MANLIO DINUCCI
GUERRA NUCLEAR
O DIA ANTERIOR
De Hiroshima até hoje:
Quem e como nos conduzem à catástrofe
5.5. A introdução da Coreia do Norte entre as potências nucleares
Nessa situação, em que um círculo restrito de Estados procura manter o oligopólio das armas nucleares, na qual, quem possui armas nucleares ameaça quem não as tem, é sempre mais provável que os outros procurem obtê-las e sejam bem sucedidos.
O caso da Coreia do Norte é um bom exemplo, país que possui grandes jazidas de urânio. A meio dos anos sessenta, tinha um programa nuclear civil, abrindo em Yongbyon, um centro de pesquisa sobre energia atómica, em que é instalado um reactor de pesquisa, pela União Soviética. Dez anos depois, os especialistas norte coreanos, formados na URSS, conseguem, autonomamente, modernizar o reactor soviético e construir um segundo, Assim sendo, nos anos oitenta, construíram um segundo reactor de 200 megawatt, em Taechon e uma fábrica de tratamento em Yongbyon. Segundo estimativas, é produzida uma quantidade de plutónio suficiente para fabricar três ogivas nucleares.
Nesta ocasião, ainda existe a possibilidade de Pyongyang renunciar ao fabrico de armas nucleares. Em 1985, assina o Tratado de Não-Proliferação. Mas depois de ter aderido ao Tratado, a Coreia do Norte, assim como todos os países que não possuem armas nucleares, torna-se consciente de ter permitido que lhe amarrassem as mãos, perante a violação contínua do Tratado pelos Estados Unidos, os primeiros signatários e dos outros países dotados de armas nucleares que, longe de se desarmarem, continuam a aumentar os seus armamentos e a usar a arma nuclear como instrumento de pressão política nos confrontos com os países que não as possuem.Por conseguinte, Pyongyang retoma o programa nuclear militar.
Em 1992, a Agência Internacional para a Energia Atómica declara que a Coreia do Norte transferiu plutónio do program civil para o programa militar. Em 1994, Washington e Pyongyang negociam um acordo-quadro baseado no qual, a Coreia do Norte se compromete a congelar o programa militar em troca do fornecimento, da parte dos EUA, de dois reactores de água leve e de outras tecnologias civis. No entanto, a negociação falha e a Coreia do Norte, em Janeiro de 2003, retira-se do Tratado de Não proliferação, acusando os Estados Unidos de ameaçá-la com armas nucleares, colocadas na Coreia do Sul.
Em Agosto de 2003, iniciam-se os «colóquios dos seis» sobre o nuclear norte-coreano, entre as duas Coreias, a Rússia, a China, o Japão e os Estados Unidos. Em 2005, é adoptada uma declaração conjunta, pela qual a Coreia do Norte se obriga a abandonar o programa militar em troca de garantias para a sua segurança e assistência no sector energético.
Mas, depois das tensões crescentes, provocadas pela ofensiva global lançada pelos Estados Unidos a partir de 2001 (ver capítolo 6), a Coreia do Norte está sempre mais resistente em obedecer aos acordos dos «colóquios dos seis», os quais abandona definitivamente em 2009.
Em 2006, efectua o seu primeiro teste nuclear subterrâneo com um engenho de potência estimada em 1 kiloton. Em 2009, o segundo teste com um engenho de 2-6 kiloton. Segue-se o terceiro teste em 2013 e o quarto e o quinto em 2016, este último com uma bomba atómica de 20-25 kiloton de potência. Em 2017, a Coreia do Norte efectua o sexto teste, com um engenho de 100 kiloton, que Pyongyang declara ser uma bomba de hidrogénio.
A seguir
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
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