MANLIO DINUCCI
GUERRA NUCLEAR
O DIA ANTERIOR
De Hiroshima até hoje:
Quem e como nos conduzem à catástrofe
4.7 Campo de testes de bombardeiros de ataque nuclear e uso maciço de armas de urânio empobrecido
A guerra contra a Jugoslávia serve ao Pentágono para tornar alguns sistemas de armas nucleares, ainda mais letais, testando-os em ataques com armas «convencionais» (não nucleares). Entre estes, para avaliar os dois bombardeiros estratégicos pesados, de ataque nuclear, o B-2 Spirit e o B-1 Lancer.
O B-2 Spirit recebe o baptismo de fogo em 1999, na guerra contra a Jugoslávia, durante a qual seis destes bombardeiros, partindo da base de Whiteman, no Missouri, efectuam globalmente, 45 ataques, lançando 656 bombas JDAM. Estes bombardeiros stealth (furtivos), invisíveis ao radar, podem transportar 18 toneladas de bombas em várias combinações: por exemplo, 16 bombas «smart = inteligentes», (com orientação de precisão laser o JDAM) de 900Kg, ou 34 bombas agrupadas, tipo CBU-87, que liberta 200 minas anti-tanques ou anti-pessoas. Mas, além destas bombas «convencionais», o B-2 Spirit pode transportar 16 bombas nucleares B-61 ou 16 mísseis ar-terra AGM-129 com ogivas nucleares.
O B-1 Lancer recebe o baptismo de fogo, em 1998, na operação Desert Fox, contra o Iraque, no ano seguinte, na guerra contra a Jugoslávia, durante a qual seis B-1, estabelecidos na base inglesa de Fairford, efectuam, globalmente, 100 missões de bombardeamento, transportando de cada vez, dezenas de bombas de agrupamento e de orientação, de precisão.
O uso destes bombardeiros estratégicos concebidos para o ataque nuclear, não apenas em guerras simuladas, mas em guerras reais, permite melhorar a eficiência dos aviões e a capacidade dos pilotos e também para um emprego eventual dos mesmos, numa guerra nuclear.
Além do mais, a guerra nos Balcãs, serve para experimentar em larga escala, pela segunda vez, as balas de urânio empobrecido. Das admissões parciais da NATO resulta que foram usadas outras 10 mil na Bósnia e 333 mil na Sérvia e no Kosovo, num total de 15 toneladas. Todavia, dado que a mesma NATO admite ter perdido a conta das balas disparadas, pode considerar-se que a quantidade real seja, pelo menos, o dobro. Basta pensar que um avião A-10, com o seu canhão Avenger de sete canos, pode disparar 4.200 balas por minuto.
As consequências sanitárias aparecem nos anos seguintes:análises efectuadas pelo Ministério da Saúde sérvio, mostram um fortíssimo aumento de doenças tumorais e de auto-imunidade e de infertilidade, sobretudo masculina, que cresceu mais de 100 vezes. O cientista britânico, Roger Coghill, efectua uma pesquisa nos Balcãs, encontrando um aumento geral do nível de radioactividade e um incremento dos casos de leucemia e de tumores do cérebro. Começa-se neste ponto, a falar do «síndroma dos Balcãs». Em Itália, no ano 2000, uma comissão, encarregada pelo Ministério da Defesa, encontra entre os militares envolvidos na Bósnia e Kosovo, um excesso estatisticamente significativo, de casos de linfoma de Hodgkin, mas, assim como outras comissões oficiais internacionais, não relaciona a incidência destas e de outras formas tumorais com a exposição ao urânio empobrecido.
Nos três anos seguintes, ficam enfermos com doenças tumorais, depois de terem estado na Bósnia e em Kosovo, mais de 200 militares, 20 dos quais morrem. Um estudo, efectuado pelos especialistas de oncologia de Modena, sobre tecidos retirados/biópsias aos jovens militares doentes ou mortos pelo linfoma de Hodgkin, revelam a presença de partículas de metais pesados, cuja forma arredondada é atribuída à temperatura superior a 1.200 graus centígrados, que só as armas de urânio empobrecido conseguem desenvolver.
São os primeiros italianos a morrer devido ao efeito das radiações nucleares.
A seguir:
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
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