Desde 1974, Rumsfeld era o Chefe
do Estado Maior da Casa Branca, do Presidente Ford até 1975, quando foi nomeado
Secretário da Defesa, durante o mandato de George H. W. Bush, como Director da
CIA. A colaboração de Rumsfeld e Bush Sénior, seria de longa data, embora, na
época, Bush Sénior suspeitasse que Rumsfeld o tivesse nomeado como chefe da CIA,
a fim de diminuir a sua possibilidade de se tornar Presidente.(22)
A falsidade da equipa B de Rumsfeld e Bush
Durante o seu mandato como Secretário da Defesa, depois de 1975, Rumsfeld lutou para aumentar bastante o orçamento da defesa e fortalecer as forças estratégicas e convencionais dos EUA. Ele afirmou, juntamente com a ‘Equipa B’ de Bush, o então Director da CIA, que as tendências comparativas da força militar soviética e americana tinham uma desvantagem para os Estados Unidos de 15 a 20 anos e que, se continuassem, teriam o efeito de introduzir uma instabilidade fundamental no mundo.
A equipa B tinha sido criada, com a aprovação do Presidente Gerald Ford, em 1976, pelo então Director da CIA, Bush Sénior. A sua missão era propor uma avaliação alternativa da ameaça militar soviética à CIA, sob o seu antigo Director, William Colby.
Quando Colby foi procurado, em 1975, pelo Conselho Consultivo de Inteligência Estrangeira do Presidente para organizar um painel externo de especialistas para desafiar a CIA, Colby recusou, alegando que era desnecessário. Significativamente, Colby foi demitido durante o vergonhoso 'Halloween Massacre' de Gerald Ford e foi substituído por Bush Sénior como Director da CIA, em 1976. O homem que orquestrou o massacre foi o Chefe do Gabinete do Presidente, Donald Rumsfeld.
A equipa B chegou à conclusão de que os soviéticos tinham desenvolvido várias armas novas, apresentando uma frota submarina de armas nucleares que usava um sistema de sonar que não dependia do som e era, portanto, indetectável pela tecnologia existente.
A análise que a Equipa B produziu, foi apontada, posteriormente, como sendo falsa. De acordo com a Dra. Anne Cahn, da Agência de Controlo e Desarmamento de Armas, 1977-1980:
Diria que foi tudo uma fantasia ... se examinarem a maioria dos argumentos específicos da Equipa B sobre sistemas de armas, e se os examinarem, um a um, estavam todos errados. (23)
A equipa B - (a Equipa A tinha elaborado a análise original da CIA, indicando que não havia grande ameaça soviética) - foi liderada pelo Professor de História de Harvard, Richard Pipes, cujo filho, Daniel Pipes, integrou mais tarde a Administração George W. Bush como um neoconservador arrebatado. Entre os membros da equipa estava o General aposentado da Força Aérea, Daniel Graham, considerado por alguns em Washington, como o inovador do conceito anti-míssil de Reagan "Guerra das Estrelas".
Outro consultor da Equipa B foi o falcão neoconservador, Paul Wolfowitz, que exerceu o seu cargo sob as ordens do Secretário de Defesa Rumsfeld, depois de 2001. Wolfowitz supervisionou a aplicação da Revolução em Assuntos Militares, de Andrew Marshall no Iraque e também o renascimento da 'Guerra das Estrelas', destinada contra a Rússia.
Como os críticos apontaram, todos os membros da equipa B partilharam uma tendência geral semelhante, no sentido de exagerar a ameaça soviética, a fim de justificar o acréscimo militar dos EUA.(24)
A equipa B de Bush Sénior foi uma fraude total, um exercício de falsas estimativas de inteligência não muito diferentes daquelas que Rumsfeld e Wolfowitz gerariam para Bush Jr. durante a preparação para a Guerra do Iraque, em 2003. Os esforços da Equipa B não só destruíram os esforços de desarmamento do governo Carter, mas também lançaram as bases para a explosão desnecessária do orçamento de defesa dos EUA, durante o governo Reagan. Foi durante esses anos que, praticamente, todos os compatriotas de Rumsfeld foram elevados a posições de prestígio, no poder executivo.
Antes de integrar a Administração George W. Bush, em 2001, Rumsfeld era membro do Projecto do Novo Século Americano (PNAC), o ‘think tank’ de Washington que formulou a política de mudança de regime contra Saddam Hussein, em 1998, numa Carta Aberta ao Presidente Clinton, três anos antes de 11 de Setembro de 2001.
Quando foi forçado a renunciar devido ao desastre no Iraque, em Novembro de 2006, Rumsfeld foi citado por analistas militares como o pior Secretário de Defesa da História dos EUA. Foi substituído por um amigo fiel da família Bush, Robert Gates, antigo Director da CIA, sob o Presidente George H. W. Bush.
A Cabala da Guerra de Marshall
Os protegidos de Andrew Marshall, a partir da década de 1980, formaram o núcleo implacável da equipa da Defesa e dos Serviços Secretos/Inteligência - os neoconservadores terríveis – da Administração do Presidente George W. Bush, depois de 2001.
Um membro notável da cabala de guerra de Bush Junior foi Dick Cheney, que já tinha trabalhado com Marshall, em 1989, quando Cheney se tornou Secretário da Defesa de Bush Sénior - pouco antes da primeira guerra entre o Iraque e os EUA, em 1991.
Entre as primeiras recomendações de Cheney, como chefe da equipa de transição de George W. Bush, em 2000, estava a nomeação de seu antigo mentor, Donald Rumsfeld, como Secretário da Defesa, e a nomeação de Paul Wolfowitz como adjunto de Rumsfeld. Cheney então insistiu em tornar John Bolton, que desempenhava a função de Vice Presidente do organismo neoconservador American Enterprise Institute (AEI), no novo Subsecretário de Estado para o Controlo de Armas e Segurança Internacional.(25)
Cheney visitou repetidamente o quartel general da CIA no período que antecedeu a guerra no Iraque, pressionando os analistas da CIA a descreverem uma visão mais sombria dos supostos laços de Saddam Hussein com a Al Qaeda e com as armas de destruição em massa. (26) Pareceu surpreendentemente semelhante ao tipo de pressão que tinha sido aplicada em administrações anteriores para se juntarem com os “serviços secretos/inteligência” a fim de reforçar uma agenda militar e o desenvolvimento da mesma.
Cheney também apoiou a criação do Gabinete de Planos Especiais/Office of Special Plans (OSP) do Pentágono e a nomeação do Subsecretário da Defesa, Douglas Feith, como Director. (27)
Feith, um antigo aluno de Harvard da Equipa B de Richard Pipes, antes de se juntar ao Pentágono, tinha sido um lobista de Washington das empresas de defesa Lockheed Martin e Northrop Grumman. Chefiou o controverso Gabinete de Planos Especiais/Office of Special Plans (OSP), de Setembro de 2002 a Junho de 2003, durante a invasão do Iraque.
A unidade, agora extinta, foi acusada de manipular informações para reforçar o apoio à invasão ilegal. Segundo o Guardian, "essa rede de inteligência da direita foi criada em Washington para questionar a CIA e fornecer uma justificativa para derrubar Saddam Hussein pela força". (28) Recordou quase exactamente a criação da Equipa B, de Bush Sénior, para falsificar as estimativas dos serviços secretos, mais de um quarto de século antes.
De acordo com a antiga Secretária Adjunta de Feith, a Tenente Coronel Karen Kwiatkowski - que estava em posição de observar, pessoalmente, as suas operações - o Gabinete de Planos Especiais era ‘uma loja de propaganda’.
Testemunhei que os detentores das agendas neoconservadoras dentro da OSP usurpavam avaliações medidas e cuidadosamente consideradas e, através da supressão e distorção da análise dos serviços secretos, promulgavam o que eram, de facto, falsidades ao Congresso e ao Gabinete Executivo do Presidente.(29)
O Senador Carl Levin, num relatório oficial sobre o Gabinete de Planos Especiais de Feith, apontou Feith como fornecendo à Casa Branca uma grande quantidade de ligações iraquianas-Al Qaeda que, após a invasão, se demonstraram ser falsas.(30) O então Secretário de Estado, Colin Powell, designou a operação de Feith no Pentágono, de gabinete da "Gestapo", alegando que era uma autoridade governamental separada e sem controlo, dentro do Pentágono.(31)
Feith, como Cheney, Rumsfeld e outros protegidos de Andrew Marshall, era membro fundador do PNAC e defendeu a mudança do regime iraquiano muito antes de se tornar Secretário Adjunto da Defesa de Rumsfeld.(32)
Outra figura-chave da Administração Bush pós-2001, da equipa de Andrew Marshal era Zalmay Khalilzad. Americano naturalizado, nascido no Afeganistão, Khalilzad tornou-se Conselheiro do Secretário de Defesa Rumsfeld. Também foi membro do Projecto para o Novo Século Americano (PNAC).
Khalilzad foi fundamental para tornar Hamid Karzai, um participante de longa data da CIA, como Presidente do Afeganistão. Em Setembro de 2004, Khalilzad foi acusado de tentar influenciar as próximas eleições presidenciais afegãs. De acordo com o Los Angeles Times:
Vários candidatos à presidência afegã ... asseguram que o Embaixador dos EUA e os seus assessores estão a esconder-se nos bastidores para garantir uma vitória convincente do presidente pró-americano que ocupa o cargo, o Presidente Hamid Karzai.(33)
Khalilzad, protegido de Dick Cheney e Paul Wolfowitz, também serviu como Embaixador dos EUA no Iraque, colocando-o no centro de dois grandes desastres de guerra dos EUA, desde 2003. A ascensão de Khalilzad ao poder começou em 1984, quando participou na Administração Reagan como consultor sobre o armamento dos Mujahadeen afegãos contra a União Soviética, no Afeganistão. Khalilzad era analista militar da RAND e também conselheiro especial da Unocal Oil Co., onde funcionou como contacto com os talibãs no Afeganistão. Inicialmente, Khalilzad recomendou que o governo Bush apoiasse o Talibã.
A Doutrina Wolfowitz: Mach I
O Vice Secretário da Defesa de Rumsefeld, Paul D. Wolfowitz, trabalhou com Andrew Marshall no Pentágono, de 1989 a 1992, quando Cheney era Secretário da Defesa. Era um dos neoconservadores mais guerreiros e foi o autor principal da Doutrina Bush, de Setembro de 2002, oficialmente conhecida como Estratégia da Segurança Nacional dos Estados Unidos, às vezes conhecida como ‘Doutrina Wolfowitz’ - a política de ataques militares preventivos, contra inimigos ou rivais percebidos ou ‘antecipados’.
Na qualidade de estudante da Universidade de Chicago, em 1964, Wolfowitz esteve sob a influência de um antigo colega de Andrew Marshall, da RAND Corporation, Albert Wohlstetter - outro estratega nuclear que teria inspirado o Dr. Strangelove, do filme de Stanley Kubrick. (34)
Durante a Administração Clinton, Wolfowitz formulou uma nova política externa em relação ao Iraque e a outros ‘potenciais estados agressores’, rejeitando a contenção a favor da ‘imposição antecipada’ - atacar primeiro para eliminar as ameaças, uma versão do ditado antigo ‘atire primeiro e pergunte depois’.
Juntos, Wolfowitz e o Secretário da Defesa, Rumsfeld, formularam e definiram, no início de 2002, a Doutrina Bush, de agressão unilateral e preventiva.
Wolfowitz tinha sido o autor de uma versão anterior de guerra preventiva. Em Março de 1992, o Washington Post publicou uma história sensacional, baseada num documento escapado, do Pentágono :
Num projecto secreto destinado a ajudar a ‘definir a direcção da nação para o próximo século’, o Departamento da Defesa convoca esforços conjuntos para preservar a supremacia militar global americana e impedir o aparecimento de uma super potência rival na Europa, na Ásia ou na antiga União Soviética ... O documento defende não apenas a preservação, mas a expansão dos mais exigentes compromissos americanos e a resistência aos esforços dos principais aliados para fornecer a sua própria segurança.
Em particular, o documento eleva as perspectivas de ‘uma garantia de defesa unilateral dos EUA’ para a Europa Oriental, ‘preferencialmente em cooperação com os outros estados da NATO’, e favorece o uso do poder militar americano para impedir ou punir o uso de armas nucleares, biológicas ou químicas, ‘mesmo em conflitos que, de outra forma, não envolvem directamente os interesses dos EUA’
Wolfowitz foi o arquitecto da política proposta em 1992. O Post observou,
O memorando foi redigido sob a supervisão de Paul Wolfowitz, Subsecretário da Política ... A estratégia central da estrutura do Pentágono é ‘estabelecer e proteger uma nova ordem’ que seja responsável pelos interesses dos países industrializados avançados a fim de desencorajá-los a desafiar nossa liderança’, se bem que mantendo, ao mesmo tempo, um domínio militar capaz de ‘dissuadir os potenciais concorrentes a aspirarem a um papel regional ou global mais amplo’.(35) (ênfase adicionada por nós)
O documento escapado, denominado ‘Orientação do Planeamento da Defesa’/Defense Planning Guidance (DPG), foi um esboço da grande estratégia dos EUA até ao final do séc. XX. Escrito após a Guerra do Golfo de 1991, o esboço exigia a preponderância militar dos EUA no mundo, mas principalmente na Eurásia, incluindo a antiga União Soviética e China, impedindo o aparecimento de qualquer poder potencialmente hostil ou rival. Pedia a prevenção contra Estados mesmo suspeitos de desenvolver armas de destruição em massa. O DPG imaginava um mundo em que a intervenção militar dos EUA no exterior se tornaria ‘uma característica constante’. Nem sequer mencionava as Nações Unidas.
A DPG articulou a essência da Doutrina Bush de 2002, bem antes do seu governo. Conhecida como a 'Doutrina Wolfowitz', era particularmente reveladora das intenções do complexo industrial militar dos EUA, tendo sido escrita durante os meses imediatamente a seguir ao colapso da União Soviética e ao suposto fim da Guerra Fria.(36)
Embora suavizada na sua forma final, por insistência do então consultor de Segurança Nacional, Brent Scowcroft e do Secretário de Estado James Baker, o rascunho da DPG ocupou um lugar central na mente dos seus dois autores, Paul Wolfowitz e Lewis 'Scooter' Libby, como também do chefe deles na época, o Secretário de Defesa, Dick Cheney.
Uma década depois, a teoria foi transformada em prática após os ataques de 11 de Setembro de 2001. Nessa época, Dick Cheney tinha-se tornado no Vice Presidente mais poderoso da História dos EUA, e os autores do DPG, Paul Wolfowitz e Lewis Libby, tinham-se mudado para o centro da política externa, da Adminisração Bush.(37)
Outro protegido notável de Andrew Marshall, Dennis Ross, foi fundamental na política dos EUA para o Médio Oriente, sob o governo Clinton e ressurgiria como Conselheiro Especial para o Golfo Pérsico e para o sudoeste da Ásia, incluindo o Irão, para a Secretária de Estado do Presidente Obama, Hillary Clinton. Depois de deixar o governo Clinton, em 2000, Ross foi para o Instituto de Washington para a Política do Próximo Oriente, um importante ‘think tank’ neoconservador. Antes, Ross tinha desempenhado o cargo de Director Adjunto do Gabinete de Avaliação da Rede do Pentágono, sob Andrew Marshall, de 1982-1984
Dennis Ross era membro do PNAC e também era Director Executivo da AIPAC, o poderoso lobby não registado de Washington para o Likud, o partido da direita de Israel.
Na qualidade de grupo, os protegidos de Andrew Marshall formaram o lobby militar mais poderoso no estabelecimento das políticas dos EUA nos primeiros anos do séc. XXI. Advogavam a transformação radical da força, a instalação da defesa antimíssil, a agressão preventiva unilateral e a militarização do Espaço, a fim de usar as forças armadas dos EUA para alcançar, para os Estados Unidos e para os seus aliados mais próximos, o domínio total do planeta, bem como o domínio do Espaço exterior. Foi talvez o grupo de ideólogos mais perigoso da História dos Estados Unidos.
Visão de Marshall sobre Guerra de Alta Tecnologia
Entre os projectos militares favoritos de Marshall, havia várias armas de precisão, incluindo dispositivos robóticos, veículos não tripulados para funcionarem no céu, na Terra e nos submarinos, bem como dispositivos menores que poderiam mudar a guerra urbana ao serem capazes de rastejar pelos edifícios.
Marshall também estava intrigado com as empresas farmacêuticas que estavam a experimentar a manipulação neurológica e medicamentos para alterar o sistema nervoso e os pensamentos. Em 2003, pouco antes da invasão do Iraque, Marshall disse a um jornalista, numa entrevista rara e assustadora:
Os indivíduos que estão ligados à farmacologia neural dizem-me que estarão disponíveis, relativamente, em breve, certamente dentro de uma década, novas classes de medicamentos. Essas drogas são como produtos químicos naturais dentro das pessoas, apenas com características que modificam o comportamento e melhoram o desempenho. (38).
As novas tecnologias convertidas, a fim de serem utilizadas como armas, foi um elemento central da RMA de Marshall. O Afeganistão e o Iraque tornaram-se campos de testes, enormes e terríveis, para muitos dos projectos de estimação da estratégia da revolução dos Assuntos Militares (RMA) de Marshall.
De acordo com o Monitor Multinacional de Janeiro/Fevereiro de 2003, cada elemento principal da estratégia de segurança nacional da Administração Bush - desde as doutrinas de ataques preventivos e ‘mudanças de regime’ no Iraque, até à postura nuclear agressiva e ao compromisso de instalar um sistema de defesa de mísseis ao estilo ‘Guerra das Estrelas’ - tinha sido desenvolvido e aperfeiçoado, antes da posse de Bush.
As novas políticas e programas tinham sido projectados em ‘think tanks’ conservadores, apoiados por empresas, como o Center for Security Policy, o Instituto Nacional de Políticas Públicas/ National Institute for Public Policy e o Projecto para um ‘Novo Século Americano’.(39)
Os ideólogos unilateralistas e os falcões neoconservadores, quase todos relacionados com Andrew Marshall, do Pentágono, juntamente com os principais indicados pelo governo que tinham vínculos com as principais empresas contratantes da Defesa, projectaram e estabeleceram a política externa e a política militar dos EUA, na Administração Bush. As nomeações de Barack Obama deram poucas razões para acreditar que haveria alguma mudança, apesar da nova campanha do Presidente para a ‘mudança’/Change.
O Verdadeiro Significado de ‘Preventivo’
Explorando os medos que se seguiram ao 11 de Setembro e impermeáveis às restrições orçamentais impostas a praticamente todas as outras formas de despesas federais, o complexo industrial militar levou os Estados Unidos à guerra no Iraque e a uma postura de guerra permanentemente agressiva.(40)
A teoria por trás da campanha de guerra de Bush contra o Iraque pode ser encontrada na Estratégia de Segurança Nacional do governo, de Setembro de 2002: embora os Estados Unidos se esforcem constantemente para conseguir o apoio da comunidade internacional, não hesitaremos em agir sozinhos, se necessário, para exercer os nossos direitos de legítima defesa, agindo preventivamente contra esses terroristas, para impedi-los de causar danos ao nosso povo e ao nosso país.(41)
Essa doutrina da guerra preventiva aceite como política oficial dos EUA abriu a Caixa de Pandora para guerras unilaterais em todo o mundo. Além do mais, como os analistas militares, Hartung e Ciarrocca, apontaram:
A doutrina de prevenção, na verdade, está errada. A prevenção sugere atacar primeiro uma nação, se ela estiver pronta para atacar. A doutrina Bush é muito mais aberta, ao implicar que, um ataque dos EUA é justificado se uma nação ou organização puder representar uma ameaça em alguma data futura desconhecida.(42)
Essa doutrina, combinada com as mudanças na doutrina militar dos EUA, incluindo a supremacia nuclear, fez da posição militar dos EUA um dos maiores alarmes para estrategas militares experientes e para os que estão conscientes dos perigos de uma nova guerra nuclear por erro de cálculo.
A Revisão da Postura Nuclear de 2003 do Pentágono já deixava claro que as armas nucleares estavam aqui para ficar. O objectivo declarado das armas nucleares dos EUA na era dos falcões guerreiros Bush-Cheney, estava a mudar da dissuasão e armas de último recurso, para um componente central e utilizável do arsenal militar dos EUA. Essa foi a verdadeira razão do alarme soado pelo Presidente Putin, em Munique, em Fevereiro de 2007.
Uma das principais fontes dessa mudança dramática na política nuclear dos EUA - da dissuasão baseada em ameaças ao direito de usar forças militares antes de haver a provocação de um ataque - pode ser atribuída a grupos de reflexão financiados por empresas, como o Instituto Nacional de Políticas Públicas/ National Institute for Public Policy (NIPP).
O relatório do NIPP, de Janeiro de 2001, "Justificativa e Requisitos para o Controlo de Armas e Forças Nucleares dos EUA", serviu de modelo para o relatório de Bush de 2003. Tanto o relatório Bush, como o NIPP, recomendavam o desenvolvimento de uma nova geração de armas nucleares 'utilizáveis', de menor rendimento, expandindo a 'lista negra' nuclear dos EUA de possíveis alvos a abater e alargando o conjunto de cenários em que as armas nucleares podem ser usadas.
Na conclusão das suas recomendações sobre "Reconstruir as defesas da América", o grupo PNAC incluiu uma declaração chocante - chocante só após os dramáticos eventos de 11 de Setembro de 2001, um ano inteiro após o lançamento do relatório da PNAC. Inicialmente, o Presidente Bush referiu-se ao 11 de Setembro como ‘um novo Pearl Harbor’. Ele retirou essa referência, rapidamente. O excerto a seguir do relatório da PNAC pode revelar o motivo:
Os Estados Unidos não podem, simplesmente, declarar uma ‘pausa estratégica’ enquanto experimentam novas tecnologias e conceitos operacionais. Nem podem optar por prosseguir uma estratégia de transformação que dissocie os interesses americanos e os dos aliados. Por exemplo, uma estratégia de transformação que procurasse apenas a capacidade de projectar força dos Estados Unidos e sacrificasse a base e a presença a seguir, estaria em desacordo com os objectivos políticos americanos mais amplos e incomodaria os aliados americanos. Além do mais, o processo de transformação, mesmo que traga mudanças revolucionárias, provavelmente será longo, ausente dalgum evento catastrófico e catalisador - como um novo Pearl Harbor. (43) (Ênfase adicionada - por exemplo)
Os serviços serviços secretos americanos e outros haviam aperfeiçoado, há muito tempo, a técnica das operações de "bandeira falsa". Eram actos de horror que pareciam obra de algum oponente ou inimigo - no calão dos serviços secretos, uma “bandeira falsa”. Idealmente, os autores não sabiam em nome de quem agiam.
As operações de "bandeira falsa", na gíria dos serviços secretos, eram operações secretas conduzidas por governos, corporações ou outras organizações, planeadas para parecer que estavam a ser realizadas por outras entidades. O nome foi derivado do conceito militar de exibir cores falsas - ou seja, arvorar a bandeira de um país que não é o seu, com o objectivo de enganar.
O terrorismo de bandeira falsa significava que os terroristas acreditavam que estavam a seguir ordens "para ajudar a sua causa", sem perceber que a sua liderança tinha sido usurpada, há muito tempo, pelo inimigo.
Um ataque terrorista de bandeira falsa bem sucedido que desacreditou a causa dos palestinianos foi o caso do sequestro do navio de cruzeiros italiano "Achille Lauro," em 1985. A operação foi ordenada pelo Mossad, os serviços secretos de Israel, e levada a cabo pelos seus agentes dentro das organizações Palestinianas. Os pormenores dos preparativos foram relatados por um membro dos serviços secretos israelitas, Ari Ben-Menashe, antigo conselheiro dos serviços secretos especiais do Primeiro Ministro israelita, Yitzhak Shamir, no seu livro "Profits of War". Segundo Ben-Menashe, o ataque no Achille Lauro foi "uma operação de propaganda 'negra' israelita para mostrar como os Palestinianos eram um bando de terríveis cortadores de gargantas. (44) Ele disse que o Mossad pagou milhões de dólares através de agentes que se faziam passar por "mafiosos da Sicília", a um homem chamado Abu'l Abbas para seguir as ordens "de efectuar um ataque e fazer algo cruel".
Então Abbas reuniu uma equipa para atacar o navio de cruzeiros. A equipa foi instruída para fazer algo terrível e mostrar ao mundo o que estava reservado a outros cidadãos inocentes, se as exigências palestinianas não fossem atendidas. O grupo pegou num judeu americano idoso, Leon Klinghoffer, numa cadeira de rodas, matou-o e lançou o seu corpo ao mar. Eles tinham exposto de maneira eficiente o seu ponto de vista. Mas para Israel, foi o melhor tipo de propaganda anti-palestiniana. (45)
11 de Setembro de 2001
A convocação do Vice Secretário da Defesa, Wolfowitz, Donald Rumsfeld e outros, imediatamente após 11 de Setembro de 2001, para lançar um ataque militar ao Iraque, em vez de perseguir o suposto mentor, Osama bin Laden, levou muitos investigadores astutos a perguntar se os ataques de 11 de Setembro 2001 eram, de facto, o “novo Pearl Harbor” pelos quais os autores do relatório da PNAC tinham rezado.
Um número crescente de cidadãos críticos começou a questionar as acusações contra Osama bin Laden, como sendo o mentor de 19 terroristas árabes. A ideia de que esses terroristas poderiam comandar, apenas com x-actos primitivos, quatro jactos comerciais sofisticados da Boeing e redirecionar três deles, com sucesso, como pilotos amadores aparentemente mal treinados, em manobras aéreas que os pilotos experientes alegavam ser quase impossíveis, estava a criar uma descrença crescente entre os americanos comuns, sobre a versão oficial do governo dos EUA.
O que ficou mais claro nos meses após o 11 de Setembro foi, que o ataque, no mínimo, foi claramente usado de imediato pelo governo Bush, como pretexto para iniciar uma guerra contra o Islão, intitulada 'Guerra ao Terror', o ‘Choque de Civilizações’, que o Professor de Harvard, Samuel Huntington, descreveu no início dos anos 90.
Muitos especialistas experientes em serviços secretos internacionais começaram a apresentar a possibilidade dos ataques de 11 de Setembro de 2001 terem sido uma operação de "bandeira falsa".
Eckehardt Werthebach, antigo presidente do serviço secreto interno da Alemanha, BundesVerfassungsschutz, disse à imprensa, logo após o 11 de Setembro, que ‘a precisão mortal e a magnitude do planeamento por trás dos ataques necessitariam de anos de planeamento’.
Uma operação tão sofisticada, disse Werthebach, exigiria a ‘estrutura permanente’ de uma organização de serviços secretos do Estado, algo não encontrado num "grupo instável" de terroristas como o supostamente liderado por Mohammed Atta, enquanto estudava em Hamburgo.
Muitas pessoas estariam envolvidas no planeamento dessa operação e Werthebach apontou a ausência de fugas de informação como mais um indício de que os ataques eram "acções organizadas pelo Estado". (46)
Andreas von Bülow desempenhou uma função numa Comissão Parlamentar Alemã que supervisionava os três ramos do serviço secreto alemão, enquanto membro do Bundestag ou parlamento alemão, de 1969 a 1994. Von Bülow disse à American Free Press que acreditava que os serviços secretos israelitas Mossad e a CIA, estava por trás dos ataques terroristas de 11 de Setembro. (47)
Ele acreditava que os planeadores usavam “assassinos profissionais” corruptos, como Abu Nidal, o terrorista palestiniano que von Bülow chamou de "um instrumento do Mossad", agentes de alto escalão da Stasi (antigo serviço secreto da Alemanha Oriental) ou agentes líbios que organizam ataques terroristas, usando pessoas dedicadas, por exemplo, “combatentes da liberdade” palestinianos e árabes (48)
Quer Werthebach, quer von Bülow disseram que a ausência de uma investigação aberta e oficial, como as audiências do Congresso, sobre os acontecimentos do 11 de Setembro, era incompreensível. O Vice-Presidente dos EUA, Cheney, rejeitou os pedidos para a "Revolução nos Assuntos Militares" de Yoda 207, como uma investigação independente, insistindo que ‘prejudicaria’ a Guerra ao Terror.
Somente em 2002, após um ano completo, o Congresso e não a Casa Branca, estabeleceu uma investigação oficial para investigar os acontecimentos relacionados com o 11 de Setembro de 2001. No entanto, os dois co-presidentes das "audiências conjuntas de supervisão", foram o senador da Flórida, Bob Graham e o congressista da Flórida, Porter Goss, um antigo agente da CIA que mais tarde se tornaria a escolha a dedo de George W. Bush para chefiar a CIA. Graham e Goss, presidentes das Comissões de Inteligência do Senado e da Câmara, respectivamente, optaram por conduzir as suaa investigações "à porta fechada". (49)
Havia poucas razões para esperar que algo parecido com uma investigação neutra ou honesta fosse conduzida por Graham e Goss. Como observou um pesquisador canadiano, o relatório final, emitido em Julho de 2003, essa mesma investigação omitiu as ligações cruciais entre os alegados criminosos da Al Qaeda e os serviços secretos de inteligência ISI do Paquistão, que desfrutavam de laços muito chegados com as forças do Taliban e da Al Qaeda. De acordo com o Washington Post:
Na manhã de 11 de Setembro, Goss e Graham estavam a tomar o pequeno almoço com um general paquistanês chamado Mahmud Ahmed - o Chefe dos Serviços Secretos do Paquistão que, em breve, seria demitido. Ahmed dirigia uma agência de espionagem notoriamente próxima de Osama bin Laden e do Taliban.(50) (Washington Post, 18 de Maio de 2002).
O investigador canadiano, Michel Chossudovsky observou:
Embora a investigação conjunta tenha acumulado montanhas de material de inteligência, através de omissão cuidadosa, os numerosos relatórios de imprensa e inteligência de domínio público (comunicação mediática convencional e alternativa, etc.), que confirmam que, membros importantes do governo Bush estavam envolvidos em actos de política camuflagem e foram cuidadosamente removidos das audiências do inquérito conjunto.(51)
O Ministro da Justiça alemão, Horst Ehmke, PhD, coordenou os serviços secretos alemães directamente sob o Primeiro Ministro Willy Brandt, na década de 1970. Quando Ehmke viu as imagens na televisão do 11 de Setembro, disse que parecia uma "produção de Hollywood ... Os terroristas não poderiam ter realizado uma operação com quatro aviões roubados sem o apoio de um serviço secreto". (52) Ehmke não quiz apontar qualquer agência em particular.
Ainda mais sombrio na sua avaliação dos acontecimentos do 11 de Setembro, nos Estados Unidos, foi uma das figuras militares mais experientes da Rússia, veterano dos métodos da Guerra Fria, o General Leonid Ivashov. Num discurso proferido numa conferência internacional em Bruxelas, no início de 2006, Ivashov declarou:
... O [T]errorismo não é algo independente da política mundial, mas simplesmente um instrumento, um meio para instalar um mundo unipolar com um único quartel general mundial, um pretexto para apagar as fronteiras nacionais e estabelecer o domínio de uma nova elite mundial. É precisamente essa elite que constitui o elemento chave do terrorismo mundial, o seu ideólogo e o seu "padrinho". O principal alvo da elite mundial é a realidade histórica, cultural, tradicional e natural; o sistema existente de relações entre Estados; a ordem nacional e estatal mundial da civilização humana e a identidade nacional….
O terrorismo é a arma usada num novo tipo de guerra. Ao mesmo tempo, o terrorismo internacional, em cumplicidade com a comunicação mediática, torna-se o gestor dos processos globais. É, precisamente, a simbiose entre a comunicação mediática e o terror, aquilo que permite modificar a política internacional e a realidade existente.
O especialista em terrorismo russo continuou a examinar os pormenores do 11 de Setembro:
Neste contexto, se analisarmos o que aconteceu em 11 de Setembro de 2001, nos Estados Unidos, podemos chegar às seguintes conclusões:
1. Os organizadores desses ataques foram os círculos políticos e empresariais interessados em desestabilizar a ordem mundial e quem tinha os meios necessários para financiar a operação. A concepção política dessa acção amadureceu lá, onde surgiram tensões na administração dos recursos financeiros e outros. Temos que procurar as razões dos ataques na coincidência dos interesses do grande capital, aos níveis global e transnacional, nos círculos que não estavam satisfeitos com o ritmo do processo de globalização ou com a sua direcção. Ao contrário das guerras tradicionais, cuja concepção é determinada pelos generais e pelos políticos, desta vez, os oligarcas e os políticos submetidos aos anteriores, foram os que o concretizaram.
2. Somente os serviços secretos e os seus chefes actuais - ou aposentados, mas ainda exercendo influência nas organizações estatais - têm a capacidade de planear, organizar e conduzir uma operação de tal magnitude ... Planear e executar uma operação dessa escala é extremamente complexo….
3. Osama bin Laden e a "Al Qaeda" não podem ser os organizadores nem os executantes dos ataques de 11 de Setembro. Eles não têm a organização, os recursos ou as chefias necessárias. Assim, teve de ser criada uma equipa de profissionais e os kamikazes árabes são apenas extras para mascarar a operação.
A operação de 11 de Setembro modificou o curso dos acontecimentos no mundo na direcção escolhida pelas máfias transnacionais e pelos oligarcas internacionais; isto é, aqueles que esperam controlar os recursos naturais do planeta, a rede mundial de informações e os fluxos financeiros. Esta operação também favoreceu a elite económica e política dos EUA, que também tenta conseguir o domínio mundial. (53)
Na visão de Ivashov, o uso do termo "terrorismo internacional" tinha os seguintes objectivos:
Esconder os objectivos reais das forças empregadas em todo o mundo na luta pelo domínio e pelo controlo; dirigindo o povo para uma luta de objectivos indefinidos, contra um inimigo invisível;
Destruir normas internacionais básicas e mudar conceitos como: agressão, terror estatal, ditadura ou movimento de libertação nacional;
Privar os povos de seu legítimo direito de lutar contra as agressões e rejeitar o trabalho dos serviços secretos estrangeiros;
Resolver problemas económicos por meio dum rígido regime militar usando a guerra ao terror como pretexto. (54)
Alguns responsabilizaram George W. Bush, Cheney e Rumsfeld directamente pelo 11 de Setembro. Stanley Hilton, o antigo Chefe de Gabinete do Senador Bob Dole, advogado de Washington, representou famílias das vítimas do 11 de Setembro. Ele processou o Presidente George Bush por envolvimento no 11 de Setembro. Numa entrevista, em 10 de Setembro de 2004, no programa da rádio de Alex Jones, Hilton afirmou:
... [Estamos] a processar Bush, Condoleezza Rice, Cheney, Rumsfeld, Mueller (chefe do FBI) por cumplicidade, pelo facto de, pessoalmente, não só permitirem que o 11 de Setembro aconteça, mas por ordená-lo ... mais provas que tenho aduzido há um ano e meio, tornou óbvio para mim de que agora é, sem dúvida, uma operação do governo e que representa o maior acto de traição e assassinato em massa da História americana.
Hilton estava convencido de que os quatro aviões de ataque foram "controlados por controle remoto". Ele explicou ainda mais:
Como afirmei, anteriormente, há um ano e meio, existe um sistema chamado Cyclops (Ciclope). Há um chip de computador no nariz do avião que permite que o controlo de solo desactive o controlo do piloto do avião e o controle e faça voar directamente para essas torres. (55)
O advogado Hilton nunca venceria este caso e o mundo, provavelmente, nunca obterá as provas necessárias – especialmente, porque o governo Bush se recusou veementemente a nomear uma comissão de inquérito verdadeiramente independente para o 11 de Setembro e permitiu que a maioria das provas vitais, incluindo especialmente os pilares de aço das torres do World Trade Center, fossem enviados imediatamente para o estrangeiro, para sucata. O aliado de Bush, o herói do 11 de Setembro, o Prefeito de Nova York, Rudy Giuliani, chegou a emitir ordens proibindo os bombeiros de Nova York de tentar recuperar os restos dos seus colegas mortos nos escombros, prendendo vários bombeiros que desafiaram a ordem.
Um ‘Novo Pearl Harbor’?
Horas após os ataques ao World Trade Center de Nova York, em 11 de Setembro de 2001, o Presidente George W. Bush disse ao mundo: "Fomos atacados como nunca desde Pearl Harbor". A Casa Branca anulou, rapidamente, outras referências a Pearl Harbor. No contexto dos ataques do World Trade Center, o comentário de Bush fez com que jornalistas sérios examinassem, de novo, o relatório de Setembro de 2000, referente ao Projecto para o Novo Século Americano, “Reconstruindo as Defesas da América”. Nesse relatório, os autores - incluindo Dick Cheney e Donald Rumsfeld - haviam defendido uma grande transformação da postura de defesa dos EUA. Escreveram:
É provável que essa "transformação seja longa, sem algum evento catastrófico e catalisador - como um novo Pearl Harbor". [Ênfase adicionada, por nós]
A referência a Pearl Harbor, pronunciada pelo Presidente, foi um uso mal calculado de palavras, o que levou a muitas perguntas embaraçosas sobre o que é que a Administração Bush sabia, antes do 11 de Setembro.
Quem quer que tenha sido o responsável pelos ataques de 11 de Setembro de 2001, o resultado inegável foi uma histeria militar e uma mobilização de defesa não vista nos Estados Unidos, desde o ataque a Pearl Harbor, em Dezembro de 1941, que levou os Estados Unidos à Segunda Guerra Mundial contra a Alemanha, Japão e Itália.
Esse ataque de bombardeio original do Japão, em Pearl Harbor, como as Audiências secretas do Congresso dos EUA, em 1946, estbeleceram, foi conhecido com bastante antecedência pelo Presidente Roosevelt e por um punhado das principais autoridades militares dos EUA, dias antes da frota dos EUA ser bombardeada. Poderia ter sido evitado e milhares de vidas americanas salvas. Roosevelt decidiu, a sangue-frio, "deixar acontecer" para levar os Estados Unidos a uma guerra que ele e seus principais planeadores haviam calculado que venceriam. Foi o começo de uma guerra para estabelecer o que Henry Luce imediatamente chamou de "O Século Americano".
Em 1946, no fim da Guerra, uma Comissão Conjunta de Investigação ao Ataque de Pearl Harbor, do Congresso dos EUA, presidida pelo Senador Alben Barkley, de Kentucky, ouviu um relatório do Conselho do Exército dos EUA. Foi classificado como "Top Secret" e só foi desclassificado décadas depois. (56)
O relatório foi uma acusação explosiva da Administração Roosevelt, do próprio Roosevelt e do general MacArthur, o grande "herói" do Exército da guerra do Pacífico. Os ataques a Pearl Harbor e à frota de bombardeiros da Força Aérea do Exército dos EUA, pelo Japão em 1941, custaram 2.403 mortos americanos, 1.178 feridos, bem como a perda de 18 navios de guerra e 188 aviões. Já em 26 de Novembro, duas semanas antes do ataque, Roosevelt havia sido urgente e pessoalmente alertado sobre um ataque iminente a Pearl Harbor pelo Primeiro Ministro britânico, Winston Churchill. Roosevelt respondeu despojando a frota de Pearl Harbor de defesas aéreas, para garantir o sucesso japonês. A mensagem de 26 de Novembro de Churchill para Roosevelt, foi o único documento na sua correspondência, que até hoje nunca foi tornado público, por razões de "segurança nacional".
O ataque devastador a Pearl Harbor deu a Roosevelt a justificação para travar a guerra que ele procurava tão urgentemente. Foi uma guerra para criar um novo Império Americano. A máquina militar americana não perdeu tempo a responder ao ataque de 11 de Setembro de 2001, como um "novo Pearl Harbor". Era como se um sonho se tornasse realidade para o complexo industrial militar americano e para os seus patrocinadores, dentro da Administração e do Congresso. (57)
Os ataques de 11 de Setembro de 2001, lançaram as bases para aquilo que o governo Bush solenemente declarou que seria uma Guerra Global ao Terror, uma guerra amorfa e indefinida contra possíveis "inimigos" em todas os territórios, em todas as aldeias, em todas as áreas de potencial combate, desde o ciberespaço até às rotas marítimas. Foi um argumento ou pretexto feito sob encomenda, para uma expansão maciça das despesas militares e uma projecção global do Domínio Total do Espectro, do Pentágono.
Seja qual for a verdade suprema sobre os acontecimentos do 11 de Setembro, a elite do poder americano pretendia, claramente, usar o seu domínio militar global para estender os limites do seu poder e influência a todo o planeta, depois de Setembro de 2001, assim como o relatório do plano do PNAC de Setembro de 2000 - Reconstruindo as Defesas da América - exigia. Era uma tentativa cada vez mais desesperada de sustentar um império em ruínas que, como a Roma antiga, o Império Otomano, a Rússia Czarista e o Império Britânico antes dele, já havia apodrecido muito profundamente, a partir de dentro.
4 David R. Morgan, Ballistic Missile Defense in the context of the evolution of US nuclear weapons policy during the past fifty years, Testimony to Standing Committee on National Defense, House of Commons, Ottawa, March 19, 1999, in cndyorks.gn.apc.org.
5 Michio Kaku, Op. Cit.
6 David R. Morgan, Op. Cit. See also National Security Council Institutional Files, Policy for Planning the Employment of Nuclear Weapons,, 17 Jan 1974, NSDM 242, in http://64.233.183.104/search?q=cache:xHvc_74xiroJ:nixon.archives.gov/find/textual/pre sidential/nsc/institutional/finding_aid.pdf+NSDM242+henry+kissinger+role+in&hl=en&ct=clnk&cd=3&gl=de&client=firefox-a + https://www.bsb-muenchen.de/mikro/lit2857.pdf
7 Michio Kaku, Op. Cit., 76.
9 Kaku, Op. Cit., 179.
10 Ibid, 207. 10 Morgan, Op. Cit.
14 Kaku, Op. Cit., 186.
16 Morgan, Op. Cit.
17 Derian, Op. Cit.
18 Elaine Lafferty, “Missile Defense Is About Money And It’s Here To Stay,” Irish Times, July 25, 2001.
19 Ken Silverstein, “The Man From ONA,” The Nation, October 25, 1999. After his election, when President Kennedy discovered that he had been deceived by senior Pentagon and RAND analysts, he became distrustful of the military leadership. This mutual distrust was a prominent factor during JFK’s reaction to the Cuban missile crisis.
21 Lafferty, Op. Cit. 22 Bob Woodward, Bush At War (New York: Simon and Schuster, 2002) 21–22.
23 Melvin A. Goodman, “Righting the CIA (About Team B)”, The Baltimore Sun, November 19, 2004, p.21. Goodman notes he resigned from the CIA in 1990 because of the ‘politicization of intelligence on the Soviet Union by CIA Director William Casey, and his Deputy for Intelligence, Robert Gates.’ Gates by 2006 repaced Rumsfeld as US Secretary of Defense, a post he remained in under President Barack Obama.
24 Sam Tanenhaus, "The Mind Of The Administration: A Continuing Series On The Thinkers Who Have Shaped The Bush Administration's View Of The World," The Boston Globe, November 2, 2003. Tanenhaus notes, "At times, Team B performed logical somersaults that eerily foreshadowed Bush administration statements on Iraq and weapons of mass destruction. Just because super-weapons like a "non-acoustic antisubmarine system" couldn't be found, Pipes's report argued, that didn't mean the Soviets couldn't build one, "even if they appeared to lack the technical know-how."
25 Jim Lobe, “Cheney’s Mask is Slipping,” Asia Times, October 1, 2003.
26 Ibid.
28 Ibid.
29 Ibid.
30 Ibid.
31 William Hamilton, “Bush Began to Plan War Three Months After 9/11,” Washington Post, April 17, 2004.
33 Paul Watson, “US Hand Seen in Afghanistan Election,” Los Angeles Times, September 23, 2004
40 Ibid.
41 Ibid.
42 Ibid.
45 Ibid. In a curious footnote to the Achille Lauro case, it was notable that the UN Naval officer who led the successful capture of the Achille Lauro hijackers in October 1985, was Admiral David Jeremiah, who on retiring became an active member of JINSA and other neo-conservative organizations close to the Likud Israeli right-wing. See Stephen Green, Op.Cit.
48 Ibid.
54 Ibid.
56 Alben W. Barkley, Senator, et al, Investigation of the Pearl Harbor Attack, Report of the Joint Committee on the Investigation of the Pearl Harbor Attack, 79th Congress, 2nd Session, US Senate, Document No. 244, US Government Printing Office, July, 1946. http://www.ibiblio.org/pha/congress/Vol40.pdf
A Seguir:
CAPÍTULO ONZE
Full Spectrum Dominance ou Loucura Completa?
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