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Friday, July 19, 2024

PT -- RELATÓRIO DO PRIMEIRO-MINISTRO VIKTOR ORBÁN A CHARLES MICHEL, PRESIDENTE DO CONSELHO EUROPEU



RELATÓRIO DO PRIMEIRO MINISTRO VIKTOR ORBÁN A CHARLES MICHEL, PRESIDENTE DO CONSELHO EUROPEU


18/07/2024

FONTE: GABINETE DO PRIMEIRO-MINISTRO


Senhor Presidente,

 

Por favor, leia a seguir uma avaliação sumária das minhas conversações recentes com os dirigentes da Ucrânia, Rússia, China, Turquia e  com o Presidente Donald J. Trump, bem como algumas sugestões para a sua apreciação.

 

1. A estimativa geral é que a intensidade do conflito militar irá aumentar radicalmente num futuro próximo.

 

2. Testemunhei pessoalmente que as partes beligerantes estão determinadas a envolver-se mais profundamente no conflito e nenhuma delas gostaria de tomar a iniciativa de um cessar-fogo ou de negociações de paz. Por conseguinte, podemos presumir que as tensões não diminuirão e que as partes não começarão a procurar uma saída para o conflito sem um envolvimento externo significativo.

 

3. Existem três actores mundiais capazes de influenciar a evolução da situação: a União Europeia, os Estados Unidos e a China. Temos também de ter em consideração que a Turquia é um actor regional importante, na medida em que foi o único mediador bem sucedido entre a Ucrânia e a Rússia, desde o início das hostilidades em 2022.

 

4. A China prosseguirá a sua política, também formulada em documentos internacionais, apelando a um cessar-fogo e a conversações de paz. No entanto, a China só desempenhará um papel mais activo se a probabilidade de sucesso do seu compromisso for quase certa. Na sua opinião, actualmente, não é esse caso.

 

5. No que diz respeito aos Estados Unidos, tive a experiência, na Cimeira da NATO e durante as minhas conversações com o Presidente Trump, de que os EUA estão, neste momento, muito preocupados com a campanha presidencial. O Presidente em exercício está a fazer imensos esforços para se manter na corrida. É óbvio que ele não é capaz de modificar a actual política pró-guerra dos EUA e, por conseguinte, não se pode esperar que inicie uma nova política. Como temos testemunhado muitas vezes ao longo dos últimos anos, nestas situações a burocracia sem liderança política continuará a seguir o caminho anterior.

 

6. Durante as minhas conversações com o Presidente Trump, cheguei à conclusão de que a política externa desempenhará apenas um pequeno papel na sua campanha, que é dominada por questões de política interna. Por conseguinte, não podemos esperar qualquer iniciativa de paz da sua parte até às eleições.  No entanto, posso afirmar com segurança que, logo após a sua vitória eleitoral, ele não esperará pela tomada de posse, mas estará pronto para agir imediatamente como mediador da paz. Para esse fim, tem planos pormenorizados e bem fundamentados.

 

7. Estou mais do que convencido de que, no resultado provável da vitória do Presidente Trump, a proporção dos encargos financeiros entre os EUA e a UE mudará significativamente em desvantagem da UE, no que diz respeito ao apoio financeiro à Ucrânia.

 

8. Em nome da unidade transatlântica, a nossa estratégia europeia copiou a política pró-guerra dos EUA. Não dispusemos, até agora,  de uma estratégia europeia soberana e independente, nem de um plano de acção política. Proponho que se discuta, no futuro, se a continuação desta política é racional. Na situação actual, em conformidade com uma forte base moral e racional, podemos encontrar uma janela de oportunidade para iniciar um novo capítulo na nossa política. Neste novo capítulo, poderíamos fazer um esforço para diminuir as tensões e/ou criar condições para um cessar-fogo temporário e/ou iniciar negociações de paz.

 

9. Proponho que se dê início a um debate sobre as seguintes propostas:

 

a. Tomar a iniciativa de efectuar conversações políticas de alto nível com a China sobre as modalidades da próxima conferência de paz;

 

b. Manter os contactos políticos de alto nível actuais com a Ucrânia, e ao mesmo tempo reabrir linhas directas de comunicação diplomática com a Rússia e reabilitar esses contactos directos na nossa comunicação política;

 

c. Lançar uma ofensiva política coordenada em direção ao Sul Global, cujo apreço perdemos relativamente à nossa posição sobre a guerra na Ucrânia, resultando no isolamento global da comunidade transatlântica.

 

10. Espero que os meus relatórios e sugestões possam ser um contributo útil para possíveis propostas e iniciativas que V. Exa. apresentará aos dirigentes da UE, numa ocasião apropriada e num formato conveniente.

 

Com os melhores cumprimentos,

Viktor ORBÁN

Budapeste, 12 de Julho de 2024

 

Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos

Email: luisavasconcellos2012@gmail.com 


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