Como salvar-se da Covid
perante as bombas nucleares
Manlio
Dinucci
A FEMA - Agência Federal para a Gestão de Emergências,
dependente do governo dos Estados Unidos - actualizou as instruções para a
população, sobre como se comportar em caso de ataque nuclear. As novas
instruções têm em consideração a Covid-19, os isolamentos resultantes e as
normas a serem seguidas para a nação se proteger do vírus.
Nessas instruções, a FEMA ignora os
efeitos reais (comprovados cientificamente) de uma explosão nuclear. Mesmo que
as pessoas em fuga tenham a sorte de encontrar um lugar para se abrigarem que
não esteja fechado devido à Covid, elas ainda não têm escapatória. O deslocação
do ar originada pela explosão, com ventos de 800 km / h, provoca o colapso ou
estouro até mesmo dos edifícios mais sólidos. O calor derrete o aço, faz
explodir o betão armado. Mesmo as pessoas que encontraram "os melhores
lugares para se abrigar" são vaporizadas, esmagadas e carbonizadas.
Os efeitos destruidores de uma bomba
nuclear de 1 megaton (igual ao poder explosivo de 1 milhão de toneladas de TNT)
estendem-se circularmente até cerca de 14 km. Se uma bomba de 20 megatoneladas explodir,
os efeitos devastadores abarcam um raio
de mais de 60 km.
Nessa situação, a FEMA
preocupa-se em proteger as pessoas da Covid-19. Quando for accionado o alarme
nuclear, avisa, "pergunte às autoridades locais quais os abrigos públicos
que estão abertos, pois podem ter sido transferidos devido ao Covid-19";
no momento da evacuação, "para se proteger e à sua família da Covid-19,
levem convosco duas máscaras por pessoa e um desinfectante para as mãos que
contenha pelo menos 60% de álcool"; dentro do abrigo, “continue a praticar
o distanciamento social, usando a máscara e mantendo uma distância de pelo
menos 6 pés (quase 2 metros) entre si e as pessoas que não fazem parte de sua
família”.
Este cenário pressupõe que, no
caso de alarme nuclear, os 330 milhões de cidadãos norteamericanos não entrem
em pânico, mas, mantendo a calma, se informem quais os abrigos que estão
abertos e, por isso, que se preocupem em primeiro lugar em se
proteger da Covid-19 trazendo consigo máscaras e desinfectantes e, uma vez no
abrigo, mantenham o distanciamento social de modo que, num abrigo com capacidade
para mil pessoas, seriam admitidas 200 enquanto os outros ficariam na parte de
fora.
Admitindo, absurdamente, que as pessoas
seguiram as instruções da FEMA para se protegerem da Covid-19, elas ainda estariam
expostas à chuva radioactiva numa área muito maior do que a destruída pelas
explosões nucleares. Um número crescente de pessoas aparentemente ilesas
começaria a apresentar sintomas da síndrome da radiação. Como não há tratamento
possível, o resultado é inevitavelmente fatal.
Se as radiações atingem o sistema
nervoso, causam fortes dores de cabeça e letargia, então ocorre um estado de
coma, acompanhado de convulsões, e a morte ocorre em 48 horas. No caso da
síndrome da radiação gastrointestinal, a vítima sofre de vómitos e diarreia
hemorrágica, acompanhados de febre alta e morre numa ou duas semanas.
Nesse cenário, a Fema também
se preocupa com o estado mental das pessoas. Alerta que "a ameaça de uma
explosão nuclear pode causar ainda mais stresse para muitas pessoas que já sentem
medo e ansiedade devido à Covid-19". Portanto, recomenda seguir as instruções
sobre como "gerir o stresse durante um acontecimento traumático". Deste
modo, fica claro que, em caso de ataque nuclear, os cidadãos norte-americanos
seriam assistidos por psicólogos que, enquanto as bombas nucleares explodem, os
ensinam a controlar o stresse, convencendo-se de que, graças à Fema, foram
salvos do Covid.
(il manifesto, 8 de Dezembro de 2020)
Webpage: NO WAR NO NATO
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