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Monday, June 4, 2018

PT -- GUERRA NUCLEAR: 2.7 A bomba N + 2.8 Os tratados sobre mísseis anti-balísticos e sobre a limitação das armas estratégicas





MANLIO DINUCCI

GUERRA NUCLEAR

O PRIMEIRO DIA


De Hiroshima até hoje:

Quem e como nos conduzem à catástrofe


2.7 A bomba N

Em 1977 os EUA decidem construir a bomba de neutrões, a arma nuclear que provoca menor destruição e contaminação residual, de modo a poder ocupar, sucessivamente a área atingida, mas de mortandade mais elevada, devido à forte emissão de radiações imediatas, constituídas na maior parte por neutrões velozes de modo a penetrar mais profundamente nos materiais.

A possibilidade de desenvolver uma arma táctica nuclear deste tipo, tinha sido identificada pouco depois da invenção da bomba de hidrogénio. Alguns cientistas, empenhados nos estudos das armas nucleares, principalmente no Lawrence Livermore Laboratory, tinham trabalhado dos anos cinquenta aos sessenta, em torno do conceito de uma ogiva de radiação intensificada.

A ogiva nuclear de radiação intensificada ou a bomba de neutrões ou a bomba N, é considerada pelos estrategas americanos, uma arma «mais limpa» e de mais fácil emprego. Por cada quiloton de potência explosiva detonado, esta arma é capaz de matar um número de inimigos superior ao dos outros engenhos nucleares. Ao mesmo tempo, minimiza os danos nos edifícios e nas culturas, permitindo, depois de um certo tempo, a reutilização do território atingido.

Nos planos dos EUA, a bomba N é destinada a ser empregue numa guerra terrestre, na Europa, entre os países da NATO e os do Pacto de Varsóvia. Prevê--se o emprego, sobretudo, contra os soldados no interior de meios couraçados. Os tanques são resistentes, a uma certa distância do hipocentro da explosão, ao calor e à onda de choque. A sua couraça, por sua vez, é penetrada pelo fluxo de neutrões que matam os homens que estão dentro deles. Prevê-se, no entanto, que todos sejam imediatamente postos fora de combate: uma parte, depois de um ataque de náuseas, poderão recuperar as forças durante dias ou semanas antes de morrer, e sabendo que estão no fim, poderão combater até à morte.

Muitos expoentes militares americanos sustentam que o uso destas ogivas de radiações intensificadas, é mais preciso e aperfeiçoado, permitiriam uma «guerra nuclear limitada», circunscrevendo os danos ao campo da batalha.

2.8 Os tratados sobre mísseis anti-balísticos e sobre a limitação das armas estratégicas

É nesta fase que, em 26 de Maio de 1972, os EUA e a União Soviética assinam o Tratado dos Mísseis Anti-Balísticos (ABM),  que proíbe a distribuição de sistemas de mísseis destinados a interceptar os mísseis balísticos intercontinentais. A razão do tratado é clara: se uma das duas partes conseguisse realizar sistemas capazes de interceptar e destruir os mísseis da outra, iria adquirir uma vantagem nítida, pois que, nesse ponto, podia lançar um ataque surpresa, confiante sobre a capacidade dos próprios sistemas anti-míssil de neutralizar ou atenuar os efeitos de uma eventual represália da parte do país atingido. O Tratado, que entra em vigor em 1976, permite, a cada uma das duas partes, instalar uma única bateria de mísseis de intercepção, em volta da capital ou de uma única área onde se encontram as rampas de lançamento dos mísseis balísticos intercontinentais com base em terra (ICBM).

Igualmente, em 26 de Maio de 1972, os EUA e a URSS assinam um acordo, provisoriamente, sobre a limitação das armas ofensivas estratégicas (SALT I) , comprometendo-se a não construir outras rampas de lançamento de ICBM e a limitar as dos mísseis balísticos lançados do mar. Ao SALT I, segue-se o SALT II , assinado em 18 de Junho de 1979, com o qual os EUA e a URSS se empenham a efectuar reduções imediatas. O SALT II não foi ratificado. As duas partes, enquanto nos anos oitenta se acusam, uma à outra, de não respeitar o acordo, mas, comprometem-se, verbalmente, a limitar as suas próprias armas ofensivas.

Como demonstração de quanto valem esses compromissos, em 1982 os EUA aumentam a produção das bombas de neutrões, elevando para 2.200, o seu número global no arsenal dos EUA e na NATO; e, em 1986, começam a distribuir uma nova geração de mísseis balísticos intercontinentais, os Peacekeeper, cada um armado com 10 ogivas nucleares independentes. Dois anos depois, em 1988, a União Soviética começa a distribuir os novos ICBM RT-23/ SS-24 Scalpel (segundo a denominação da NATO), sobre rampas lançadoras móveis que circulam continuamente, ao longo de uma rede ferroviária de 145.000 km.

Em 1986, o arsenal soviético atinge um máximo, superior a 40.000 armas nucleares, em confronto com as 23.000 dos EUA. Naquele momento, a Grã-Bretanha e a França possuem, cada uma, 350. A China tem 220. O arsenal mundial chega assim ao nível máximo de 65.000 armas nucleares. Fazem parte do mesmo, as armas nucleares de um sexto país – Israel – que, sem declará-lo, possui já, em 1986, meia centena de armas nucleares.

A seguir:
2.9 A Bomba secreta de Israel


Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos


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