por Valentin
Vasilescu
O míssil
Avangard está, pelo menos, dez anos à frente do armamento ocidental. Valentin
Vasilescu apresenta as suas características técnicas. Este míssil, cujo ensaio
bem-sucedido, teve lugar na presença do Presidente Putin, em 26 de Dezembro de
2018, estará à disposição do exército russo em 2019.
REDE
VOLTAIRE | BUCARESTE(ROMÉNIA) | 26 DE DEZEMBRO DE 2018
Numa
entrevista ao Krasnaïa Zvezda [1], o general Sergei Karakayev, comandante das
forças de mísseis estratégicos da Federação Russa, declarou que os primeiros
sistemas hipersónicos Avangard estariam operacionais em 2019, na 13ª divisão de
Dombarovsky. À partida, o Avangard será lançado com o míssil balístico
intercontinental ligeiro UR-100N UTTKh, e será impulsionado pelo novo foguete
Sarmat.
O Avangard é um veículo hipersónico que vai até ao limite do espaço (80 a 90 km),
a uma velocidade de 7 a 7,5 km/s, ou Mach 20-21, o que lhe permite fazer uma
trajetória balística nas camadas rarefeitas da atmosfera, sem entrar no espaço.
O Avangard viaja na atmosfera, a 20 Mach (24.500 km/h), diferentemente de todos
os mísseis balísticos, pois é capaz de mudar a sua trajetória, voar na horizontal
e efectuar mudanças de direcção. Estas características impedem o sistema
Avangard de ser interceptado por um escudo anti-balístico.
Que
inovações é que os russos trouxeram a este sistema?
1 -
Escudo Térmico
Entre a
onda de choque em frente ao veículo cósmico e a onda de choque estacionária
ligada a ele, há um espaço de cerca de 1 m constituído por plasma. É aqui que a
energia cinética gigantesca é transformada em radiações calóricas.
Os
escudos térmicos dos actuais mísseis balísticos intercontinentais são concebidos
para resistir, unicamente, às exigências de reentrada na atmosfera, que dura de
3 a 5 minutos, e não para manobras de longo prazo realizadas na atmosfera.
Na parte
superior da atmosfera, o ar é muito rarefeito e a decomposição termoquímica dos
materiais a alta temperatura é feita por pirólise. O escudo térmico do sistema
Avangard é composto por elementos que, durante o processo de pirólise, são
carbonizados e sublimados, ou seja, passam directamente do estado sólido para o
estado gasoso. O novo escudo térmico russo bloqueia a transferência de calor da
onda de choque para a estrutura do veículo Avangard no prazo de 20 minutos, durante
a atravessia da atmosfera até ao alvo.
2 –
Maniabilidade
Ao
regressar à atmosfera, ao contrário das ogivas de mísseis balísticos ou das
cápsulas da Soyuz, o Avangard tem uma espessura aerodinâmica (relação de elevação/resistência)
importante. Por este motivo é que, recebendo os impulsos repetitivos de um
motor de baixa potência, o Avangard se comporta como um planador, o que permite
que ele manobre de regresso à horizontal, suba ou faça curvas com pequenas
inclinações. A maioria dos especialistas pensam que o pequeno motor Avangard é
um motor scramjet (sistema de propulsão de motor a jacto supersónico). Este
tipo de motor permite repetidos arranques e paragens, semelhantes aos do míssil
hipersónico 3M22 Zircon.
O projecto
Avangard começou em 2004. A variante de teste Yu-71 (Projet 4202) foi experimentada no túnel aerodinâmico durante o período 2011-2013. Posteriormente, o Yu-71 foi
lançado com os mísseis estratégicos UR-100 e R-29RMU2.
3- Orientação
para o alvo
Os
parâmetros de trajectória são controlados por um computador com as coordenadas
GPS do alvo, armazenadas na sua memória. O Avangard deve ter uma massa de 4,5
toneladas. Está equipado com uma ogiva nuclear de 2 Mt (o símbolo Mt, equivalente a um milhão de toneladas)
e tem um alcance de 10.000 km.
Tradução de FR para PT:
Maria Luísa de Vasconcellos
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