MANLIO DINUCCI
GUERRA NUCLEAR
O PRIMEIRO DIA
De Hiroshima até hoje:
Quem e como nos conduzem à catástrofe
2.3 A crise dos mísseis em Cuba e a introdução da China
entre as potências nucleares
Enquanto está em pleno
desenvolvimento a corrida aos armamentos nucleares, explode em Outubro de 1962
a crise dos mísseis em Cuba: depois da falhada invasão armada da ilha, em Abril
de 1961, obra de refugiados políticos apoiados pela CIA americana, a URSS
decide fornecer a Cuba mísseis balísticos de alcance médio (1.000 a 3.000 km) e
intermédios (3.000 a 5.500 km). Os Estados Unidos efectuam então, o bloqueio
naval da ilha e colocam em alerta as forças nucleares: mais de 130 mísseis
balísticos intercontinentais Atlas e Titan estão preparados para lançamento; 54
bombardeiros com armas nucleares a bordo juntam-se aos 12 que o Comando Aéreo
Estratégico mantém sempre em vôo, vinte e quatro horas sobre vinte e quatro, prontos para o
ataque nuclear.
Os Estados Unidos dispõe,
naquele momento, de mais de 25.000 armas nucleares, às quais se juntam cerca de
210 britânicas, enquanto a Rússia possui cerca de 3.350.
A crise, que leva o
mundo ao limiar da guerra nuclear, é desactivada pela decisão soviética de não
instalar os mísseis, a troco do compromisso dos EUA retirarem o bloqueio e
respeitarem a independência de Cuba.
Nesse mesmo período, a China mobiliza-se para a aquisição de armas nucleares. A ideia de que ela também a devia possuir, nasce em Pequim durante a guerra da
Coreia (1950-1953), quando voluntários chineses vão ajudar as forças
norte-coreanas e os Estados Unidos ameaçam com uma nova Hiroshima. Também a
China, como a França, inicia com um programa de pesquisa sobre os usos civis da
energia nuclear, em particular para a produção de electricidade. Mas, em 1951,
Pequim assina um acordo secreto com Moscovo, em que se estabelece uma permuta nuclear: a China fornece urânio à URSS e esta fornece-lhe, em troca, assistência
para a pesquisa nuclear.
A decisão final de
construir armas nucleares foi tomada em Pequim, em 1956. Mas, três anos depois,
em seguida a divergências políticas crescentes, Moscovo quebra o acordo e, em
1960, começa a retirar os peritos soviéticos da China. No entanto, esta aprendeu
a caminhar sobre as suas pernas e, continuando a percorrer o caminho nuclear,
chega à Bomba.
A China faz explodir a
sua primeira bomba nuclear de urânio, em 16 de Outubro de 1964, e após nem
sequer três anos, em 14 de Junho de 1967, a sua primeira bomba H. Quatro anos
depois, já está em funcionamento a cadeia de produção de armas nucleares que,
em 1974, também lhes permite fabricar em série, bombas de hidrogénio. Ao mesmo
tempo, a China começa a construir mísseis balísticos intercontinentais com
ogivas nucleares, entre as quais a DF-5 que, com um alcance de 10 – 12.000 km, é
capaz de atingir o Ocidente dos USA.
A seguir: 2.4 A planificação do ataque nuclear
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
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