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Saturday, February 17, 2018

PT -- GUERRA NUCLEAR: 2.9 A Bomba secreta de Israel – Parte 3







MANLIO DINUCCI

GUERRA NUCLEAR

O PRIMEIRO DIA


De Hiroshima até hoje:

Quem e como nos conduzem à catástrofe




2.9 A Bomba secreta de Israel – Parte 3

O processo de Mordechai Vanunu é definido como «um dos mais estranhos recordados na jurisdição de um país civil». De facto, ele é acusado e condenado, com base no código penal, por ter revelado a existência de algo que o governo israelita nega que exista: ninguém explica como pode ele ter posto em perigo a segurança do Estado, divulgando informações secretas e ajudando assim um inimigo em guerra com Israel, se a fábrica de armas nucleares não existe.

Tentando justificá-lo sem algum fundamento, o Ministro da Justiça israelita salienta, numa carta datada de 4 de Julho de 1989, que «a lei israelita proíbe a divulgação de qualquer informação que diga respeito à segurança, mesmo que ela seja falsa» e, «segundo quanto declarou o Ministro da Defesa, não pode ser fornecida ao tribunal nenhuma prova à cerca da veracidade ou falsidade da informação dada pelo senhor Vanunu». O verdadeiro crime de Vanunu, escreve A.Cohen, « não consiste no que disse, mas no facto que o disse: a sua verdadeira culpa, foi falar abertamente sobre as armas nucleares de Israel». Ele quebrou, deste modo, a compreensão tácita entre os governantes e a opinião pública de Israel, de não discutir as questões nucleares».

Por tal razão, Mordechai Vanunu é mantido numa cela de isolamento durante 12 anos e, nos primeiros dois anos, com a luz acesa dia e noite e controlado por uma câmara de video vigilância. Pode receber, só uma vez por mês, durante uma hora, visitas de um familiar ou de um sacerdote, com o qual pode falar sob a vigilância de um guarda e separado por uma grade. As suas condições de detenção são definidas pela Amnestia Internacional como “cruéis, desumanas e degradantes». Quando, em Dezembro de 2002, pede para ser solto sob palavra, dois anos antes de terminar a pena, foi-lhe negado com base no parecer dos serviços secretos que «Vanunu, mesmo depois de 16 anos de cárcere, pode ainda possuir segredos nucleares vitais».

Mordechai Vanunu sai da prisão em 2004, mas desde então está submetido a graves restrições à sua liberdade: não pode ter contactos com cidadãos estrangeiros, sem a autorização do Ministro do Interior, não pode aproximar-se das embaixadas e consolados, não pode possuir um telemóvel nem aceder à Internet, não pode deixar o Estado de Israel. Por ter contactado jornalistas e vultos de organizações humanitárias, foi preso outra vez.

No conteúdo desta história de proliferação comum, entrelaçada com mentiras oficiais e cumplicidade escondida, coloca-se o «caso Vanunu»: a escolha de um homem que, consciente dos riscos envolvidos, decide gritar a verdade e infringir o tabu nuclear.

A seguir:

2.10 A entrada da África do Sul, da Índia e do Paquistão entre as potências nucleares




Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos

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