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Monday, June 4, 2018

PT -- GUERRA NUCLEAR -- 2.10 A introdução da África do Sul, da Índia e do Paquistão entre as potências nucleares







MANLIO DINUCCI

GUERRA NUCLEAR

O PRIMEIRO DIA


De Hiroshima até hoje:

Quem e como nos conduzem à catástrofe



2.10 A introdução da África do Sul, da Índia e do Paquistão entre as potências nucleares
A África do Sul do apartheid, embora tenha saído da Commonwealth em 1961, continua a ser sustentada pela Grã-Bretanha e goza, ao mesmo tempo, do apoio dos Estados Unidos que a consideram de importância estratégica, quer pelos seus minerais (em particular, o urânio), quer pela sua posição geográfica.
 Portanto, não é surpreendente que se acredite na palavra da África do Sul quando, depois de ter recusado subscrever o Tratado de Não-Proliferação das Armas Nucleares, inicia em 1969 um programa nuclear, declarando oficialmente que se destina a fins pacíficos. Na realidade, Washington é que conhece bem o verdadeiro objectivo do programa sul africano, assim como sabe que Israel está a fabricar armas nucleares.
Sobretudo, graças ao apoio de Washington, que permite, através de outros, que a África do Sul ignore o embargo dos fornecimentos militares em 1977, decretado pelo Conselho de Segurança da ONU. A África do Sul fornece a Israel, pelo menos 550 toneladas de urânio (metal do qual possui grandes reservas) e, em troca, recebe de Israel o know-how tecnológico que lhe permite construir seis bombas nucleares. No início  de 1975, são efectuados secretamente, dois testes subterrâneos conjuntos, na parte sul africana do deserto de Kalahari e, em 22 de Setembro de 1979, um teste no Oceano Pacífico. Deste modo, também a África do Sul adquire a capacidade de construir armas nucleares. Depois, uma vez terminado o apartheid em 1990, será o único país a renunciar ao armamento nuclear: o desmantelamento das seis bombas nucleares em sua posse, seráconfirmado em Março de 1993.
        Entretanto, também outro gigante  do «terceiro mundo» asiático, a Índia, consegue entrar no círculo das potências nucleares. A decisão de construir a Bomba é tomada em Nova Dehli, no início dos anos sessenta, quando as relações com a China estão muito tensas devido a uma disputa de fronteiras. Tanto a Índia, como a China, entram no clube nuclear passando pela porta de serviço da pesquisa do nuclear civil. Sobre esta base, desenvolve um programa militar, através do qual constrói o seu primeiro engenho nuclear de plutónio (4-6 kiloton de potência efectiva), que faz explodir em Maio de 1974.Depois, intensifica a produção de plutónio, principalmente com o reactor Cirus de Trombay, construindo um arsenal que, no final dos anos oitenta, é estimado em 12-20 bombas nucleares e cerca de 300 kgs de plutónio. A produção de plutónio é tal que permite a construção de outras dezenas de ogivas nucleares. Em 1989, a Índia efectua o lançamento experimental do míssil balístico Agni de alcance médio (2.500 km) que, podendo transportar uma tonelada, pode ser armado com uma ogiva nuclear de grande potência.
Ao mesmo tempo, mobiliza-se para entrar no clube nuclear, outro país do «terceiro mundo» asiático, o Paquistão.  Tal como a Índia, sua acérrima rival, também este país entra pela porta de serviço: nos anos sessenta, envia centenas de jovens cientistas em viagem de instrução à Europa, Estados Unidos e Canadá, onde se especializam na pesquisa nuclear civil. Depois o Paquistão compra ao Canadá o primeiro reactor para a produção de energia termonuclear. Inicialmente alimenta a via da produção de plutónio, construindo, com a ajuda determinante da França e da Bélgica, fábricas de tratamento do combustível dos reactores nucleares civis. Em seguida, aponta para o enriquecimento do urânio. A pessoa que ‘resolve inesperadamente a situação’ chama-se Abdul Qadeer Khan: depois de ter trabalhado na primeira metade dos anos setenta, numa central nuclear holandesa, regressa ao Paquistão em 1975, levando consigo o projecto de construção. Pode assim realizar uma fábrica de centrifugação que é a cópia exacta da central holandesa. A maquinaria é fornecida pelas mesmas firmas holandesas, alemãs, suíças e britânicas que construíram a central original.
No início, os EUA, olham com suspeita, o programa nuclear paquistanês e exercem pressão para que seja interrompido: para esse fim, suspendem a assistência técnica e económica a Islamabad. Mas depois das forças soviéticas terem invadido o Afeganistão, em 1980, mudam de ideia: o Paquistão, nesta altura, é indispensável para o recrutamento, adestramento e armamento dos mujaidin que combatem contra as tropas soviéticas no vizinho Afeganistão. Deste modo, Washington retoma a assistência militar, fornecendo a Islamabad entre outros, 40 caças F-16 que podem ser armados com bombas nucleares. Ao mesmo tempo, fecha um olho (e as vezes os dois), quando o Paquistão, compra nos EUA, nos anos oitenta, tecnologia para o seu próprio programa militar. No entanto, o Islamabad joga em várias mesas, estipulando, também, um acordo de cooperação atómica com a China. Com toda a probabilidade, é esta que fornece ao Paquistão o projecto da bomba nuclear de 25 kiloton que, em 25 de Maio de 1983, é explodida no polígono chinês de Lop Nor, com a presença do Ministro dos Negócios Estrangeiros paquistanês. O Paquistão revelará a posse de armas nucleares, construídas anteriormente, quando, em 28 e 30 de Maio de 1998, efectuou seis explosões nucleares subterrâneas.
A seguir:
Capítulo 3
O Barril de Pólvora Nuclear
3.1  Um Milhão de Hiroshima


Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos

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