Iniciamos, com este primeiro relatório
periódico trimestral do Observatório da Guerra e Militarismo, compilando aquilo
que de mais significativo ocorreu no domínio da guerra, da defesa, da
geoestratégia, das alianças militares e outras e, também, dos movimentos que em
todo o mundo se erguem em defesa da paz, denunciando as guerras e as suas
horríveis sequelas nas populações. Na impossibilidade de sermos exaustivos,
selecionámos aspetos que nos parecem merecer maior destaque.
Aguardamos as vossas críticas e
sugestões.
1. Situações de crise/guerras
regionais
1.1 Venezuela.
A Venezuela tem
sido objeto de sanções unilaterais, portanto ilegais, face ao Direito
Internacional(1), por parte do governo dos
EUA desde há mais de uma dezena de anos. Agora, este governo avançou para uma
postura de derrube ativo, (2) apoiando Guaidó, que não tem absolutamente
nenhuma legitimidade (3) para se autoproclamar presidente interino. As nações
mais dependentes de Washington, na América do Sul e Central, ou na União
Europeia, mostraram o seu estatuto de vassalos (4) ao acudirem e somarem-se ao
«reconhecimento» de um falso chefe de Estado Venezuelano. Os EUA, entretanto,
confiscaram ativos, (5) no valor de duzentos biliões de dólares, à Venezuela.
Foram orquestradas, pelos EUA, ajudas humanitárias e feitas sabotagens da rede
elétrica (6) na Venezuela, com o objetivo de provocar instabilidade e
descontentamento (7) em relação ao regime de Maduro. Os russos ajudaram o
governo de Maduro recentemente, enviando cerca de uma centena de militares e
muita ajuda humanitária, assim como armamento sofisticado. O grupo de
Montevideu (8) (composto pelo México, Uruguai, Caraíbas e Bolívia) tem tentado
o diálogo entre o governo Maduro e a oposição, mas a sua iniciativa não teve,
por enquanto, tradução visível. Existe no cone sul do continente Americano (9),
nomeadamente no Brasil e Argentina, (10) uma viragem pró-EUA e contra os
regimes alternativos às políticas neoliberais dos EUA.
Em termos de curto prazo, a
situação poderá evoluir, com mais provocações e ataques (11) por parte dos EUA
em apoio à oposição golpista na Venezuela. Não está excluída a realização de um
ataque de falsa bandeira (manobra para colocar, falsamente, como responsável da
ação bélica o adversário que se quer invadir), pois tal já aconteceu no passado
recente.
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