MANLIO DINUCCI
GUERRA NUCLEAR
O DIA ANTERIOR
De Hiroshima até hoje:
Quem e como nos conduzem à catástrofe
ÍNDICE
2.2 Os mísseis balísticos intercontinentais
Inicia-se, neste período, a distribuição dos transportadores nucleares mais mortíferos: os mísseis balísticos intercontinentais, lançados de terra (ICBM).
O primeiro ICBM americano é o Atlas, que é exibido numa série de testes em 1957-58: tendo um alcance de 12.000 km, pode atingir com a sua ogiva nuclear, qualquer objectivo no interior da União Soviética. A URSS desenvolve, no mesmo período, o seu primeiro ICBM, o R-7/SS-6 Sapwood, que, tendo um alcance de 10.000 km, pode atingir, por sua vez, os EUA com uma ogiva nuclear de 3-5 megaton.
Em 1961, os EUA possuem um ICBM mais desenvolvido, o Titan II. No mesmo ano, a URSS dispõe de um novo míssil, o R-16/SS-7 Saddler. Com um alcance de 13.000 km e uma ogiva nuclear até 6 megaton.
Os Estados Unidos continuam, em simultâneo, um programa que prevê a produção em massa e a distribuição de um novo ICBM, simples e confiável, capaz de destruir objectivos de qualquer tipo: é o Minuteman, que um consórcio de cinco indústrias constrói em quatro modelos sucessivos, um melhorado em relação ao outro. Na primeira fase, pensa-se instalar parte dos mísseis em rampas de lançamento móveis, que deveriam circular, continuamente, ao longo da rede ferroviária, de modo a fugir a um eventual ataque soviético.
Depois de ser efectuada uma série de provas em 1960, decide-se instalá-los todos em silos (poços reforçados, contendo a rampa de lançamento), espalhados no território à distância de 5-11 km uns dos outros. Os silos, em grupos de dez, estão ligados aos centros de controlo de lançamento, em bunkers subterrâneos reforçados, em cada um dos quais, vinte e quatro horas sobre vinte e quatro, estão dois oficiais prontos a lançar os mísseis, logo que seja recebida a ordem. Os primeiros Minuteman tornaram-se operacionais em 1961.
Como resposta, a União Soviética dispõe do ICBM R-36, designado no Ocidente como SS-9 Scarp, com um alcance de 12.000 kms, uma ogiva de 12-18 megaton: são destinados a atacar os 100 centros de controlo de lançamento dos 1.000 mísseis Minuteman, espalhados nos Estados Unidos.
Prosseguem, a par e passo, o desenvolvimento e a distribuição dos mísseis balísticos lançados do mar (SLBM) O primeiro é o americano Polaris A1, testado em 20 de Julho de 1960, quando foi lançado de um submarino em imersão, o George Washington. Em Novembro do mesmo ano, o George Washington torna-se operacional. É o primeiro submarino do mundo a propulsão nuclear, armado de mísseis balísticos para o ataque nuclear. Pode avizinhar-se, submerso, da União Soviética ou da China e, ao lançar os seus 16 mísseis Polaris, pode atingir qualquer objectivo sobre esses territórios.
Em 1961, são armados de mísseis Polaris de segunda geração (A2) seis submarinos de ataque nuclear. Os Polaris A2 são substituídos pelos Polaris A3, no início de 1964, pois têm uma dimensão menor e um alcance maior (mais 4.000 km).
Também a União Soviética constrói mísseis balísticos lançados de submarinos: os R-21/SS-N-5 Serb, que se tornam operacionais em 1963. Contudo, são inferiores aos americanos, dado que têm um alcance menor (1.400 km) e cada submarino «só» pode levar três.
A Grã-Bretanha inicia, em 1955, o desenvolvimento de um míssil balístico de alcance intermédio (4.000 km) armado de uma ogiva nuclear, sucessivamente, a partir de 1968, distribui uma força de quatro submarinos armados de mísseis Polaris, fornecidos pelos EUA. Também a França constrói uma série de transportadores nucleares: o bombardeiro supersónico Mirage IV, que começa a ser distribuído em 1964; os mísseis balísticos lançados do solo, S-2 e Pluton, e o M-20 lançado do mar, que na primeira metade dos anos 70, formam o nervo da force de frappe.
A seguir:
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
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