes patogénicos letais para disseminar
entre as populações civis - e foi assim que os americanos aprenderam a usar os
insectos como armas - criar e disseminar carraças infestadas com a doença de
Lyme, do seu Laboratório Secreto de Germes de Plum Island, no
Estado de Nova York. Esse mesmo
Laboratório também foi a fonte dos programas americanos de criação e
disseminação de mosquitos e pulgas infectados com cólera e febre amarela, na
China e na Coreia do Norte, para não falar nos programas nacionais de mosquitos
que os EUA infligiram ao seu próprio povo.
Baseados
na pesquisa humana de Ishii, os militares dos EUA desenvolveram uma instalação
de guerra entomológica (insectos) e prepararam, inicialmente, planos para atacar
a Rússia e os Estados soviéticos com armas biológicas entomológicas. A
instalação foi projectada para produzir 100 milhões de mosquitos por mês, infectados
pela febre amarela e a sua produção foi testada em civis americanos
inconscientes, lançando mosquitos infectados e outros insectos, em grandes
porções de território dos EUA. Como é típico das forças armadas dos EUA, esses
projectos, iniciados nas décadas de 1950 e 1960, foram designados com nomes
juvenis, como “Project Big Buzz” e “Project Big Itch” e “Operation Mayday” (8)
(9) (10), mas foram testes de viabilidade para a produção de biliões de insectos,
infectando-os com agentes patogénicos letais, para depois carregá-los em
munições e dispersá-los sobre a Rússia, por intermédio de aviões ou até de mísseis.
De
um relatório do Exército dos EUA, de Março de 1981, um escritor observou que “podem-se
maravilhar com o preço ou melhor, com o baixo custo do lançamento de um ataque
de mosquitos infectados pela febre amarela sobre uma cidade - com um gráfico
útil incluído, sobre o “Custo por Morte”! O incidente das ovelhas Dugway também
merece atenção. (11)
Em
seguida, tivemos a “Operação Drop Kick”
(12), projectada para testar várias maneiras de dispersar insectos infectados
em grandes áreas geográficas, sendo os testes realizados em várias partes do
continente americano, incluindo a maior parte da costa leste. Tivemos o
“Projecto SHAD” (Risco e Defesa a Bordo do Navio). Então, em 2000, tivemos o “Projecto Bacchus” projectado para
determinar a viabilidade de construir uma instalação de produção de antrax num
país estrangeiro, permanecendo sem ser detectado. Havia outros programas, é
claro, todos com nomes tolos e projectados para avaliar a disseminação de insectos
infectados e outros agentes patogénicos letais nas populações civis. Eles foram
mantidos em segredo, por que eram ilegais de acordo com o Direito Americano e
violavam o Direito Internacional e muitos Tratados de Armas que outras nações
assinaram de boa fé, com os EUA.
Além
de Fort Detrick, as Forças Armadas dos EUA têm uma fábrica de armas biológicas
em Vigo, Indiana, uma instalação de produção maciça especializada em agentes
patogénicos biológicos e capaz de produzir 275.000 bombas contendo botulínico
ou um milhão de bombas de antrax por mês. Os tanques de fermentação em Vigo,
continham 250.000 galões, ou cerca de um milhão de litros, tornando-o, de longe,
segundo relatos, a maior instalação bacteriana de produção em massa do mundo.
Esta
instalação não é recente. Vigo estava
totalmente operacional durante a Segunda Guerra Mundial, sendo, essencialmente,
uma fábrica de bio-antrax - uma das primeiras encomendas foi a de Winston
Churchill, em 1944, de 500.000 bombas de antrax, que Churchill afirmou que
deveria ser considerada, apenas, a “primeira parcela”. Vigo acabou por ser entregue
à Pfizer para o “fabrico de antibióticos” e foi substituída, em meados da década
de 1950, por uma nova instalação de última geração, no Arsenal de Pine Bluff.
(13) (14) (15)
O
Daily News publicou um artigo, em 24
de Setembro de 2005, no qual detalhava os planos do Exército dos EUA para
compras a granel de antrax, relacionando uma série de contratos, descobertos
por Edward Hammond, Director do Sunshine
Project, que emanava da Dugway Proving Ground, no Utah. Estas notificações
pediam que várias empresas licitassem a produção de grandes quantidades de
antrax, além de produzir “quantidades significativas” de outros agentes
biológicos. Um contrato especificava que a empresa licitante “deve ter
capacidade e estar disposta a cultivar (antrax) em quantidades de 1.500 litros”
e “também deve poder produzir lotes de 3.000 litros” de outros agentes
biológicos não especificados. (16) (17)
Quando
os militares de uma nação estão a produzir agentes patogénicos biológicos
letais em quantidades de milhões de litros, é o momento de parar de fingir que
não estamos envolvidos em guerra biológica. Não nos tranquiliza saber que os
militares possam afirmar que são estirpes “inofensivas” de agentes patogénicos,
pois
(a) qualquer instalação capaz de produzir agentes patogénicos benignos
pode facilmente produzir variedades letais e
(b) não existe antrax
"inofensivo”.
Não
há diferença material entre um programa de guerra biológica defensivo e
ofensivo, e mesmo os tolos não podem reivindicar a clausula de “autodefesa” quando
produzem milhões de litros de antrax. Até o Gabinete de Prestação de Contas do
Governo dos EUA, no seu relatório de 1994 sobre esses programas, afirmou que o Programa de Defesa Biológica das Forças
Armadas dos EUA continha “dezenas de divisões, departamentos, grupos de
pesquisa, bio-inteligência e muito mais e, de alguma forma, estavam todos
relacionados com a “'defesa' em qualquer sentido” e, por natureza, eram
programas militares beligerantes e ofensivos. No entanto, temos a certeza de
que os EUA “nunca usaram armas biológicas”, pelas mesmas pessoas que estavam a concorrer
simultaneamente aos contratos de produção de antrax e outros “agentes
patogénicos” em múltiplos lotes de 3.000 litros. É impossível impedir a
dissimulação da propaganda na América, mesmo em livros oficiais de Medicina Militar.
Havia
outros locais e instalações construídos pelos militares dos EUA, além de Fort
Detrick, exclusivamente para o
desenvolvimento de armas biológicas, incluindo a Estação de Testes de Horn
Island, no Mississippi, que deveria ser o principal local de testes de armas
biológicas e o Plum Island Germ Laboratory, no Estado de Nova York, a partir do
qual os militares espalharam a Doença de Lyme entre metade da população da
área.
Uma
parte da instalação de Plum Island foi projectada, exclusivamente, para
desenvolver e testar agentes patogénicos letais de animais que poderiam
destruir o fornecimento de alimentos de uma nação inimiga - como os EUA tentaram
fazer na Coreia do Norte. Um dos resultados desta pesquisa foram as estirpes mortais de febre aftosa, que os
americanos partilharam com os seus colegas psicopatas, em Porton Down, no Reino
Unido - que a utilizaram bem. Uma parte adicional foi o desenvolvimento, teste
e produção de bombas contendo o que foi designado como “o ácido aniquilador dos
vegetais” e que poderia destruir cereais, grãos e a maioria das culturas
vegetais que são cultivadas. Tenho uma forte suspeita de que muitas das recentes
epidemias de gripe das aves e gripe suína se originaram de agentes patogénicos
criados em Plum Island.
O
livro intitulado Medical Aspects of Biological Warfare (2007)/Aspectos Médicos da Guerra
Biológica (2007), publicado pelo Cirurgião Chefe das Forças Armadas dos EUA,
admite o estabelecimento de “uma instalação de produção em larga escala, em Pine
Bluff, Arkansas”, com a nova instalação
a dar prioridade a um “laboratório
avançado ... a medidas que permitam a fermentação, a concentração, o armazenamento
e a utilização como armas, de microorganismos em larga escala”.
E
também admite que, em 1951, os EUA tinham produzido as suas primeiras armas
biológicas, bombas contra as culturas e munições “antipessoal”, tendo “armado e
armazenado” tudo isto. Acrescenta que a CIA
tinha desenvolvido armas, independentemente, usando toxinas, incluindo
veneno de cobra e saxitoxina para operações secretas”, mas que infelizmente
“todos os registos sobre o seu desenvolvimento e distribuição foram destruídos
em 1972” quando as informações se tornaram públicas. (18)
E
as forças armadas americanas tentaram usar doenças venéreas como armas,
utilizando disfarces como o Projecto Guatemala Syphilis, onde infectaram
milhares de pessoas e deixaram-nas morrer. A narrativa oficial, embora admita a
criminalidade, adere obstinadamente à história de um propósito de caridade de
testar medicamentos - a milhares de pessoas a quem foi negado, especificamente, os medicamentos que teriam salvado as suas vidas. (19)
As
forças armadas americanas parecem desesperadas, não só para encontrar formas
biológicas de matar nações, mas também estão interessadas em métodos para
destruir o fornecimento de alimentos. Consequentemente, também confessaram (pelo
menos) outras dezenas de ocasiões em que, agentes devastadores de doenças de
plantas e plantas, foram libertados em experiências para testar métodos de
destruição de toda a vida vegetal de uma nação inimiga.
Em 2012, a comunicação
mediática japonesa revelou que o Governo dos Estados Unidos tinha testado armas
biológicas específicas para matar plantas, em Okinawa e Taiwan, durante a
década de 1960 e início da década de 1970, e que os militares dos EUA também
testaram algumas delas no interior dos EUA. Esses mesmos agentes devastadores também
foram aplicados no Vietname. O objectivo do agente laranja nunca era desfolhante como foi reivindicado, mas foi desenvolvido para destruir a
totalidade das plantações de arroz do Vietname e contaminar o solo, suficientemente, a fim de impedir o crescimento do arroz.
Este
texto é a Parte I de um artigo de 3
partes.
Parte II -- A Geopolítica
das Armas Biológicas
Parte -- III Sementes
geneticamente modificadas: concebidas como armas
*
Larry Romanoff, consultor de administração e
empresário aposentado. Ocupou cargos executivos especializados em empresas de
consultoria internacionais e possuía uma empresa internacional de importação e
exportação. Professor Visitante da Universidade Fudan de Shangai, apresenta
estudos de casos em assuntos internacionais a executivos
especializados. Romanoff reside em Shangai e, actualmente, está a
escrever uma série de dez livros, de um modo geral, relacionados com a China e
com o Ocidente. Pode ser contactado através do email: 2186604556@qq.com.
Notas
(3) https://usacac.army.mil/sites/default/files/misc/doctrine/CDG/cdg_resources/manuals/fm/fm27_10.pdf
(11) https://military.wikia.org/wiki/Dugway_sheep_incident (This
article has many useful references)
(18) Medical
Aspects of Biological Warfare; https://repository.netecweb.org/items/show/325
(19)
https://www.cbsnews.com/news/guatemala-syphilis-experiments-in-1940s-called-chillingly-egregious/
A fonte original deste artigo é Global Research
Tradutora:
Maria Luísa de Vasconcellos
Email:
luisavasconcellos2012@gmail.com
Webpage: NO WAR NO NATO
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