MANLIO DINUCCI
GUERRA NUCLEAR
O DIA ANTERIOR
De Hiroshima até hoje:
Quem e como nos conduzem à catástrofe
Capítulo 6
A NOVA OFENSIVA
USA/NATO
6.1 11 de Setembro:
maxi-ataque terrorista via satélite.
O esforço bélico renovado chega acompanhado, a Washington, pela
redefinição do inimigo a combater. Durante a guerra era absolutamente claro
quem era o inimigo dos Estados Unidos: o «Império do Mal», representado pela
União Soviética. A certa altura ele cai, deixando esse mesmo país na posição de
única superpotência, mas defronte a um grave problema: Quem é agora o inimigo?
Sem ter mais a «ameaça soviética», como é que os Estados Unidos poderiam
continuar a armar-se e a manter a sua indiscutível liderança nos confrontos dos
aliados, sobretudo europeus?
Então é introduzida a «ameaça regional», sobre cujo fundamento são
conduzidas as duas primeiras guerras depois da guerra fria: a do Golfo (sob a
presidência do republicano George Bush) e a da Jugoslávia (sob a presidência do
democrata Bill Clinton), ambas focadas sobre o inimigo número um do momento,
primeiro Saddam Hussein; depois Slobodan Milosevic.
Com a primeira guerra, os USA reforçam a sua presença militar e
influência política na área estratégica do Golfo, onde está concentrada grande
parte das reservas petrolíferas mundiais. Com a segunda, reforçam a sua
presença e influência na Europa, no momento crítico em que se estão a tornar a
desenhar os activos, e revitalizam a NATO, atribuindo-lhe (com o consentimento
dos aliados) o direito de intervir e estendê-la para Leste, nos países do
antigo Pacto de Varsóvia.
Porém, o mundo não vai como decidem na Casa Branca. A economia dos EUA,
embora sendo a maior, perde terreno sobretudo nos confrontos com a da União
Europeia e entra em recessão. Simultaneamente, no mundo árabe há sinais
crescentes de intolerância perante o predomínio americano e a presença
militar USA, na península árabe, enquanto na Ásia, a reaproximação
russo-chinesa promete a possibilidade uma coligação capaz de desafiar os USA.
Exactamente neste momento crítico, o ataque terrorista de 11 de Setembro de 2001 a
New York e Washington permite ao Estados Unidos lançar a sua ofensiva militar e
política. «O Presidente está autorizado a usar toda a força necessária e apropriada contra as nações, organizações ou pessoas que ele determinar terem
planificado, autorizado, cometido ou apoiado os ataques terroristas de 11 de
Setembro de 2001, ou que tenha dado refúgio a tais organizações ou pessoas»:
com esta fórmula, o Senado e a Câmara dos representantes dos Estados Unidos conferem plenos poderes ao Presidente, para conduzir o que Bush define como «uma cruzada contra o terrorismo».
Deste modo, abre-se uma nova fase da situação internacional: o Presidente
dos Estados Unidos está autorizado, em nome da luta contra o terrorismo, a conduzir
uma guerra não só contra organizações ou pessoas, mas contra nações inteiras,
cuja culpabilidade é decretada pelo mesmo Presidente, que lavra a sentença sem
processo nem possibilidade de apelo e ordena a execução imediata por meio da
guerra.
Esta guerra de novo tipo, em que não existem fronteiras geográficas, não é
conduzida contra um inimigo preciso. Ele pode ser identificado, de vez em
quando, não só num terrorista ou presumido como tal, mas em quem quer que se
oponha à política e aos interesses dos Estados Unidos. A imagem perfeita de um inimigo, intercambiável e
duradoura. O Presidente Bush define-o «um inimigo escuro, que se esconde nos
cantos escuros da Terra», de onde surge de improviso para executar à luz do
sol, acções aterradoras, com um fortíssimo impacto emotivo sobre a opinião
pública. O desabar das Torres Gémeas, que provoca a morte a 2.753 pessoas
inocentes, é transmitido em directo, via satélite.
A seguir:
6.2 11 de Setembro: as falhas da
versão oficial.
Ler este capítulo e os precedentes em
Tradutora: Maria Luísa de
Vasconcellos
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