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Monday, June 17, 2019

PT -- Manlio Dinucci -- A Arte da Guerra -- QUEM SÃO OS INCENDIÁRIOS DOS PETROLEIROS?

A arte da guerra
Quem são os incendiários dos petroleiros
Manlio Dinucci

Enquanto os Estados Unidos preparam uma nova escalada no Médio Oriente, acusando o Irão de atacar petroleiros no Golfo de Omã, o Vice-Primeiro Ministro,  Matteo Salvini, encontra, em Washington, o Secretário de Estado, Mike Pompeo, um dos arquitectos dessa estratégia, assegurando-lhe que a “A Itália quer voltar a ser, no continente europeu, o primeiro parceiro da maior democracia ocidental”. Liga, assim, a Itália à operação lançada por Washington.

O “incidente do Golfo de Omã”, casus belli contra o Irão, reproduz o “incidente do Golfo de Tonkin” de 4 de Agosto de 1964, usado como casus belli para bombardear o Vietnam do Norte, acusado de atacar um contra-torpedeiro dos EUA, (acusação que depois acabou, demonstrada como falsa).

Hoje, um vídeo divulgado em Washington mostra a tripulação de um pretenso barco-patrulha iraniano que, em plena luz do dia, remove do lado de um petroleiro, uma mina não explodida para esconder a sua origem (já que a mina tinha a inscrição “made in Iran”). Com essas “provas”, que constituem um verdadeiro insulto à inteligência, Washington tenta camuflar o objectivo da operação.

Faz parte da estratégia do controlo das reservas globais de petróleo e gás natural e dos corredores de energia relacionados[1]. Não é por acaso que os Estados Unidos têm como alvo o Irão e o Iraque, cujas reservas totais de petróleo excedem as da Arábia Saudita e são cinco vezes maiores do que as dos EUA. As reservas de gás natural iranianas são cerca de 2,5 vezes superiores às dos Estados Unidos. Pela mesma razão, a Venezuela  está na mira USA - o país com as maiores reservas de petróleo do mundo. O controlo dos corredores energéticos é da maior importância.

Acusando o Irão de querer “interromper o fluxo de petróleo através do Estreito de Hormuz”, Mike Pompeo anuncia que “os Estados Unidos defenderão a liberdade da navegação”. Por outras palavras, anuncia que os Estados Unidos querem controlar militarmente esta zona fundamental para o aprivisionamento de energia da Europa, acima de tudo, impedindo o trânsito do petróleo iraniano (ao qual a Itália e outros países europeus não podem, entretanto, aceder livremente, devido à proibição dos EUA).



Ø  Do Irão, também teria podido chegar à Europa o gás natural a baixo preço por intermédio de um gasoducto através do Iraque e da Síria, mas o projecto, lançado em 2011, fracassou após a operação USA/NATO para destruir o Estado sírio.

Ø  Da Rússia, poderia ter chegado directamente à Itália, e daqui poderia ser distribuído por outros países europeus com vantagens económicas consideráveis, gás natural por meio do South Stream através do Mar Negro, mas o gasoducto, já em estágio avançado, foi bloqueado em 2014, sob pressão dos Estados Unidos e da própria União Europeia, com grandes prejuízos para a Itália. Em vez disso, foi avante a duplicação do Nord Stream, que faz da Alemanha o centro de distribuição do gás russo.


Posteriormente, com base no acordo de “Cooperação estratégica USA-UE”, assinado em Julho de 2018, triplicaram as exportações de gás natural liquefeito (GNL), dos EUA para a UE. O centro de distribuição é a Polónia, onde o “gás da liberdade” também chegará à Ucrânia. O objectivo de Washington é estratégico: atingir a Rússia, substituindo na Europa, o gás russo pelo gás dos EUA. No entanto, não há garantia nem sobre os preços, nem sobre a duração do fornecimento de gás dos EUA, extraído do xisto betuminoso por meio duma técnica ambientalmente desastrosa de fracking.


O que diz de tudo isto Matteo Salvini que, ao chegar à “maior democracia ocidental”, declarou orgulhosamente:  “Faço parte de um governo que, na Europa,  não se contenta mais com migalhas”?


[1] “Geopolítica do petróleo na era Trump”, Thierry Meyssan, Tradução Alva, Rede Voltaire, 9 de Abril de 2019.

il manifesto, 18 de Junho de 2019



Kiselev: Trabalho grosseiro! Ninguém, na Europa ou no mundo, jamais vai acreditar numa narrativa de bandeira falsa dos EUA!

Na quinta-feira, dois petroleiros, noruegueses e japoneses, sofreram uma explosão no Golfo de Omã, na via marítima entre o Irão e Oman. Os americanos acusaram imediatamente o Irão de um ataque de torpedo. É claro que a situação foi discutida em pormenor, em Bishkek, à margem da Cimeira da SCO, durante a reunião bilateral dos Presidentes russo e iraniano, Putin e Rouhani.
Os americanos acusaram imediatamente o Irão de um ataque de torpedo. As explosões foram precisas: Nenhum dos petroleiros se afundou.
O Irão afirmou, imediatamente, que foi uma provocação e negou todas as acusações. Os americanos aumentaram o grau de horror. Na sexta-feira, o próprio Trump acusou o Irão. Um vídeo pouco claro foi apresentado como prova. Mostra pessoas não identificadas num barco não identificado na escuridão a fazer algo, num tabuleiro alto de um navio não identificado.
Também se desconhece quando foi filmado: pode ter acontecido há dez anos! E não está claro quem estava a filmar e com que tipo de dispositivo. Pode ser encenado.
Enquanto isso, o Comando Central dos EUA declarou que era uma filmagem feita por soldados iranianos, removendo uma mina não explodida da placa do petroleiro atacado para encobrir o seu rasto. Não está claro por que é que os soldados iranianos levariam a mina embora. Qualquer um poderia colocar lá. Os iranianos devem tirar as minas de todos os petroleiros?
Enfim, o que prova que são os iranianos na filmagem? É um absurdo, mas até agora, tem sido o argumento mais forte dos EUA contra o Irão.
Naturalmente, a situação foi discutida em detalhes em Bishkek, à margem da Cimeira da SCO.
No dia anterior a esta reunião, o MFA da Rússia representado pelo Vice-Ministro Ryabkov: “Gostaria de aproveitar esta oportunidade para alertar a todos contra um julgamento precipitado e tentar imputar a responsabilidade àqueles que não gostam, melhor dizendo, a um número de Estados todos nós conhecemos bem.”
Qualquer um poderia tê-la colocado lá. Os iranianos devem tirar as minas de todos os petroleiros? Enfim, o que prova que são os iranianos na filmagem? É um absurdo, mas até agora, tem sido o argumento mais forte da América contra o Irão.
É claro que a situação foi discutida em detalhes, em Bishkek, à margem da Cimeira da SCO durante a reunião bilateral dos Presidentes russo e iraniano, Putin e Rouhani.
No dia anterior a essa reunião, o MFA da Rússia, representado pelo vice-ministro Ryabkov, advertiu a todos contra um julgamento precipitado que só poderia derramar óleo sobre as chamas.
"Gostaria de aproveitar esta oportunidade para alertar a todos contra um julgamento precipitado e tentar colocar a responsabilidade sobre aqueles que não gostam, melhor dizendo, por um número de Estados que conhecemos bem."
No entanto, o Reino Unido estava pronto para “emparelhar” com os EUA. Eles disseram que, de facto, era o Irão.
A Alemanha, ao contrário, sutilmente duvida da prova dos Estados Unidos. Heiko Maas, MFA da Alemanha: “O vídeo não é suficiente. É claro que podemos perceber o que está nele, mas não acho que seja suficiente para tirar conclusões definitivas.”A França exprimiu aproximadamente a mesma opinião, assim como a Alta Representante da União para Assuntos Estrangeiros, Federica Mogherini.
Ficou claro que, se os EUA atacarem o Irão, a Europa considerará um acto de agressão. A Europa, assim como os aliados continentais dos EUA da NATO, obviamente não querem nada disso. No entanto, esta stuação gera preocupação. É óbvio que a sabotagem no Golfo de Omã apresenta um caso clássico de provocação para instigar a guerra.
Há pouco tempo, discutimos o facto de Trump ter enviado uma armada de sete navios de guerra, comandados pelo porta-aviões Abraham Lincoln para a região.
Recentemente, outro contratorpedeiro, Mason, carregando Tomahawks, também partiu para lá.

Por esta razão, a região está literalmente recheada de Tomahawks americanos. Os americanos têm o dedo no gatilho. Eles só não tinham uma desculpa para começar a guerra. Agora, eles têm uma desculpa inventada. É uma situação perigosa.

Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
Email: luísavasconcellos2012@gmail.com

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