The Saker -- Os planos dos Estados Unidos para a Ucrânia
(LINHA ABERTA # 12) ACTUALIZAÇÃO
3729 Visualizações April 16, 2021 35 Comments (todos em inglês)
Francamente, o discurso de Biden à nação americana
(o primeiro da sua vida) foi, provavelmente, o discurso político mais lamechas
que alguma vez ouvi. E não estou a
referir-me ao facto de Biden chamar a Putin "Clutin" ou confundir
"deescalation" com "vaccination", estou a referir do conteúdo
verdadeiro do seu discurso. Resumindo:
continuaremos a magoar-vos e a humilhar-vos constantemente, tratar-vos-emos
como uma criança mal educada de 10 anos a precisar de uma boa palmada, mas
queremos paz e um bom relacionamento. É
evidente que Biden não percebe nada dos conceitos russos. Mas para "Biden" (o colectivo
"Biden", não o vegetariano confuso) existe um plano. Qual poderá ser?
Já
expliquei qual é o plano dos EUA em relação à Ucrânia: encorajar os Ukronazis a
atacar, sem envolver os EUA numa guerra convencional com a Rússia.
Como é que os EUA procederiam? Um exemplo:
Primeiro anunciar com grande alarido que os EUA
estão a enviar 2 (de acordo com algumas versões 5!) navios da Marinha Americana
para o Mar Negro, a fim de "dissuadir" a Rússia, mostrar
"apoio" aos Ukies e dar-lhes a sensação de que quando atacassem
estariam sob a "cobertura" dos EUA.
Este plano não é diferente daquele que os EUA utilizaram com Saakashvili em 08.08.08 ou daquele que os
EUA accionaram durante a "Primavera de Praga". Francamente, é um velho truque que o Ocidente
tem usado inúmeras vezes ao longo da sua História. E logo que os Ukies se sintam entusiasmados
por estarem sob a protecção do tio Shmuel, retiram silenciosamente o seu plano
de enviar quaisquer navios para o que é, de
facto, um lago russo.
Os EUA estão a caminhar numa linha ténue - precisam
motivar os Ukies para atacar, mas os Ukies estão aterrorizados, portanto, têm
de lhes incutir a sensação de que "o mundo está convosco!",
"vamos proteger-vos", "vamos lutar convosco" e depois,
quando os acontecimentos parecem estar a chegar a um ponto crítico, abandonam
os Ukies e correm para um lugar seguro.
É claro que o Ocidente unido apoiará os Ukronazis política e economicamente
(apenas para manter a economia Ukie semi viva), mas, obviamente não a nível
militar, pois iriam criar o risco de uma guerra devastadora que os EUA e a NATO,
ou perderiam, ou decidiriam ir para um conflito nuclear, o que seria
simplesmente suicida.
Há um coro de opiniões profundamente desnorteadas,
tanto na Rússia como no Ocidente, que, neste momento, declara que Biden
"piscou o olho", que a Rússia ganhou e que agora irá surgir a paz. Este é um ponto de vista muito ingénuo que
provém, sobretudo, de não compreender a natureza da guerra moderna e das
operações psicológicas.
Mais uma vez, o que alguns podem considerar como
sendo uma política de zig-zag, de “Biden” em relação à Rússia e pensam erradamente
que, uma vez que "Biden" não prometeu fogo e enxofre à Rússia, isso significa
que "Biden" se submeteu.
Trata-se de um equívoco extremamente perigoso e estou confiante de que
as autoridades russas que tomam decisões, percebam este estratagema (mesmo que
não o mencionem, pelo menos, aqueles que estão até agora em funções)
Putin ainda não anunciou que contra-medidas (prefiro
essa noção à ideia de contra-sanções, que são simétricas) a Rússia irá tomar a
seguir (principalmente contra os EUA, Reino Unido e Polónia). Não faço ideia do que o Kremlin poderá
decidir, mas observo níveis muito elevados de indignação e de determinação nos
meios de comunicação russos (tanto nos meios de comunicação tradicionais como
na Runet). A sociedade russa está
claramente farta e, mais uma vez, Putin, enfrenta um nível crescente de críticas
por ser demasiado brando e indeciso.
Anseio e espero que a resposta da Rússia desta vez seja muito menos
branda (e, portanto, ambígua) do que no passado. Em breve o saberemos.
The Saker
ACTUALIZAÇÃO: Precisamente quando estava a publicar esta actualização, vi o artigo do Sputnik sobre as contra-medidas russas. Francamente, não estou nada impressionado e acredito que a maioria dos russos irá sentir o mesmo. Claro que não sabemos o que se passa nos bastidores e os russos não têm qualquer obrigação de divulgar o que mais possam estar a fazer. No entanto, acredito que medidas como o encerramento do estreito de Kerch é uma abordagem muito melhor. Vamos esperar alguns dias antes de emitir um juízo final sobre a qualidade das contra-medidas russas.
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com
Website: NO WAR NO NATO
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