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Thursday, March 10, 2022

PT -- COMUNICADO DE MANLIO DINUCCI

 

COMUNICADO DE MANLIO DINUCCI

 

 

PORQUE TERMINA A MINHA COLABORAÇÃO COM  O MANIFESTO

il manifesto

 

Em 8 de Março, depois de tê-lo publicado brevemente online (ver link), a redacção de il manifesto fez desaparecer a coluna A Arte da Guerra também da edição impressa durante a noite, porque me tinha recusado a cumprir a directiva do Ministério da Verdade e tinha pedido um debate sobre a crise ucraniana. Isto põe fim à minha longa colaboração com este jornal, no qual publiquei a coluna durante mais de dez anos. 

Despeço-me dos meus leitores, que continuarei a informar através de outros canais.

Manlio Dinucci

 

Ucraina, era tutto scritto nel piano della Rand Corp | il manifesto

https://ilmanifesto.it › ucraina-era-tutto-scritto-nel-piano...

 

Há 2 dias - Ucrânia, estava tudo escrito no plano Rand Corp. A arte da guerra. A coluna semanal sobre armas e geopolítica. Editado por Manlio Dinucci



 

A Arte da Guerra

Ucrânia, estava tudo no plano da Rand Corporation

Manlio Dinucci

 

O plano estratégico dos EUA contra a Rússia foi elaborado há três anos pela Rand Corporation (il manifestoRand Corp: como derrubar a Rússia, 21 de Maio de 2019). A Rand Corporation, com sede em Washington,  é "uma organização de investigação global que desenvolve soluções para desafios políticos": tem um exército de 1.800 investigadores e outros especialistas recrutados em 50 países, que falam 75 línguas, distribuidos em escritórios e outras sedes na América do Norte, Europa, Austrália e Golfo Pérsico. O pessoal americano de Rand vive e trabalha em mais de 25 países. A Rand Corporation, que se define como uma "organização sem fins lucrativos e não partidária", é oficialmente financiada pelo Pentágono, pelo Exército e pela Força Aérea dos EUA, pelas agências de segurança nacional (CIA e outras), pelas agências de outros países e de poderosas organizações não governamentais.

 

A Rand Corp. orgulha-se de ter ajudado a conceber a estratégia que permitiu aos EUA sair vitoriosos da Guerra Fria, forçando a União Soviética a consumir os seus recursos num confronto militar cansativo. Este modelo inspirou o novo plano elaborado em 2019: "Overextending and Unbalancing Russia", ou seja, forçar o adversário a prolongar-se excessivamente para desequilibrá-lo e abatê-lo. Estas são as principais linhas de ataque, delineadas no plano da Rand, sobre as quais os EUA  têm efectivamente avançado nos últimos anos.

 

Em primeiro lugar - estabelece o plano – deve-se atacar a Rússia pelo lado mais vulnerável, o da sua economia fortemente dependente das exportações de gás e do petróleo: para este fim, devem ser utilizadas sanções comerciais e financeiras e, ao mesmo tempo, a Europa deve ser obrigada a reduzir a importação de gás natural russo, substituindo-o pelo gás natural liquefeito dos EUA. No campo da ideologia e da informação, os protestos internos devem ser encorajados e ao mesmo tempo minar a imagem da Rússia no estrangeiro. No domínio militar, devem ser feitos esforços para levar os países europeus da NATO a aumentar as suas forças em função anti-Rússia. Os EUA podem ter uma elevada probabilidade de sucesso e elevados benefícios, com riscos moderados, investindo mais em bombardeiros estratégicos e mísseis de ataque de longo alcance dirigidos contra a Rússia. Instalar na Europa novos mísseis nucleares de alcance intermédio destinados à Rússia dá-lhes uma elevada probabilidade de sucesso, mas também acarreta riscos elevados. Ao calibrar cada opção para obter o efeito desejado - conclui Rand - a Rússia acabará por pagar o preço mais elevado num confronto com os EUA, mas os EUA e os seus aliados terão de investir recursos significativos, subtraindo-os de outros objectivos.

 

Como parte dessa estratégia - o plano de 2019 da Rand Corporation previa - "fornecer ajuda letal à Ucrânia exploraria o maior ponto de vulnerabilidade externa da Rússia, mas qualquer aumento de armamento americano e de aconselhamento militar prestado à Ucrânia teria de ser cuidadosamente calibrado para aumentar os custos para a Rússia sem provocar um conflito muito mais vasto, no qual a Rússia, devido à proximidade, teria vantagens significativas". Foi precisamente neste ponto - no que a Rand Corporation defeniu como "a maior vulnerabilidade externa da Rússia", explorável ao armar a Ucrânia de uma forma "calibrada para aumentar os custos à Rússia sem provocar um conflito muito mais vasto" - que surgiu a ruptura. Presa no estrangulamento político, económico e militar que os EUA e a NATO estavam a apertar cada vez mais, ignorando os repetidos avisos e propostas de negociação de Moscovo, a Rússia reagiu com a operação militar que destruiu mais de 2.000 instalações militares na Ucrânia, construídas e controladas não pelos governantes de Kiev, mas pelos comandos USA-NATO. O artigo que relatou o plano da Rand Corporation há três anos terminou com estas palavras: "As opções previstas no plano são na realidade apenas variantes da mesma estratégia de guerra, cujo preço em termos de sacrifícios e riscos está a ser pago por todos nós". 



Nós, os povos europeus, estamos a pagá-lo agora, e pagá-lo-emos cada vez mais caro se continuarmos a ser peões descartáveis na estratégia USA-NATO.

Manlio Dinucci



(il manifesto, 8 de Março de 2022)








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