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GUERRA NUCLEAR
O PRIMEIRO DIA
De Hiroshima até hoje:
Quem e como nos conduzem à catástrofe
8.3
Armas electromagnéticas, armas laser e ‘robots’ aéreos espaciais para a guerra
nuclear
No imaginário colectivo, o raio da morte e as armas
laser, assim como os veículos robóticos de combate espacial, existem apenas nos filmes de ficção científica. Não compreendem, que se tornaram reais, porque
na comunicação mediática quase ninguém fala deste assunto. Já se produziram armas
de energia directa. Elas atingem o objectivo não com balas, bombas de
fragmentação ou com a onda de choque de uma explosão, mas com formas de energia
não cinética: radiações electromagnéticas, plasma de elevada energia, raios
laser. William Arkin antes, analista do Pentágono e agora do Washington Post,
afirma que estamos perante uma mudança de época: das armas cinéticas estamos a
passar para as armas de energia directa.
Os Estados Unidos produziram uma nova arma, a ADS
(Active Denial System) de impulsos electromagnéticos. Instalada num veículo
especial, ela emite um raio de micro ondas que provoca, dentro de 2-3 segundos,
numa pessoa distante a mais de 500 metros, uma sensação de calor insuportável.
A ADS, distribuída aos Marines USA e já usada no Iraque e noutros teatros
bélicos, é apresentada como uma arma não letal e anti-motins. Na realidade,
aumentando a potência do raio de micro ondas e a duração da exposição, uma arma
deste tipo pode matar. Podem ser usadas também para desactivar outras armas de energia
directa, como o Pulsed impulsive kill
laser. Testada sobre um alvo de gelatina (com sensores no interior)
reproduzindo o corpo humano, sob uma camurça molhada a reproduzir a pele humana
e sob vestuário de diversos tecidos, este laser killer demonstrou poder provocar «efeitos
anti-pessoa de tipo letal ou inferior ao tipo letal» e de poder destruir
veículos com impulsos que «literalmente mastigam o material sem causar
queimaduras».
Uma das armas laser – o Mobile
tactical high energy laser (MTHEL) – foi desenvolvida conjuntamente por uma
equipa orientada pela Northrop Grumman e por um israelita que compreende várias
indústrias: Electro-Optic Industries, Israel Aircraft Industries, Rafael,
Tadiran. Em alguns testes o METHEL demonstrou ser capaz de destruir projécteis
de argamassa e foguetes antes de chegar ao solo. Armas de tal potência podem
ser usadas não só para fins defensivos
mas também para ataque.
O Exército dos EUA está a experimentar armas laser capazes
de derrubar aviões, abater visores e de cegar os soldados inimigos; a U.S. Navy
instalou um canhão laser sobre um navio de guerra, aguardando o momento de
usá-lo «num combate real»; a U.S. Force anuncia que, em 2022, irá armar com
laser os seus caça-bombardeiros.
Ao mesmo tempo há um desenvolvimento impressionante
no sector dos drones, tipo Predator B/MQ-9 Reaper americano, para também
abastecer a Força Aérea italiana, usado nas guerras, no Afeganistão, Iraque,
Líbia, Síria, Yemen, Somália e noutros países. O Reaper (Ceifeiro, obviamente,
de vidas humanas), com o comprimento de 10 metros e com uma abertura de asas de
20 metros, está armado com mísseis AGM-114 Hellfire (Fogo do Inferno) e de
bombas de orientação laser GBU-12 Paveway II ou GBU-38 JDAM, de orientação via
satélite. Os telepilotos, sentados na frente dos monitores das consolas, a
milhares de quilómetros de distância, logo que seja identificado o «alvo», transmite
aos sensores electro-ópticos e a outros sistemas do drone, comandam com o
joystick (controlo do video game) o lançamento dos mísseis e das bombas. É a
nova maneira de fazer a guerra, apresentada como intervenção «cirúrgica». No
entanto os «danos colaterais» são frequentes: para matar um único «alvo»
humano, os drones assassinos destroem uma casa na totalidade, matando mulheres e
crianças, ou o telepiloto troca um grupo de pessoas num casamento por um grupo
armado perigoso e lança o «Fogo do Inferno» de ogiva termobárica ou de bomba de
fragmentação, ou lança-o porque está sob stress devido aos turnos fatigantes na
consola.
Enquanto se modernizam os drones teleguiados (está
em estudo um sistema de propulsão nuclear para aumentar a autonomia),
experimentam-se aviões de ataque completamente robotizados, como o avião
americano X-47B, pronto a levantar voo, efectuar a missão de ataque,
abastecer-se em voo de um avião cisterna e regressar à base, numa pista dum
aeroporto ou num porta aviões.
Os robots aéreos, armados com ogivas nucleares, têm
a mesma função dos mísseis nucleares de cruzeiro com base em terra que, depois de terem sido instalados em Comiso, foram eliminados com o fundamento no Tratado
INF. Além do mais, os robots aéreos – sendo facilmente transportáveis (um avião
de carga C-17 pode transportar 6, com as asas desmontadas, que se montam em
meia hora) – podem ser aproximados dos alvos a abater.
Da guerra robotizada à guerra espacial, o passo é curto. Nesta esfera, ajustam-se as missões ‘top secret’ do shuttle robóticoX-37B da U.S. Air Force, capaz de manobrar no espaço e regressar à basa autonomamente. Segundo o
parecer dos peritos, ele serve para destruir os satélites dos adversários e «cegar»,
deste modo, o inimigo no momento em que esse é atacado. Para este fim, também estão
em fase de desenvolvimento, armas laser anti-satélite.
Para os estrategas do Pentágono, deter a
superioridade no espaço significa ter a capacidade de atacar um adversário
militarmente forte, paralisar as suas defesas, atingi-lo também com armas
nucleares e, no caso de que também o inimigo tenha essas armas, neutralizar a
sua resposta com o «escudo anti-míssil». O Comando Estratégico (USSTRATCOM) é
responsável pelos sistemas espaciais militares americanos e, ao mesmo tempo, é
responsável pelas armas nucleares e pelas armas cibernéticas. «Temos forças
espaciais e ciber-espaciais que são fundamentais para o estilo de guerra
americano em cada teatro de guerra, em todo o globo», escreve o Comandante do USSTRATCOM,
sublinhando que «as nossas forças nucleares estão garantidas e preparadas em
qualquer momento» e que «se a dissuasão falhar, estamos prontos para usá-las».
Armas nucleares, sistemas espaciais, aviões
robotizados e armas cibernéticas estão integradas, juntamente com os meios de
guerra electrónica e no «escudo anti-míssil» na «gama completa da capacidade
global de ataque», seja na Terra como no Espaço, sob um único super comando
com uma força de 185.000 homens, em cujo emblema está retratada a mão couraçada de um guerreiro que, do
espaço como fundo da Terra, agarra três raios, «símbolos de velocidade e
letalidade», e um ramo de oliveira para «recordar que a missão do Comando é
assegurar a paz».
Neste campo os Estados Unidos estão em vantagem, mas
outros países, sobretudo a Rússia e a China, estão a desenvolver tecnologias
militares análogas. Em 2008, Moscovo e Pequim propuseram um acordo
internacional para impedir a colocação de armas no Espaço, mas, primeiro a
Administração Bush e depois a Administração Obama, recusaram-se a abrir um
acordo nesse sentido. Assim, acelera-se, sob pressão dos EUA, a corrida à
militarização do Espaço funcional para a preparação da guerra nuclear.
Todas as potências nucleares e em particular as
maiores, que o declaram ou não, estão preparadas para «lançar sob ataque», ou
seja, ao lançamento dos seus mísseis nucleares antes da chegada dos mísseis do
país agressor. O tempo que leva um míssil balístico intercontinental dos EUA a
atingir a Rússia ou a chegar aos Estados Unidos, a partir da Rússia, é cerca
de 30 minutos. Ainda menos, se o míssil balístico for lançado de um submarino
que se avizinha da costa inimiga.
Logo que o alarme for activado, os operadores devem
fazer uma série de verificações, então o alarme deve subir a cadeia de comando
até ao Presidente. O tempo para decidir e ordenar o «lançamento de contra-ataque»,
reduz-se a quase menos de 10 minutos. Dado o tempo muitíssimo restrito para
avaliar a situação e decidir o lançamento de contra-ataque, essas operações, a
par e passo com a introdução de tecnologias cada vez mais sofisticadas, está
cada vez mais confiada a uma espécie de super cérebro electrónico: um «Presidente Robot» com faculdade de decidir a guerra nuclear.
A seguir:
8.4 A ameaça mortal do plutónio e o aviso não
escutado de Fukushima
Tradutora: Maria Luísa de Vasconcellos
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