A Arte da Guerra
Manobras
estratégicas por trás da crise do Coronavírus
Manlio Dinucci
À medida
que a crise do Coronavírus paralisa sociedades inteiras, forças poderosas
movem-se para tirar a máxima vantagem da situação.
·
No dia seguinte - enquanto o exercício USA “Defensor
da Europa 2020” prosseguia, com menos soldados, mas com mais bombardeiros
nucleares - iniciou na Escócia, o exercício aeronaval NATO Joint Warrior com forças USA, britânicas, alemãs e outras, que
durará até 10 de Abril, também com operações terrestres.
Entretanto,
os países europeus da NATO são
advertidos por Washington de que, apesar das perdas económicas provocadas pelo
Coronavírus, devem continuar a aumentar os seus orçamentos militares para
“manter a capacidade de se defender”, obviamente, da “agressão russa”.
Na
conferência de Munique, em 15 de Fevereiro, o Secretário de Estado, Mike Pompeo,
anunciou que os Estados Unidos solicitaram aos aliados para reservar outros 400
biliões de dólares para aumentar as despesas militares da NATO, que já
ultrapassam bem mais de 1 trilião de dólares, anualmente.
A Itália
deve, portanto, aumentar as suas despesas militares, que já subiram para mais
de 26 biliões de euros por ano, ou mais do que o que o Parlamento autorizou
destinar, precisamente, para a emergência Coronavírus (25 biliões). Assim, a
NATO ganha terreno numa Europa largamente paralisada pelo vírus, onde os USA,
hoje mais do que nunca, podem fazer o que querem.
Na
conferência de Munique, Mike Pompeo, atacou violentamente não só a Rússia, mas
também a China, acusando-a de usar a Huawei e outras empresas como “cavalo de
Tróia dos serviços secretos”, ou seja, como ferramentas de espionagem. Deste
modo, os Estados Unidos aumentam a sua pressão sobre os países europeus para
que também quebrem os acordos económicos com a Rússia e com a China e
fortaleçam as sanções contra a Rússia.
O que é
que a Itália deveria fazer, se tivesse um governo que quisesse defender os nossos
verdadeiros interesses nacionais?
Ø Antes
de tudo, deveria recusar-se a aumentar a nossa despesa militar, avolumada
artificialmente com a fake news da “agressão
russa”, e submetê-la a uma revisão radical para reduzir o desperdício de
dinheiro público em sistemas de armas como o caça americano F-35.
Ø Deveria
suspender imediatamente as sanções contra a Rússia, desenvolvendo o intercâmbio
ao máximo.
Ø Deveria
aderir ao pedido - apresentado em 26 de Março à ONU, pela China, Rússia, Irão,
Síria, Venezuela, Nicarágua, Cuba e Coreia do Norte - que as Nações Unidas
pressionem Washington para abolir todas as sanções, particularmente
prejudiciais no momento em que os países que sofrem com elas, estão afectados
pelo coronavírus.
Da
abolição das sanções ao Irão também resultariam vantagens económicas para a
Itália, cuja troca com este país foi praticamente bloqueada pelas sanções USA.
Estas e outras medidas dariam oxigénio, sobretudo, às pequenas e médias
empresas sufocadas pelo encerramento forçado, disponibilizariam fundos para a
emergência, especialmente, a favor das camadas mais desfavorecidas, sem, por
isso, se endividarem.
O maior
risco é sair da crise com o nó corrediço no pescoço provocado por uma dívida externa, que
poderia reduzir a Itália às condições da Grécia.
Mais
poderosas do que as forças militares, aquelas que mantêm as alavancas das
tomadas de decisão, mesmo no complexo industrial-militar, são as forças da
grande finança internacional, que estão a usar a crise do Coronavírus para uma
ofensiva global, com as armas de especulação mais sofisticadas. São elas que
podem arruinar milhões de pequenos poupadores e que podem usar a dívida para se
apoderarem de sectores económicos inteiros.
Decisivo
nesta situação, é o exercício da soberania nacional, não a da retórica
política, mas a que está consagrada na nossa Constituição, a verdadeira
soberania que pertence ao povo.
Manlio Dinucci
il manifesto, 31 de Março de 2020
COMMUNIQUÉ ON THE CONFERENCE OF 25 APRIL
http://www.natoexit.it/en/home-en/ -- ENGLISH
http://www.natoexit.it/ -- ITALIANO
DECLARAÇÃO DE FLORENÇA
Para uma frente internacional NATO EXIT,
em todos os países europeus da NATO
Para uma frente internacional NATO EXIT,
em todos os países europeus da NATO
Manlio Dinucci
Geógrafo e geopolitólogo. Livros mais recentes: Laboratorio di geografia, Zanichelli 2014 ; Diario di viaggio, Zanichelli 2017 ; L’arte della guerra / Annali della strategia Usa/Nato 1990-2016, Zambon 2016, Guerra Nucleare. Il Giorno Prima 2017; Diario di guerra Asterios Editores 2018; Premio internazionale per l'analisi geostrategica assegnato il 7 giugno 2019 dal Club dei giornalisti del Messico, A.C.
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com
Webpage: NO WAR NO NATO
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