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Saturday, April 28, 2018

PT -- GUERRA NUCLEAR: 2.6 Os mísseis balísticos com ogivas múltiplas independentes

MANLIO DINUCCI

“Copyright Zambon Editore”


GUERRA NUCLEAR
O DIA ANTERIOR
De Hiroshima até hoje:
Quem e como nos conduzem à catástrofe


2.6  Os mísseis balísticos com ogivas múltiplas independentes

Quando as palavras correspondem os factos, demonstram-no os Estados Unidos que, apenas dois anos após ter assinado o TNP, começaram a distribuir os ICBM Minuteman III com ogiva nuclear  MIRV (Multiple independently targetable reentry vehicle) : cada míssil transporta três «veículos de retorno», ou seja, três ogivas nucleares que, lançadas no apogeu da trajectória balística, ao tornar a entrar na atmosfera, dirigem-se, independentemente, sobre os respectivos objectivos. Com a tecnologia MIRV, cada míssil está, a partir deste momento, capaz de atingir mais objectivos, distantes uns dos outros, multiplicando assim a sua mortandade. Também a União Soviética lança, pouco depois, mísseis de ogivas MIRV, são os R-36M/SS-18 Satan, cada um armado de 8-10 ogivas nucleares independentes.
Desenvolve-se uma competição análoga no campo dos mísseis balísticos lançados do mar. Já a partir de 1964, os Polaris americanos da terceira geração, chegam armados, cada um, com três ogivas nucleares independentes: isso permite a um único submarino atingir com os seus 16 mísseis, 48 objectivos. Em 1969, a União Soviética reduz a vantagem nos confrontos dos EUA, instalando nos seus próprios submarinos, mísseis mais eficientes, os R-27/SS-N-6 Serb: um submarino nuclear da classe Yankee pode transportar 16 daqueles mísseis e lançá-los quando está submerso. Alguns anos depois, em 1975, são instalados os mísseis R-27 MIRV, cada um com três ogivas independentes. Neste ponto, também um único submarino soviético pode atingir 48 objectivos a mais de 3.000 km de distância.
Entretanto, no início de 1971, os EUA começam a distribuir os novos mísseis SLBM Poseidon C3, aumentando a sua vantagem: cada míssil pode transportar até 14 ogivas nucleares independentes. Isto significa que um único submarino com os seus 16 mísseis, pode atingir 200 objectivos. A URSS responde,  distribuindo em 1974, nos seus submarinos da classe Delta, os mísseis R-29/SS-N-8 Sawfly, com um alcance de 9.000 km, e sucessivamente os R-29 RM/SS-N-23 Skif, cada um com 4-10 ogivas MIRV. Um único submarino soviético pode, assim, atingir, com os seus 16 mísseis, até 160 objectivos. No entanto, os EUA, passam, neste ponto, para uma nova geração de mísseis lançados do mar, os Trident C-4, que começam a instalar nos seus submarinos em 1979. Um único submarino, armado de 24 mísseis Trident com ogivas MIRV, pode atingir 200 objectivos.
Perto do fim dos anos setenta, a URSS ultrapassa os EUA em número de armas nucleares: mais de 26.000 em confronto às 24.000 dos Estados Unidos, segundo as estimativas relativas a 1978. A Grã-Bretanha, naquele ano, possui 500 armas nucleares; a França, 230; a China, 190.
De geração em geração, os mísseis balísticos intercontinentais tornam-se cada vez mais precisos: O seu CEP (provável erro circular, dentro do qual caiem metade das ogivas nucleares) restringe-se a 4 km, a menos de 500 metros.
Além dos mísseis balísticos intercontinentais (com um alcance superior a 5.500 km), os EUA e a URSS distribuem mísseis balísticos de menor alcance: alcance intermédio (3.000-5.500 km), alcance médio (1.000-3.000 km) e curto alcance (até 1.000 km). Estes mísseis com ogivas nucleares, quando se avizinham dos objectivos, podem ter efeitos análogos aos dos mísseis intercontinentais.
A seguir:

2.7 A bomba N
Tradutora: Maria Luisa de Vasconcellos

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