ou
DOMÍNIO DA UNIVERSALIDADE
CAPÍTULO CINCO
O
Império das Bases - a Base do Império
Se
forem declarados objectivos de guerra que pareçam estar apenas preocupados com
o imperialismo anglo-americano, eles oferecerão pouco aos povos do resto do
mundo. Os interesses dos outros povos devem ser salientados. Teria um excelente
efeito de propaganda.
- Memorando privado do Council on
Foreign Relations ao US Departament of State, 1941, nos arquivos do CFR War
& Peace Studies.
Bases
Americanas Cercam a Rússia
A
expansão do escudo de defesa anti míssil de Washington, para a Polónia e para a
República Checa, bem como a decisão de ocupar o Iraque e o Afeganistão, poderão
ser melhor compreendidas quando consideradas do ponto de vista da notável
expansão da NATO, desde 1991.
Como
Putin, da Rússia, observou em Fevereiro de 2007, em Munique:
A
NATO colocou as suas forças de linha da frente junto às nossas fronteiras ...
(Eu/nós?) Pensamos que é óbvio, que a expansão da NATO não tem qualquer relação
com a modernização da Aliança em si ou de garantir a segurança na Europa. Pelo
contrário, representa uma provocação grave que reduz o nível de confiança
mútua. E temos o direito de perguntar: contra quem é pretendida esta expansão?
E o que aconteceu às garantias que nossos parceiros ocidentais nos deram,
depois da dissolução do Pacto de Varsóvia? (1)
O
estratega russo e perito militar, Yevgeny Primakov, antigo Primeiro Ministro de
Yeltsin e conselheiro próximo de Vladimir Putin, observou que a NATO foi
“fundada durante a época da Guerra Fria como uma organização regional para
garantir a segurança dos aliados dos EUA na Europa” e acrescentou:
Actualmente,
a NATO está a agir com base numa filosofia e numa doutrina completamente
diferente, deslocando-se para fora do continente europeu e conduzindo operações
militares muito além dos seus limites. A NATO... está a expandir-se
rapidamente, transgredindo acordos anteriores. A admissão de novos membros na
NATO está a dar origem à expansão de bases que acolhem militares dos EUA,
sistemas de defesa aérea, bem como componentes dos sistemas ABM.(2)
Em
2007, os países membros da NATO incluíam não só o núcleo da Guerra Fria na
Europa Ocidental, comandado por um americano, mas também pelo antigo Pacto de
Varsóvia ou Estados soviéticos: Polónia, Letónia, República Checa, Estónia,
Lituânia, Roménia, Bulgária, Hungria, Eslováquia e Eslovénia, que,
anteriormente, pertenciam à Jugoslávia. Os candidatos à adesão
incluem a República da Geórgia, Croácia, Albânia e Macedónia. O Presidente da
Ucrânia, Victor Yushchenko, tentou levar agressivamente a Ucrânia para a NATO.
Foi uma mensagem clara para Moscovo que, sem surpresa, eles não pareciam
receber de braços abertos.
Formatam-se
estruturas novas da NATO enquanto as antigas foram abolidas: A NATO Response
Force (NRF) foi lançada na Cimeira de Praga, de 2002. Em 2003, logo após a queda
de Bagdad, começou uma grande reestruturação dos comandos militares da NATO.
Foi abolido o quartel general do Comandante Supremo Aliado do Atlântico. Um
novo comando, Allied Command Transformation (ACT), foi estabelecido em Norfolk,
na Virgínia. O ACT era responsável pela condução da ‘transformação’ da NATO.
Em
2007, Washington assinou um acordo com o Japão para cooperar no desenvolvimento
da defesa anti míssil. Washington estava profundamente empenhado em testar um
sistema de defesa anti míssil com Israel. Os EUA alargaram a sua defesa anti
míssil europeia à República Checa e à Polónia, onde o Ministro da Defesa, Radek
Sikorski, era amigo íntimo e aliado dos chefes de guerra neo-conservadores do
Pentágono.
A
NATO também colocou a questão das candidaturas da Ucrânia e da Geórgia para
aderirem a essa organização. Em 15 de Fevereiro de 2007, a Comissão dos
Assuntos Externos da Câmara dos Representantes aprovou um projecto de lei
Orwelliano, denominado “Lei da Consolidação da Liberdade da NATO de 2007”, reafirmando
o apoio dos EUA ao novo alargamento da NATO, incluindo o apoio à adesão da
Ucrânia juntamente com a Geórgia.
Entretanto,
o Médio Oriente, apesar do desastre no Iraque, estava a ser militarizado com
uma rede permanente de bases americanas do Qatar ao Iraque, ao Afeganistão e
mais além.
Do
ponto de vista russo, a expansão da NATO para leste, desde o fim da Guerra
Fria, estava em clara violação de um acordo entre o antigo dirigente soviético,
Mikhail Gorbachev e o Presidente dos EUA, George H.W. Bush, que abriu caminho
para uma unificação pacífica da Alemanha, em 1990. A política de expansão da
NATO foi a continuação de uma tentativa da Guerra Fria, de cercar e isolar a
Rússia. Pelo menos, era assim que parecia, absolutamente, para aqueles, em
Moscovo, que olhavam para o ocidente e para o sul.
Novas
Bases dos EUA Para Proteger a "Democracia"?
Uma
consequência quase desapercebida da política de Washington desde o bombardeio
da Sérvia, em 1999, foi o estabelecimento de uma rede extraordinária de novas bases
militares dos EUA.
As
bases deveriam estar localizadas em partes do mundo onde, aparentemente, havia
pouco para justificá-las como sendo uma precaução defensiva dos EUA, dada a
ausência de qualquer ameaça concebível. Tinham sido construídas à custa de uma
despesa enorme, paga pelos contribuintes, excedendo e ultrapassando os custos
avultados de outros compromissos militares globais dos EUA.
A
tendência dominante do final da Segunda Guerra Mundial até à Guerra da Coreia,
foi reduzir o número de bases no exterior dos EUA. Dois anos depois do Dia da
Vitória no Japão, metade da estrutura global de guerra dos EUA tinha
desaparecido; metade do que tinha sido mantido até 1947, foi desmantelado em
1949.
No
entanto, essa redução do pós-guerra do número de bases no exterior, terminou
com a Guerra da Coreia, no início dos anos 1950, quando o número de bases
cresceu, mais uma vez, seguido de novos aumentos durante a Guerra do Vietname.
Camp
Bondsteel no Kosovo, é a maior base estrangeira dos EUA desde o Vietnam e um
ponto de partida importante para o controlo de toda a região.
Em
1988, as bases dos EUA eram um pouco menores do que no final da Guerra da
Coreia, mas reflectiam um padrão global muito diferente do que no início do
período pós Segunda Guerra Mundial, com os declínios mais acentuados no sul da
Ásia e no Médio Oriente/África.
Em
Junho de 1999, a expansão das bases norte-americanas em todo o mundo apresentou
uma dimensão nova de qualidade. Após o bombardeamento da Jugoslávia, as forças
dos EUA iniciaram a construção de Camp Bondsteel, na fronteira entre o Kosovo e
a Macedónia. Foi o eixo central do que viria a ser uma nova rede global de
bases dos EUA.
Bondsteel
colocou a força aérea dos EUA a uma distância fácil de atingir do Médio
Oriente, rico em petróleo e do Mar Cáspio, bem como da Rússia. Camp Bondsteel,
na época em que foi instalada, era a maior base militar dos EUA construída
desde a Guerra do Vietname. Com quase 7.000 soldados, foi montada pela maior
empresa de construção militar dos EUA, a KBR da Halliburton. O CEO da
Halliburton, na época, era Dick Cheney.
Antes
do início do bombardeamento da Jugoslávia pela NATO, em 1999, o The
Washington Post afirmou com honestidade: "Com o Médio Oriente
cada vez mais frágil, precisaremos de bases e direitos de sobrevoar nos Balcãs,
para proteger o petróleo do Mar Cáspio." (3)
Camp
Bondsteel foi só o primeiro de uma vasta cadeia de bases norte-americanas que
seriam construídas durante essa década. Os militares americanos continuaram a
construir bases militares na Hungria, Bósnia-Herzegovina, Albânia e Macedónia,
além de Camp Bondsteel, no Kosovo, que então, ainda fazia parte legalmente da
Jugoslávia.
Em
16 de Agosto de 2004, o Presidente Bush anunciou o que foi descrito como a
reestruturação mais abrangente das forças militares dos EUA no exterior, desde
o final da Guerra da Coreia. Foi um programa de mudanças radicais pelos números
e locais de instalações militares no exterior, agora conhecidos como a
Estratégia Global de Presença e Bases Integradas/ Integrated Global Presence
and Basing Strategy (IGPBS).
Cerca
de 70.000 pessoas regressariam de locais no exterior da Europa e da Ásia, para
bases nos Estados Unidos continentais. Outras forças no estrangeiro, seriam
redistribuídas dentro das nações anfitriãs actuais, como a Alemanha e a Coreia
do Sul.
Seriam
estabelecidas novas bases na Europa Oriental, Ásia Central e África. Na visão
do Pentágono, esses locais estariam mais próximos dos seus alvos, mais capazes
de “responder a possíveis pontos problemáticos” .(4) O novo plano exigiria
novas instalações que custavam biliões de dólares - parte dessa despesa a ser
suportada pelos Estados Unidos e outra parte, por outras nações.
Num
conflito - e na linguagem do Pentágono agora só existem ‘conflitos’, não
existem mais guerras porque as guerras exigem que o Congresso dos Estados
Unidos as declare oficialmente, com justificativas e razões -
as forças armadas iriam ‘erguer’, rápida e poderosamente, homens e material
para a linha de frente.
A
natureza geopolítica provocadora da rede global de bases tornou-se clara,
devido às suas localizações. Uma das novas bases dos EUA, mais importante e
menos mencionada, estava instalada na Bulgária, um antigo satélite soviético e
agora membro da NATO. Compreensivelmente, os planeadores do
Kremlin indagavam se as novas linhas da frente incluíam a Rússia.
Mas, parecia estar a funcionar outra agenda paralela à agenda de
invasão e cerco do Pentágono,
Defender
Os Campos de Ópio?
Os
EUA construíram bases no Afeganistão na sequência da campanha militar levada a
cabo para conseguir uma vitória rápida no final de 2001, muito depois de ter
desistido da farsa de procurar Osama bin Laden nas cavernas de Tora Bora. Em
especial, juntamente com a ocupação americana do Afeganistão, o cultivo do ópio
para obter heroína atingiu níveis recordes sob a nova presença militar dos EUA.
Isto
recordava a situação durante a Guerra do Vietname, quando a CIA e as unidades
especiais das Forças Armadas dos EUA trabalharam com os membros da tribo Meo,
no Laos, para assegurar o controlo das rotas de heroína do Sudeste Asiático. A
CIA então usou as receitas da venda das drogas, lavadas através de bancos por
intermédio de empresas de fachada que eram propriedade da CIA, como o Nugan
Hand Bank, na Austrália, para financiar outras operações secretas e actividades
de inteligência/serviços secretos. Surgiram evidências fortes, através das
pesquisas e relatórios da Interpol e dos EUA, de que as forças americanas no
Afeganistão tinham mais do que um interesse passageiro na explosão do cultivo
de ópio nesse país, depois de 2001. Juntamente com o cultivo do ópio, houve uma
explosão de bases militares permanentes dos EUA.(5)
Em
Dezembro de 2004, durante uma visita a Cabul, o Secretário da Defesa dos EUA,
Donald Rumsfeld, finalizou os planos para construir nove novas bases no
Afeganistão, nas províncias de Helmand, Herat, Nimrouz, Balkh, Khost e Paktia.
As nove foram criadas além das três principais bases militares dos EUA já
instaladas após a ocupação do Afeganistão, no inverno de 2001-2002, para isolar
e eliminar, ostensivamente, a ameaça terrorista de Osama bin Laden.
O
Pentágono construiu as suas três primeiras bases em Bagram Air Field, ao norte
de Cabul, o principal centro de logística militar dos EUA; Kandahar Air Field,
no sul do Afeganistão; e Shindand Air Field, na província ocidental de Herat. A
Shindand, a maior base dos EUA no Afeganistão, foi construída a escassos 100
quilómetros da fronteira com o Irão e a pouca distância da Rússia e da China.
O
Afeganistão tinha sido historicamente o coração do Grande Jogo Britânico-Russo,
a luta pelo controlo da Ásia Central durante os séculos XIX e XX. A estratégia
britânica de então, era impedir que a Rússia, a todo custo, controlasse o
Afeganistão e, desse modo, ameaçasse a jóia da coroa imperial britânica, a
Índia.
O
Afeganistão também foi considerado pelos planeadores do Pentágono como sendo
altamente estratégico. Era uma plataforma a partir da qual o poder militar dos
EUA poderia ameaçar, directamente, a Rússia e a China, bem como o Irão e outros
territórios do Médio Oriente ricos em petróleo. Pouco mudou, geopoliticamente,
durante mais de um século de guerras.
O
Afeganistão situava-se num local extremamente vital, abrangendo o sul da Ásia,
a Ásia Central e o Médio Oriente. O Afeganistão também se estende ao longo de
uma rota sugerida de um oleoducto dos campos petrolíferos do Mar Cáspio até ao
Oceano Índico, onde a companhia petrolífera norte-americana Unocal, juntamente
com a Enron e a Halliburton de Cheney, negociavam direitos exclusivos do
oleoducto para levar o gás natural do Turcomenistão através do Afeganistão e
Paquistão, para a fábrica enorme de gás natural da Enron, em Dabhol,
perto de Mumbai.
Na
mesma época, o Pentágono chegou a um acordo com o governo do Quirguistão, na
Ásia Central, para construir uma base estrategicamente importante - a Base
Aérea de Manas, no aeroporto internacional de Bishkek. Manas não estava apenas
perto do Afeganistão; também ficava a pouca distância do petróleo e gás do Mar
Cáspio, bem como das fronteiras da China e da Rússia.
Como
parte do preço de aceitar o ditador militar paquistanês, General Pervez
Musharraf, como aliado dos EUA e não como inimigo da ‘Guerra ao Terror’,
Washington conseguiu o seu acordo para o seguinte: permitir que o aeroporto de
Jacobabad, a cerca de 400 quilómetros ao norte de Karachi, fosse usado pela
Força Aérea dos EUA e pela NATO, a fim de apoiar a campanha de ambos no
Afeganistão. Foram construídas duas bases adicionais dos EUA, em Dalbandin e
Pasni.
Estas
13 novas instalações dos EUA em toda a Eurásia eram apenas uma pequena parte da
vasta rede de bases militares controladas pelos EUA, que Washington construiu
depois de 2001.
No
entanto, o alegado pretexto para a expansão militar evaporou-se quase
instantaneamente: poucas semanas depois do ataque ao Afeganistão, a perseguição
a Osama bin Laden de alguma forma, perdeu-se na confusão, o demónio deixou de
vaguear nas cavernas de Tora Bora.
Assim
que Washington assumiu o controlo militar efectivo de Cabul, o Pentágono voltou
a sua visão militar para o Iraque de Saddam Hussein, o fulcro do ‘Eixo do Mal’
de Bush, encobrindo, supostamente, armas nucleares, químicas e biológicas de
destruição em massa voltadas, directamente, para a América e para os seus
aliados.
Meses
depois da ocupação do Iraque, começaram a ser difundidos relatórios indicando
que o Pentágono estava lá para ficar, como disse o Secretário da Defesa, Robert
Gates, “por muito tempo”. (6)
A
fim de esconder dos contribuintes americanos, os custos assombrosos da guerra
do Iraque e a subsequente ocupação, a Administração Bush recorreu a uma prática
de solicitar fundos para as despesas militares no Iraque, através de várias
‘verbas suplementares de financiamento’ apresentadas separadamente, após o
debate do orçamento do Estado ter terminado. Enterrado no pedido de Bush para o
financiamento suplementar do Iraque, feito em Maio de 2005 estava
uma provisão para a construção de bases militares dos EUA, descrita
ostensivamente como “em alguns casos muito limitados, instalações permanentes”.
De
acordo com a imprensa, em 2006 os EUA construíram nada menos que 14 bases
permanentes no Iraque - um país que tem apenas o dobro do tamanho do estado de
Idaho, ridicularizando as promessas presidenciais de planear uma retirada das
tropas americanas. Catorze bases construídas no Iraque pelos Estados Unidos,
depois de Março de 2003, sugeriram que a ‘libertação’ do Iraque, da governação
de Saddam Hussein, tinha um pesado significado militar. A liberdade parecia,
principalmente, ser a liberdade de Washington construir as suas guarnições militares
ao longo dos campos de petróleo iraquianos e na fronteira do Iraque com o
Irão.(7)
De
longe, a base mais importante do Iraque era a Base Aérea de Balad combinada com
Camp Anaconda, ao norte de Bagdad. Acomodava quer caças da Força Aérea, quer os
aviões de transporte. Camp Anaconda, ligado à base aérea, servia como base
principal e centro de logística para as tropas dos EUA no centro do Iraque.
Analistas militares notaram que a base de Balad estava perfeitamente
posicionada para projectar o poder dos EUA, em todo o Médio Oriente.(8)
O
posicionamento calculado das novas bases militares dos EUA não se restringia de
maneira nenhuma, ao continente eurasiático, embora a Eurásia fosse claramente a
prioridade estratégica dos planeadores militares dos EUA; o seu alcance
geográfico era global. Como observou o analista militar Zoltan Grossman:
A
intervenção mais directa dos EUA, após a invasão do Afeganistão, ocorreu no sul
das Filipinas, contra a milícia guerrilheira Moro (muçulmana) Abu Sayyaf. Os
EUA alegaram que o minúsculo grupo de Abu Sayyaf foi inspirado por Bin Laden,
em vez de um crescimento radical de décadas de insurreição Moro, em Mindanao e
no Arquipélago de Sulu.(9)
Os
‘treinadores’ das Forças Especiais dos EUA estavam a realizar ‘exercícios’
conjuntos com as tropas filipinas, numa zona de combate activa. Supostamente, o
seu objectivo era alcançar uma vitória no estilo de Grenada, sobre os 200
rebeldes, pelo efeito de propaganda global contra Bin Laden. Mas, uma vez em
vigor, a campanha de contra-revolução poderia ser facilmente redireccionada
contra outros grupos rebeldes Moro ou até comunistas, em Mindanao. Poderia
também ajudar a alcançar o outro grande objectivo dos EUA nas Filipinas:
restabelecer totalmente os direitos militares dos EUA, que terminaram quando o
Senado filipino encerrou o controlo americano da Base Aérea de Clark e da Base
Naval Subic, após o fim da Guerra Fria e depois, uma erupção vulcânica
danificou ambas as bases.
O
regresso dos EUA às Filipinas, bem como as ameaças de Bush contra a Coreia do
Norte, foi visto por muitos na região como um esforço para afirmar uma
influência ainda maior dos EUA no Leste Asiático, justamente quando a China
estava a crescer como potência global e outras economias asiáticas estavam a
recuperar de crises financeiras. O crescente papel militar dos EUA em toda a
Ásia também poderia aumentar o temor na China, de uma esfera de influência dos
EUA a invadir as suas fronteiras. Para mais, a nova base aérea dos EUA na
antiga república soviética do Quirguistão era, para a China, demasiado próxima
para ser confortável.
Entretanto,
outras regiões do mundo também estavam a ser alvejadas pela ‘Guerra ao Terror’
dos EUA, especialmente a América do Sul. Assim como a propaganda da Guerra Fria
reformulou os rebeldes esquerdistas no Vietname do Sul e em El Salvador, como
marionetes do Vietname do Norte ou de Cuba, a propaganda da ‘Guerra ao Terror’
dos EUA designou os rebeldes colombianos como aliados da vizinha Venezuela,
rica em petróleo. O Presidente venezuelano, Hugo Chavez, foi descrito como
sendo ‘simpatizante’ de Bin Laden e Fidel Castro e, possivelmente, a voltar a
OPEP contra os EUA. Chavez poderia servir como o novo inimigo ideal dos EUA se
Bin Laden fosse eliminado. A crise na América do Sul, embora não pudesse estar
ligada à militância islâmica, talvez fosse a próxima nova e perigosa guerra, em
formação. (10)
Em
2007, estava a tornar-se claro para grande parte do mundo, que Washington
estava a instigar guerras ou conflitos com nações em todo o mundo, e não apenas
para controlar o petróleo - embora o controlo estratégico dos fluxos globais de
petróleo estivesse no coração do Século Americano, desde a década de 1920. O
objectivo final dos vários conflitos e acções militares era controlar as
economias de todo e qualquer concorrente em potencial, do poder rival, qualquer
nação ou grupo de nações que decidisse desafiar a supremacia incontestada da
América, como mestra nos assuntos mundiais.
Ao
começar já, nos anos 80, os estrategas de Washington e os ‘think-tanks’
influentes de Washington, perceberam que tinham esvaziado as capacidades
industriais dos EUA e que, em breve, outras nações ou regiões, como uma União
Europeia em ascensão, ou potências económicas chinesas e do leste asiático,
estavam a desenvolver o potencial para desafiar um dia, a supremacia americana.
Em
2001, quando George Bush e Dick Cheney chegaram a Washington, o ‘establisment’
dos Estados Unidos, os poderosos patrícios do poder americano, decidiram que
seriam necessárias medidas drásticas para sustentar, de forma correcta, o
domínio americano no novo século.
As Bases dos EUA Expandem-se Após a Guerra Fria
No final dos anos 80, a Glasnost e a Perestroika, seguidas pelo colapso dos regimes dominados pelos soviéticos na Europa Oriental, em 1989 e o desaparecimento da própria União Soviética, em 1991, geraram expectativas de que haveria um rápido desmantelamento do sistema de bases americano. As expectativas eram especialmente fortes entre os que pensavam que as bases dos EUA existiam para refrear a ameaça soviética.
No entanto, o Departamento de Defesa insistiu, no seu Relatório do Secretário da Defesa, de 1989, que a “projecção do poder” dos Estados Unidos continuava a exigir tais “instalações avançadas”. (11)
Em 2 de Agosto de 1990, o Presidente George H.W. Bush emitiu uma declaração indicando que, embora em 1995, os requisitos de segurança global dos EUA pudessem ser resolvidos por uma força activa 25 % menor do que em 1990, o sistema de bases dos EUA no exterior devia permanecer intacto. Nesse mesmo dia, o Iraque invadiu o Kuwait.
A introdução maciça de tropas dos EUA no Médio Oriente, durante a Guerra do Golfo, levou à proclamação de uma Nova Ordem Mundial baseada na hegemonia e no poder militar dos EUA. “Por Deus, demos um pontapé ao Síndroma do Vietname, de uma vez por todas”, declarou Bush eufórico.(12) Foram logo estabelecidas novas bases militares no Médio Oriente, principalmente, na Arábia Saudita, onde, desde então estão estacionadas milhares de tropas dos EUA.
Embora a Administração Clinton insistisse mais fortemente do que o governo Bush que o precedeu, na necessidade de diminuir os compromissos militares estrangeiros dos EUA, não foi feita nenhuma tentativa para diminuir a “presença avançada” dos EUA no exterior, representada pelas suas bases militares desenvolvidas. A principal mudança foi, simplesmente, reduzir o número de tropas permanentemente estacionadas no exterior, empregando tropas com mais frequência, mas durante estadias mais curtas. (13)
Um estudo do Army War College, de 1999, admitiu: “Embora a presença permanente no exterior tenha diminuído drasticamente, os desdobramentos operacionais aumentaram exponencialmente”. Em épocas anteriores, os membros das forças armadas estavam “estacionados”, rotineiramente, no exterior, geralmente em turnos de vários anos e, muitas vezes, acompanhados pelas suas famílias. Agora seriam “instalados”, durante um período de tempo mais incerto e os dependentes quase nunca seriam permitidos.
No entanto, as instalações eram frequentes e demoradas. De acordo com o Departamento da Defesa e num dado dia, antes de 11 de Setembro de 2001, mais de 60.000 militares estavam a executar operações e exercícios temporários em cerca de 100 países. Se bem que as gigantescas instalações europeias tenham sido reduzidas, os registos do Departamento da Defesa mostraram que o novo modo de operação colocava os militares longe do país, durante cerca de 135 dias por ano para o Exército, 170 dias para a Marinha e 176 dias para a Força Aérea. Cada soldado do Exército dos EUA tinha, agora, uma média de cumprimento de serviço no estrangeiro, a cada 14 semanas.
Além dessas instalações frequentes e periódicas de tropas, as bases eram usadas para pré-posicionamento de equipamentos com o propósito de uma instalação rápida. Por exemplo, os Estados Unidos pré-posicionaram equipamentos para uma brigada pesada localizada no Kuwait, e para uma segunda brigada pesada no Qatar, juntamente com equipamentos para um batalhão de tanques, também no Qatar.(14)
A década de 1990 terminou com a intervenção militar dos EUA nos Balcãs e o amplo apoio dos EUA a operações de contra-revolta na América do Sul, como parte do “Plano Colômbia”. Convenientemente, a Colômbia deu às tropas americanas uma base próxima de outro alvo potencial dos EUA: a Venezuela.
Após os ataques de 11 de Setembro de 2001, no World Trade Center e o início da “Guerra Global contra o Terrorismo”, tinha começado um aumento rápido do número e da dispersão geográfica das bases militares dos EUA.
De acordo com o Relatório da Estrutura de Base do Departamento da Defesa, nessa época, os Estados Unidos tinham instalações militares no exterior, em 38 países e territórios separados. Se fossem somadas as bases militares nos territórios/possessões dos EUA fora dos cinquenta estados e do Distrito de Colúmbia, aumentariam para 44. No entanto, este número era extremamente convencional, visto que não incluía bases avançadas estrategicamente importantes, mesmo algumas daquelas em que os Estados Unidos mantêm números substanciais de tropas, como a Arábia Saudita, o Kosovo e a Bósnia-Herzegovina. Também não incluía algumas das bases americanas recentemente adquiridas.
Por meio do “Plano Colômbia” – voltado principalmente ou, pelo menos, nominalmente, contra as forças guerrilheiras na Colômbia, mas também contra o governo venezuelano de Chavez e o movimento intensamente popular de oposição ao neoliberalismo no Equador - os Estados Unidos também estavam a expandir a sua presença de bases, na região da América Latina e do Caribe.
Porto Rico substituiu o Panamá como eixo da região. Enquanto isso, os Estados Unidos estavam ocupados, estabelecendo quatro novas bases militares em Manta, no Equador; Aruba; Curaçao; e Comalapa, em El Salvador - todas caracterizadas como locais operacionais avançados (FOLs). Desde 11 de Setembro de 2001, os Estados Unidos instalaram bases militares que abrigam 60 mil soldados no Afeganistão, Paquistão, Quirguistão, Uzbequistão e Tadjiquistão, além do Kuwait, Catar, Turquia e Bulgária. Foi crucial na operação uma grande base naval dos EUA em Diego Garcia, no Oceano Índico.
De certa maneira, o número oficial de bases no exterior era enganadoramente baixo. Todas as questões de jurisdição e autoridade em relação às bases nos países anfitriões foram explicitadas nos chamados Acordos do Estatuto das Forças. Durante os anos da Guerra Fria, normalmente eram documentos públicos. Mas agora esses mesmos documentos eram frequentemente classificados como secretos - por exemplo, os acordos estabelecidos com o Kuwait, Emirados Árabes Unidos, Omã e, em certos aspectos, com a Arábia Saudita.
Segundo os registos do Pentágono, até 2007, os Estados Unidos tinham acordos formais deste tipo com 93 países.(15)
Além dos Balcãs e das antigas repúblicas soviéticas da Ásia Central, que anteriormente estavam dentro da esfera de influência soviética ou faziam parte da própria União Soviética, as bases avançadas que estavam a ser adquiridas estavam em regiões onde os Estados Unidos haviam experimentado, anteriormente, reduções drásticas do número das suas bases. Em 1990, antes da Guerra do Golfo, os Estados Unidos não tinham bases no Sul da Ásia, por exemplo, e no Médio Oriente e em África, tinham apenas 10% do que possuíam em 1947. Da mesma forma, na América Latina e no Caribe, o número de bases dos EUA tinha declinado cerca de dois terços entre 1947 e 1990.
Do ponto de vista geopolítico e geo-militar, era claramente um problema para uma hegemonia económica e militar global tal como os Estados Unidos, mesmo na era dos mísseis de cruzeiro de longo alcance. O aparecimento de novas bases no Médio Oriente, Sul da Ásia, América Latina e Caribe, desde 1990 - como consequência da Guerra do Golfo, da guerra no Afeganistão e do Plano Colômbia - poderia, portanto, ser visto como uma reafirmação do poder militar directo dos EUA em áreas onde esse mesmo poder militar tinha desgastado.
O aparecimento de bases no Afeganistão, no Paquistão e em três das antigas repúblicas soviéticas da Ásia Central foi, inevitavelmente, visto pela Rússia e pela China, como constituindo ameaças adicionais e contínuas à sua segurança.
A Rússia demonstrou o seu descontentamento com a perspectiva de bases militares permanentes dos EUA na Ásia Central. A China também estava descontente. Como o Guardian, de Londres, observou em 10 de Janeiro de 2002, a base em Manas, no Quirguistão, onde os aviões dos EUA pousavam diariamente, estava “a 400 quilómetros da fronteira com a China ocidental. Com as bases dos EUA a leste, no Japão, ao sul, na Coreia do Sul e o apoio militar de Washington a Taiwan, a China pode sentir-se cercada”. (16) Era colocar esse assunto suavemente.
Declínio de Um Império?
Assim como o antigo Império Romano declinou e, finalmente, desapareceu ao longo do século IV DC, o Império Americano também deu todos os sinais de estar em declínio terminal, enquanto Bush e Cheney lançavam as suas políticas militares ousadas para prolongar a sua vida imperial ou, como George HW Bush o denominou, mais apropriadamente, no final da Guerra Fria, a Nova Ordem Mundial.(17)
Cada vez mais, a influência americana no mundo não podia mais ser conquistada pela persuasão e pela Coca-Cola ou pelos “Big Macs” da McDonalds. A força militar bruta era considerada essencial no início do novo século. Só por si, era uma admissão, de facto, do fracasso do Século Americano.
Era, apenas, uma pequena parte da vasta rede de bases militares controladas pelos EUA que Washington construía globalmente, desde o fim da Guerra Fria.
Força de Ataque Nuclear ‘Usando Apenas o Necessário’
No início da década de 1990, no final da Guerra Fria, o governo de Yeltsin pediu a Washington uma série de reduções mútuas no tamanho do arsenal de mísseis e armas nucleares de cada uma das duas super potências. As reservas nucleares russas estavam a envelhecer e Moscovo viu pouca necessidade de continuar armada até aos seus dentes nucleares, depois da Guerra Fria ter terminado.
Washington viu claramente este pedido como uma oportunidade de ouro para obter a “supremacia nuclear”, a capacidade de lançar um ‘first strike’ nuclear contra a Rússia, pela primeira vez, desde a década de 1950, quando a Rússia desenvolveu a capacidade de lançamento do Míssil Balístico Intercontinental do seu arsenal de armas nucleares em expansão.
O Pentágono começou a substituir os mísseis balísticos antigos, nos seus submarinos, por mísseis Trident II D5, muito mais precisos, com ogivas nucleares de maior rendimento.
A Marinha transferiu maior quantidade dos submarinos nucleares de lançamento de mísseis balísticos para o Pacífico, a fim de patrulhar os pontos cegos da rede de radar de alerta antecipado da Rússia, bem como para patrulhar perto da costa da China. A Força Aérea dos EUA reajustou completamente os bombardeiros B-52 com mísseis de cruzeiro nucleares que se acredita invisíveis ao radar de defesa aérea russo. Os novos componentes aperfeiçoados nos bombardeiros furtivos B-2 deram-lhes a capacidade de voar em altitudes extremamente baixas, evitando assim, serem detectados pelo radar.
Um grande número de armas armazenadas não era necessário para a nova projecção de poder global. A nova tecnologia pouco divulgada permitiu que os EUA implantassem uma força de ataque nuclear “usando apenas o necessário”. Um bom exemplo foi o programa bem-sucedido da Marinha para actualizar o fusível das ogivas nucleares W-76 que se encontra no topo da maioria dos mísseis lançados por submarinos dos EUA, permitindo que eles atinjam alvos muito difíceis, como silos de ICBM.
Ninguém jamais apresentou provas fidedignas de que a Al Qaeda, o Hamas, o Hezbollah ou qualquer outra organização da Lista Negra da Organização Terrorista do Departamento de Estado dos EUA possuísse mísseis nucleares em silos subterrâneos endurecidos. Além dos EUA e talvez de Israel, só a Rússia e, num grau muito menor, a China tinha esses arsenais de mísseis nucleares em número significativo.
Bombardeiros Nucleares dos EUA em Alerta Constante
Em 1991, no presumível final da Guerra Fria, num gesto para reduzir o risco de erro de cálculo nuclear estratégico, foi ordenado à Força Aérea dos EUA para retirar a sua frota de bombardeiros nucleares do estatuto de Alerta Máximo. Depois de 2004, essa ordem também foi revertida.
O CONPLAN 8022 colocou, novamente, o B-52 de longo alcance da Força Aérea dos EUA e outros bombardeiros no estatuto de “Alerta”. O Comandante da 8ª Força Aérea afirmou na época, que os bombardeiros nucleares estavam “em estado de alerta para planear e executar ataques globais” em nome do Comando Estratégico dos EUA ou STRATCOM, com sede em Omaha, Nebraska.(18)
O CONPLAN 8022 incluía não só armas nucleares e convencionais de longo alcance lançadas dos EUA, mas também bombas nucleares e outras bombas instaladas na Europa, no Japão e noutros locais. Deu aos EUA o que o Pentágono denominou “Global Strike” - a capacidade de atingir qualquer ponto da Terra ou do céu com força devastadora, tanto nuclear como convencional. Desde a ordem de prontidão, de Junho de 2004 dada por Rumsfeld, o Comando Estratégico dos EUA gabou-se de estar pronto para executar um ataque em qualquer lugar da Terra “em meio dia ou menos”, a partir do momento em que o Presidente desse essa ordem.(19)
Entrevistada pelo Financial Times de Londres, a embaixatriz dos EUA na NATO e antiga conselheira de Cheney, Victoria Nuland, declarou que os EUA queriam uma “força militar capaz de ser instalável em todo o globo” que operaria em todos os lugares - da África ao Médio Oriente Médio e além – “em todo o planeta.”(20)
Incluiria o Japão e a Austrália, assim como as nações da NATO. Nuland acrescentou: “É um animal totalmente diferente”. 21 A função irrevogável da NATO estaria sujeita aos desejos e aventuras dos EUA. Essas palavras dificilmente acalmavam, dado o registo do antigo chefe de Nuland, o Vice Presidente Dick Cheney, sobre informações secretas fingidas para justificar as guerras no Iraque e noutros lugares.
Agora, com a instalação de uma defesa mínima de mísseis, sob o CONPLAN 8022, os EUA teriam o que os planeadores do Pentágono chamavam de “Domínio de Escalada” - a capacidade de vencer uma guerra em qualquer nível de violência, incluindo a guerra nuclear.
Como os autores do artigo do Foreign Affairs observaram,
A recusa contínua de Washington de evitar,deliberadamente, um ‘first strike’ e o desenvolvimento do país, de uma capacidade limitada de defesa contra mísseis tomam um aspecto um novo e, possivelmente, mais ameaçador … uma capacidade de combate nuclear continua a ser um componente chave da doutrina militar dos Estados Unidos e a supremacia nuclear continua a ser o objectivo dos Estados Unidos. (22)
Como algumas mentes mais sóbrias argumentaram, se a Rússia e a China responderem a essas medidas americanas com medidas mínimas de auto protecção, os riscos de uma conflagração nuclear global por erro de cálculo subiriam para níveis muito além dos vistos, mesmo durante a Crise dos Mísseis Cubanos ou nos dias mais perigosos da Guerra Fria.
No entanto, para os falcões da guerra, para a máquina industrial militar dos EUA e para os neoconservadores que rodeiam o governo Bush-Cheney, esses temores do Armaggedon nuclear eram sinais de covardia e falta de vontade. A história curiosa do que ficou conhecido durante a era Reagan como 'A Guerra das Estrelas' dava uma ideia melhor do que era a estratégia provocadora da defesa anti míssil de Washington.
Notas de rodapé:
1 Vladimir Putin, Rede des russischen Präsidenten Wladimir Putin auf der 43. Münchner, Sicherheitskonferenz,’ München, October 2, 2007.
2 Yevgeny Primakov, “ABM sites on Russia's frontiers: Another Confrontation?,” Moscow News, March 2, 2007.
3 Washington Post, February 28, 1999.
5 Karen de Young, “Afghanistan Opium Crop Sets Record: U.S.-Backed Efforts At Eradication Fail,” Washington Post, December 2, 2006.
7 Daniel Widome, “The Six Most Important US Military Bases,” www.foreignpolicy.com May 2006.
Chalmers Johnson, America's Empire of Bases, in www.TomDispatch.com, January 15, 2004.
Zoltan Grossman, New US Military Bases: Side Effects or Causes of War?, in www.counterpunch.org/zoltanbases.html, February 2, 2002.
Ramtanu Maitra, US Scatters Bases to Control Eurasia, in Asia Times Online, March 30, 2005.
William Clark, Will US be asked to leave key military bases?, www.csmonitor.com , July 5, 2005.
Thom Shanker and Eric Smith, ‘Pentagon Expects Long-Term Access to Four Key Bases in Iraq’, New York Times, April 20, 2003.
Christine Spolar, ‘14 'Enduring Bases' Set for Iraq,’ Chicago Tribune, March 23, 2004. www.globemaster.de/cgi-bin/bases provides a profile of every listed US airbase.
8 Ibid.
10 Ibid.
11 U.S. Dept. of Defense. Report of the Secretary of Defense to the Congress, National Defense Authorization Act for Fiscal Year 1989.
12 Cited in George C. Herring, “America and Vietnam: The Unending War,” Foreign Affairs, Winter 1991/1992.
13 Los Angeles Times, January 6, 2002.
14 Report of the Secretary of Defense, 1996, pp.13–4.
15 Chalmers Johnson, Blowback: The Costs and Consequences of American Empire (New York: Henry Holt, 2001), 4. 16 Ian Traynor, “Russia edgy at spread of US bases in its backyard,” The Guardian, January 10, 2002.
17 George H. W. Bush, Toward a New World Order, Address to Joint Session of Congress, September 11, 1990. The words of Bush are worth citing. He declared, referring to the imminent coalition war on Iraq in 1991: “The crisis in the Persian Gulf, as grave as it is, also offers a rare opportunity to move toward an historic period of cooperation. Out of these troubled times, our fifth objective — a new world order — can emerge: a new era — freer from the threat of terror, stronger in the pursuit of justice, and more secure in the quest for peace. An era in which the nations of the world, East and West, North and South, can prosper and live in harmony. A hundred generations have searched for this elusive path to peace, while a thousand wars raged across the span of human endeavor. Today that new world is struggling to be born, a world quite different from the one we've known...” Again in his State of the Union Address after the onset of military action against Iraq, Operation Desert Storm, Bush declared, on January 21, 1991, “We will succeed in the Gulf. And when we do, the world community will have sent an enduring warning to any dictator or despot, present or future, who contemplates outlaw aggression. “The world can therefore seize this opportunity to fulfill the long-held promise of a new world order—where brutality will go unrewarded, and aggression will meet collective resistance. Yes, the United States bears a major share of leadership in this effort. Among the nations of the world, only the United States of America has had both the moral standing, and the means to back it up. We are the only nation on this earth that could assemble the forces of peace.” It was clear that Bush’s vision of the New World Order was a version of a Pax Americana, a vision which found little enthusiasm in much of the world, hence the term, New World Order was promptly dropped. The agenda of that New World Order, a Pax Americana was never dropped. The Cold War from the side of Washington never ended. It continued in covert form.
George H. W. Bush, Rumo a uma Nova Ordem Mundial, Discurso na Sessão Conjunta do Congresso, 11 de Setembro de 1990. Vale a pena citar as palavras de Bush. Ele declarou, referindo-se à iminente guerra de coligação contra o Iraque, em 1991: “A crise no Golfo Pérsico, por mais grave que seja, também oferece uma rara oportunidade de avançar para um período histórico de cooperação. Desses tempos conturbados, nosso quinto objectivo - uma nova ordem mundial - pode emergir: uma nova era - mais livre da ameaça do terror, mais forte na busca da justiça e mais segura na busca pela paz. Época em que as nações do mundo, leste e oeste, norte e sul, podem prosperar e viver em harmonia. Centenas de gerações têm procurado esse caminho ilusório para a paz, enquanto mil guerras se espalharam em toda a extensão do esforço humano. Hoje esse novo mundo está a lutar para nascer, um mundo bem diferente daquele que conhecemos ... ” Novamente, no seu discurso sobre o Estado da União, após o início da acção militar contra o Iraque, a Operação Tempestade no Deserto, Bush declarou, em 21 de Janeiro de 1991: “Teremos sucesso no Golfo. E quando o fizermos, a comunidade mundial terá enviado um aviso duradouro a qualquer ditador ou déspota, presente ou futuro, que contemple a agressão ilegal. “Portanto, o mundo pode aproveitar esta oportunidade para cumprir a promessa de longa data de uma Nova Ordem Mundial - onde a brutalidade não será recompensada e a agressão enfrentará a resistência colectiva. Sim, os Estados Unidos têm uma grande parcela de liderança nesse esforço. Entre as nações do mundo, apenas os Estados Unidos da América têm a posição moral e os meios para apoiá-la. Somos a única nação na Terra que poderia reunir as forças da paz.” Ficou claro que a visão de Bush da Nova Ordem Mundial era uma versão de uma Pax Americana, uma visão que encontrou pouco entusiasmo em grande parte do mundo, daí a expressão ‘Nova Ordem Mundial’ ter sido prontamente abandonada. A agenda dessa Nova Ordem Mundial, uma Pax Americana nunca foi abandonada. Do lado de Washington, a Guerra Fria nunca terminou. Continuou de maneira encoberta.
18 Hans M. Kristensen, “Global Strike: A Chronology of the Pentagon’s New Offensive Strike Plan,” Federation of American Scientists, Washington, D.C., March 15, 2006. As Kristensen’s analysis made clear: “CONPLAN 8022 is premised on the preservation and improvement of an assured destruction capability for nuclear weapons, not just in retaliation but in preemption.”
Como a análise de Kristensen deixou claro: “O CONPLAN 8022 tem como princípio, a preservação e melhoria de uma capacidade de destruição garantida para as armas nucleares, não apenas em retaliação, mas em antecipação”.
19 Ibid.
20 Victoria Nuland, US NATO Ambassador, quoted in London’s Financial Times, January 24, 2006.
21 Ibid.
22 Keir A. Lieber and Daryl G. Press, op. cit
A seguir:
CAPÍTULO SEIS
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
Email: luisavasconcellos2012@gmail.com
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