A Arte da Guerra
Grécia, venda de bases
militares aos Estados Unidos
Manlio Dinucci
O Parlamento grego ratificou o “Acordo de Cooperação
para Defesa Mútua”, que concede aos Estados Unidos o uso de todas as bases
militares gregas. Elas servirão às forças armadas USA não só para armazenar
armamentos, reabastecer-se e treinar, mas também para operações de “resposta às
emergências”, ou seja, para missões de ataque.
Particularmente importante, é a base aérea de Larissa,
onde a Força Aérea dos EUA já instalou drones MQ-9 Reaper, e a de Stefanovikio,
onde o Exército dos EUA já introduziu helicópteros Apache e Black Hawk.
O Acordo foi definido pelo Ministro da Defesa grego,
Nikos Panagiotopoulos, “vantajoso
para os nossos interesses nacionais, pois aumenta a importância da Grécia
na planificação USA”. Importância que a Grécia tem já há algum tempo: basta
recordar o golpe de Estado sangrento dos coronéis, organizado em 1967, no
âmbito da operação Stay-Behind dirigida pela CIA, seguida em Itália pela temporada
de massacres iniciada com a Piazza Fontana, em 1969.
Naquele mesmo ano, instalou-se na Grécia, em Souda
Bay, na ilha de Creta, um Destacamento Naval USA proveniente da base de
Sigonella, na Sicília, às ordens do Comando USA de Nápoles. Hoje, Souda Bay é
uma das mais importantes bases aeronavais USA/NATO no Mediterrâneo, usada nas
guerras no Médio Oriente e no Norte de África. Em Souda Bay, o Pentágono investirá
outros 6 milhões de euros, que se juntarão aos 12 que investirá em Larissa,
anuncia Panagiotopoulos,
apresentando-o como um grande negócio para a Grécia.
No entanto, o Primeiro Ministro Kyriakos Mitsotakis indica com precisão que Atenas já assinou com o
Pentágono, um acordo para o reforço da
sua frota de F-16, que custará à Grécia 1,5 bilião de dólares e que também está
interessada em comprar aos USA, drones e caças F-35.
A Grécia também se destaca por ser na NATO, depois
da Bulgária, o aliado europeu que destina há muito tempo,
a maior percentagem do PIB (2,3%) para a despesa militar.
O Acordo também garante aos Estados Unidos “o uso
ilimitado do porto de Alexandroupolis”. Está localizado no mar Egeu, perto do
Estreito de Dardanelos que, ligando no território turco, o Mediterrâneo e o Mar
Negro, constitui uma rota fundamental de trânsito marítimo, sobretudo para a
Rússia. Além do mais, a vizinha Trácia Oriental (a pequena parte europeia da
Turquia) é o ponto em que chega da Rússia através do Mar Negro, o gasoduto
TurkStream.
O “investimento estratégico”, que Washington já está a efectuar nas infraestruturas portuárias,
visa fazer de Alexandroupolis uma das bases militares USA mais importantes da
região, capaz de bloquear o acesso dos navios russos ao Mediterrâneo e, ao
mesmo tempo, neutralizar a China, que pretende fazer do Pireu, um porto de
escala importante da Nova Rota da Seda.
“Estamos a trabalhar com outros parceiros democráticos
da região para repelir protagonistas malignos, como a Rússia e a China, acima
de tudo a Rússia, que usa a energia como instrumento da sua influência malévola”,
declara o Embaixador dos EUA em Atenas, Geoffrey
Pyatt, salientando que “Alexandroupolis desempenha um papel crucial para a
segurança energética e para a estabilidade da Europa”.
Nesse âmbito, insere-se o “Acordo de Cooperação para
a Defesa Mútua” com os USA, que o Parlamento grego ratificou com 175 votos a
favor, do centro-direita ao governo (Nova Democracia e outros) e 33 contra
(Partido Comunista e outros), enquanto 80 declararam “presente”, de acordo com
a fórmula do Congresso USA, equivalente à abstenção, em uso no Parlamento
grego. O Syriza, a “Coligação da Esquerda Radical” liderada por Alex
Tsipras, absteve-se. Partido este, que esteve primeiro no Governo, agora está na oposição, num
país que depois de ser forçado a vender a própria economia, agora vende não só
as suas bases militares, mas o pouco que resta da sua soberania.
il manifesto, 11 de Fevereiro de 2020
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DECLARAÇÃO DE FLORENÇA
Para uma frente internacional NATO EXIT,
em todos os países europeus da NATO
Para uma frente internacional NATO EXIT,
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Manlio Dinucci
Geógrafo e geopolitólogo. Livros mais recentes: Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’arte della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016, Guerra Nucleare. Il Giorno Prima 2017; Diario di guerra Asterios Editores 2018; Premio internazionale per l'analisi geostrategica assegnato il 7 giugno 2019 dal Club dei giornalisti del Messico, A.C.
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com
Webpage: NO WAR NO NATO
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